Beekeeper – Rede de Vingança – Destruir o capitalismo é a maior vingança

Talvez comecem a achar que eu sou hetero e branco pela quantidade de elogios que teço aos filmes de ação com protagonistas brancos, mas garanto que não sou, na verdade não chego nem perto do que seria o perfil que se espera ver na sala de cinema desse tipo de filme. O patriotismo, a violência, os furos de roteiro e tudo sendo construído para uma cena de pancadaria atrás de outra não é visado para pessoas pertencentes a tantas minorias, mesmo assim eu amo demais ver cada um deles. 

Dado essa minha pequena autodefesa, vamos falar sobre Beekeeper – Rede de Vingança (The Beekeeper, 2024), cujo subtítulo poderia muito bem ser Colmeia da Vingança, já que Jason Statham é Adam Clay, um apicultor que passa seus dias cuidando das abelhas no celeiro da senhora Parker (Phylicia Rashad), quando ela acaba cometendo suicídio depois de cair num golpe online e ter todo seu dinheiro roubado, a partir daí Clay começa a ir atrás dos responsáveis por isso. E como um apicultor ele vai impedir que as vespas destruam a bela colmeia social. É bom sinalizar, de antemão, para quem não viu o trailer, a senhora Parker é uma mulher negra, idosa e professora aposentada, um perfil de pessoa vulnerável para esse tipo de golpe cibernético. 

O filme não explica direito o que é essa organização que Adam pertenceu antes de se aposentar, denominada Beekeepers, que o transformou nessa máquina de matar quase imortal, mas isso não é importante, já que o maior foco do filme – além da vingança-, é o forte discurso anticapitalista e anti-sistema, que foi uma grande surpresa (avisaram também no trailer, mas eu mesmo não confiei, achando ser só um clickbait). 

O grande vilão lutando contra esse simples apicultor é a burguesia que, além de já ser rica, advinda da exploração histórica, não se contenta e rouba mais de pessoas pobres e inocentes, sendo representado pelo Derek Danforth (Josh Hutcherson), mimado e dono de uma fortuna bilionária, começa a investir em esquemas de roubo de dados para lucrar mais, excêntrico e extremamente “Faria Limmer”, ele é tudo o que a burguesia, privilégio e nepotismo podem conquistar. De início, eu estranhei o pouco destaque que deram ao personagem sendo o “principal vilão”, até notar que o roteirista preferiu mostrar como toda a sociedade corrompida vai se mover para proteger os ricos e destruir aqueles que questionam isso. 

Outro ponto incrível, é acompanhar uma outra personagem que é sempre posta em conflito sobre a dualidade que carrega a justiça e a lei, sendo que numa sociedade branca e rica, essas duas coisas nem sempre estarão do mesmo lado. 

Particularmente eu consigo passar horas falando sobre como esse filme me deu uma pequena esperança sobre uma nova vertente dos filmes de ação, com discursos mais progressistas e abrindo espaço para pessoas não brancas, não heteros, não cis e com deficiência mostrando seu potencial, mesmo que ainda seja meio passo de avanço. Sem contar que esse filme tem cenas de violência com itens de escritório que eu particularmente amo desde John Wick com o lápis, então deixo aqui meu conselho a verem esse filme porque é bom demais.


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