Carmen Sandiego: Roubar ou Não, Eis a Questão – Um filme interativo de espionagem

A Netflix tem feito uma aposta interessante com suas obras audiovisuais interativas. Talvez a mais famosa seja Black Mirror: Bandersnatch (2018), mas também temos outros para todos os gostos como Unbreakable Kimmy Schmidt: Kimmy vs. the Reverend (2020), Gato de Botas: Preso num Conto Épico (Puss in Book: Trapped in an Epic Tale, 2017), Você Radical (You vs. Wild, 2019 – ) entre outros, mas nesse texto vamos falar um pouco sobre Carmen Sandiego: Roubar ou Não, Eis a Questão (Carmen Sandiego: To Steal or Not to Steal, 2020).

Pra começar, tudo no filme é no nível da série, até porque imagino que devem ter sido mantidas as equipes e estúdios, então animação, fotografia, direção de arte, cenários, movimentação, trilha sonora, são todos lindos como na série. As cenas de ação e luta parecem ter recebido uma atenção especial, sendo muito bem boladas, surpreendendo um pouco até mesmo quem já assistiu todos os episódios de Carmen Sandiego (2019 -). Os novos cenários são muito bonitos e o modo que o filme introduz os personagens da série na história é bem orgânico, convence bem. O elenco também se mantém o mesmo e não entrega um desempenho nada abaixo do encontrado na série.

É possível dizer que o filme se passa entre a primeira e a segunda temporada, já que temos Shadowsan ainda desaparecido. Possui mecânicas fáceis, até porque mesmo a série cativando um público mais velho, o foco ainda é no público infantil. E durante a história Carmen vai até Xi’an (China), Mônaco (Europa), Montana (Estados Unidos) e para o Ártico. A premissa do filme é que, durante um roubo de Carmen, obviamente para atingir a VILE, ela cai em uma armadilha deles, a agência captura Ivy e Zack e passa a usá-los para chantagear nossa heroína. Eles querem que Carmen realize alguns roubos para eles em troca da soltura dos gêmeos. A história como um todo é boa, realmente o tipo de trama que poderia estar em um episódio da série.

A Chefe é quem nos orienta e narra a história, é com ela que fazemos o tutorial e tudo mais. Nos momentos de escolha temos um timer, um tempo estimado para que se decida entre as duas possibilidades mostradas. Uma escolha dá em um final ruim e a outra continua a história. Mas é possível voltar para qualquer escolha sempre que desejado. Quando se pega um final ruim, é exibida a cena daquele final e em seguida a Chefe interrompe, diz que não pode acabar assim ou algo do tipo, que é para tentarmos de novo e nos leva de volta para a escolha feita para que possamos escolher a outra opção, e assim segue até o final, com exceção de 3 escolhas.

Uma envolvendo El Topo e Le Chevre que, na verdade, apenas culmina em cenas diferentes, mas que não mudam a história. As outras são uma cena envolvendo a Tigresa e uma envolvendo Julia Argent, essas duas são as únicas que vão ter consequências em longo prazo lá no final do filme. E, ao chegar neste, existem alguns finais diferentes que podem te conquistar. Um final muito ruim, um final ruim, um final bom e o melhor final. Não darei detalhes sobre eles, para não estragar a experiência de ninguém.

A narrativa do filme é simples, simples até demais. Não que eu ache que seja preciso algo no nível de Bandersnatch, falando em questão de uma árvore de possibilidades mais intricada, porque, enfim, é algo para o público infantil gostar, mas complicar um pouco mais as coisas não prejudicaria em nada, como mais uma o duas escolhas que impactassem, ou uma escolha que envolvesse lembrar-se de algo que já foi mostrado.

No fim, Roubar ou Não, Eis a Questão é divertido e fácil, bom para se jogar em um momento tranquilo, mantém toda a essência da série, então parece parte dela apesar de ser um spin off. Além de que quando foi lançado ainda não tínhamos recebido notícias da terceira temporada e do filme em live action, então serviu como um bom aperitivo.


Carmen Sandiego: 1ª Temporada – Quem é Carmen Sandiego?

Carmen Sandiego: 2ª Temporada – Respostas sobre o passado