Carmen Sandiego: 2ª temporada – Respostas sobre o passado

 

Depois de uma primeira temporada ótima, não foi surpresa quando Carmen Sandiego (2019 – ) foi renovada, afinal, a série merece uma vida bem longa. Para saber um pouco mais sobre a personagem e a primeira temporada da série, recomendo ler o primeiro texto que fiz da série bem aqui. Mas o básico que é preciso saber é que a série é um reboot da clássica animação Em que Lugar da Terra está Carmen Sandiego? (Where on Earth Is Carmen Sandiego?, 1994 – 1999). Agora em sua segunda temporada, Carmen tem algumas pistas sobre o seu passado e ganhou um recurso que a ajuda ainda mais a estar um passo a frente da VILE e estragar os planos da agência.

Animação, direção de arte e movimentação de personagens continuam boas, eu sou simplesmente apaixonada pelo visual dessa animação. Cenas de ação, lutas e perseguições continuam ótimas e criativas. E fotografia, direção e trilha sonora trabalham bem juntas, mantendo o estilo que mistura Indiana Jones, 007 e cinema noir. Como é de se esperar, a série viaja o mundo, então temos sim muitos cenários novos e muito bonitos, cada um diferente do outro de vários modos, mas que continuam muito vazios, com poucos figurantes em cenas de cidade e etc. Provavelmente por conta de orçamento.

Novamente, assisti todos os episódios dublados e reassisti um legendado, além de rever alguns momentos com as legendas para saber como era o diálogo no original. Tanto a voz original como a dublagem estão boas, Gina Rodriguez continua se saindo muito bem como Carmen e sua dubladora aqui no Brasil, a atriz Maria Flor conseguiu evoluir em sua atuação de voz.

Nessa temporada visitamos o Brasil, o Japão, Boston, Milão, Dubai, Nova Zelândia, Suécia e Botsuana. Lugares bem variados, o que é muito interessante para a série. Muita coisa se manteve em questão de formato. Os dois primeiros episódios e o último são os mais focados na história pessoal de Carmen, e nos episódios do meio temos missões individuais que conseguem integrar as informações do lugar visitado com a história do episódio, e se fecham funcionando bem, com apenas algumas pinceladas na história principal e algum desenvolvimento de personagens secundários. Do ponto de vista educativo a série continua sendo bem eficiente, falando só o básico de história e geografia sobre os locais visitados. São poucas informações, mas como se integram ao episódio ela se fixa mais para quem está assistindo.

Existe um maior desenvolvimento de personagens secundários, descobrimos mais sobre o passado de Ivy, Zack e Shadowsan. A dos irmãos é algo interessante que mostra que eles possuem habilidades úteis, não são apenas alívio cômico, por mais desastrados que eles sejam, continuam leais, dedicados e corajosos. Enquanto a de Shadowsan é algo mais complexo, com uma trama familiar profunda e séria. Player por sua vez não tem isso, o que temos de mais próximo de uma origem para ele é o episódio da primeira temporada mostrando como ele e Carmen se conheceram.

Esse foco nos secundários, me fez pensar se poderíamos ter mais foco nos vilões, talvez mostrando como eles eram antigamente, até mesmo mostrando como foi fundada a VILE. Pessoalmente eu adoraria saber mais sobre a Dra. Bellum, minha favorita daquele núcleo. E da Carmen, obviamente recebemos muitas respostas, muitas mesmo. Sua história é parcialmente esclarecida, já que agora sabemos muito sobre seu pai. Entretanto agora entrou a questão de sua mãe, que aparece misteriosa em um flashback usando a roupa da Carmen de 1994. Lindíssima.

Se tratando do núcleo ACME, inesperadamente temos informações sobre a Chefe, mas sobre Julia e Devineaux, quase nada. Este último inclusive se tornou até dispensável da temporada, apesar de ter tido um arco até que divertido. Carmen e ACME seguem sem se entender. A relação das duas fica dando voltas, ninguém abre o jogo, apesar de fortalecer as esperanças de ela fazer parte da agência um dia. Os planos dos vilões ficam mais ousados, beirando mais o impossível, mas ainda com um pé na realidade, fazendo parecer que aquela loucura seja possível afinal de contas. No entanto estes continuam em sua maioria sendo mostrados muito inferiores a Carmen, mesmo que ela chegue a ter mais dificuldades, dependendo do adversário.

Fora isso, temos alguns furos, algumas liberdades que o roteiro toma, como no episódio do Brasil em que uma família na favela fala um inglês perfeito. Não que isso seja impossível, mas fica estranho especialmente por, no começo do episódio, ser introduzido que Carmen fala português, então o que faria mais sentido talvez fosse ela falar em português com eles (e as crianças estadunidenses que lessem as legendas, ora mais).

No geral o nível de tudo se mantém. Na história, no teor educacional, nas cenas de ação, mas acho que está na hora de subir esse nível, ousar e se permitir um pouco mais. A série tem muito potencial ainda não alcançado. Já foi um avanço conseguirmos conhecer mais os personagens ao mesmo tempo em que a história avança. Tivemos muitas respostas, mas claro, novas perguntas, que esperamos que sejam respondidas na terceira temporada.


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