Locke & Key: 2° Temporada – A Chave do Sucesso

A maior dádiva de ter uma série renovada é a esperança da trama que mostrou potencial no seu primeiro ano crescer, corrigir seus pequenos erros e, assim, conseguir fazer a história ficar ainda melhor, agraciando os fãs com momentos no mínimo divertidos que entretém. Seriados que normalmente conseguem tal feito, duram bastante e acabam por gerar uma grande legião de fãs que ajudam a o popularizar, e o show tende a prosperar ainda mais nas temporadas seguintes.

A série Locke & Key (2020 -) fica exatamente neste meio termo. Sua primeira temporada teve uma boa repercussão, uma boa audiência e foi renovada para a segunda temporada. Devido a pandemia, a série, como várias outras, foi adiada, mas graças ao esforço da Netflix, as filmagens ocorreram ano passado seguindo os protocolos de saúde e assim a série ganhou a oportunidade de voltar para mais um ano.

A primeira temporada do seriado foi razoavelmente boa, conseguindo pegar um conceito de séries de fantasia baseado em quadrinhos de uma forma bastante envolvente, que se tinha algumas ressalvas em termos de desenvolvimento, reviravoltas e até mesmo ritmo, ainda mostrava um potencial para crescer bastante à medida que a história fosse mais aprofundada e o conceito estabelecido fosse melhor desenvolvido.

Se você não lembra muito do que acontece na primeira temporada, vou resumir aqui dizendo que o seriado conta a história da família Locke, que se muda para uma cidade no interior dos EUA após a morte do patriarca da família. Sendo assim, Nina Locke (Darby Stanchfield) vai com seus três filhos Tyler (Connor Jessup), Kinsey (Emilia Jones, sim a protagonista de “No Ritmo do Coração”) e Bode (Jackson Robert Scott), e seu cunhado Duncan (Aaron Ashmore) para a mansão Locke, onde descobrem chaves mágicas e uma teia de mistérios e assassinatos que podem levar a revelações ainda mais impactantes.

A primeira temporada terminou com a revelação de que Gabe (Griffin Gluck) na verdade era a demônio Echo (Laysla De Oliveira) disfarçada prometendo trazer ainda mais problema para os Locke na busca pelas chaves mágicas da mansão. Após assistir a segunda temporada de Locke and Key, fiquei satisfeito em perceber que o seriado criado por Carlton Cuse (Bates Motel), Meredith Averill (A Maldição da Residência Hill) e Aaron Eli Coleite (Star Trek Discovery) conseguiu desenvolver melhor seus personagens neste retorno e conseguiu capturar melhor a essência dos quadrinhos criados por Joe Hill (filho de Stephen King) e Gabriel Rodriguez.

O primeiro episódio da temporada The Premiere (2×01) traz finalmente o filme caseiro de Scot Cavendish (Petrice Jones) ganhando vida nas telas de cinema da cidade. Enquanto isso os Locke continuam achando novas chaves mágicas e descobrindo mais mistérios na mansão chamada de “Key House”. O bacana aqui é que apesar da longa espera (assistir o resumo da primeira temporada no canal da Netflix no Youtube é essencial para relembrar), conseguimos ficar mais familiarizados com os personagens e temos uma definição melhor sobre os planos do vilão da série.

A série continua crescendo nos episódios The Head and The Heart (2×02) e Small World (2×03) de tal forma a privilegiar o senso de aventura, enquanto introduz novos personagens, como a chegada do misterioso professor Josh Bennett (Brendan Hines) e sua filha, a pequena Jamie (Liyou Abere) que vira uma forte aliada para Bode na trama. O bacana é ver que o roteiro explora melhor o conceito das chaves mágicas de tal forma que ficamos ainda mais empolgado em saber mais sobre elas.

A narrativa melhora bastante o ritmo, os episódios que antes pareciam se estender além do normal, agora tem conflitos que parecem preencher a trama em sua totalidade, dando a sensação de que estão passando rápido. E outro ponto positivo é explorar bem os aspectos da ação em sequências que lembram muito filmes como Jumanji de 1995, destaque pare excelente sequência da aranha gigante no episódio 3.

A série ainda peca por utiliza-se de saídas muito fáceis em determinados momentos e insistir em dramas adolescentes de alguns personagens, mas, na maior parte do tempo, temos mistérios e sequências mais sombrias do que o normal, aprofundando ainda mais na mitologia envolta de chaves como a da mente e a chave da memória que resultam em sequências bizarras e empolgantes como no episódio Forget Me Not (2×04) e no ótimo Past Is Prologue (2×05) quando entramos na mente da vilã Eden (Hallea Jones).

O mais interessante desta segunda temporada de Locke & Key é a forma como a série finalmente abraça as consequências dos arcos construídos no final da temporada anterior e atinge um patamar de tensão onde os riscos de perda são altos. No episódio The Maze (2×06), a série mostra que os inimigos dos Locke não estão para brincadeira e que os riscos de perda são grandes, como fica claro no final do episódio, com um ótimo cliffhanger no meio da temporada. 

A partir desse ponto a série opta por um tom mais obscuro e cheio de boas surpresas numa sequência de tirar o fôlego com os episódios Best Laid Plans (2×07), Irons in the Fire (2×08) e o ótimo Alpha & Omega (2×09), este último unindo todos os arcos na promessa de um conflito final bastante agitado no final da temporada. Em termos de produção, o seriado se destaca tanto nos efeitos visuais, que melhoraram bastante e agora são usados melhor dentro da narrativa, quanto na direção de arte, que é muito boa aumentando o escopo de uma fantasia que se mostra bastante criativa em vários momentos.

No geral a segunda temporada de Locke & Key é uma evolução bem vinda em relação a temporada anterior, com um desenvolvimento melhor da narrativa, com foco mais definido no trio protagonista, principalmente Bode, que sempre foi o melhor personagem dentre os irmãos Locke, muito graças ao carisma do ator do Jackson Robert Scott. A série finaliza bem um grande arco no episódio final Cliffhanger (2×10) com boas reviravoltas e um gancho que promete trazer novos conflitos para a terceira e última temporada que foi gravada no final do ano passado e promete trazer um final épico ainda este ano. Se manter o nível do segundo ano, teremos um final no mínimo imperdível. 


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