Percy Jackson e o Ladrão de Raios – Deveria ser sobre coexistir, não sobre colidir

Depois de todo o frenesi dos grandes estúdios para adaptar livros de fantasia durante os anos 2000, algo aconteceu. As crianças de Harry Potter cresceram, a saga Crepúsculo chegou com tudo e de repente, havia um novo alvo para Hollywood: adolescentes. Então chegaram várias obras esquecíveis e no meio delas uma que se destacou um pouquinho mais, Percy Jackson e o Ladrão de Raios (Percy Jackson & the Olympians: The Lightning Thief, 2010).

A ideia não foi ruim, Percy Jackson e os Olimpianos era uma série de livros de fantasia premiadíssimos e de sucesso escritos por Rick Riordan, um fofo professor de história e inglês, com temática de mitologia grega e um sucesso entre as crianças dos Estados Unidos. Porém, de algum modo, esse filme acabou se tornando uma enorme chacota aonde quer que fosse mencionado.

Eu preciso dizer logo de cara aqui que eu assisti esse filme no cinema e depois pedi os livros de presente, talvez por isso eu não desgoste tanto dele e consiga me divertir quando o assisto, e sendo bem sincera, se você não conhece nada dos livros, ele pode te entreter também, porque como filme, ele entretém, por mais que seja fraquinho.

Importante dizer que o tio Rick – apelido carinhoso dos fãs para o escritor – abomina esse filme. Ele já escreveu vários textos em seu site sobre isso, em 2016 uma carta pedindo para professores não exibirem o filme em salas de aula, um texto em 2018 contando sobre como foi sua experiência com ele, todos muito floreados com torturas que ele gostaria de infligir a si mesmo no lugar de assistir ao material final, como só Rick sabe escrever. Você pode lê-los na íntegra aqui e aqui.

Ele diz nunca ter assistido ao filme que considera “o trabalho de sua vida passado em um moedor de carne”, mas agradece aos inúmeros leitores que chegaram por conta dele, aqui mesmo no Brasil eles fizeram muito sucesso após o filme, até tinham começado a ser lançados em 2008, mas não tinham conquistado o público. Eu ganhei minha coleção em 2010 ou 2011, e olhando nas informações do livro, ela ainda é a segunda edição, então o estrondo foi realmente de 2010 em diante.

Jogaram o autor completamente de lado, ele até mesmo se ofereceu para reescrever o roteiro de graça, já que sequer foi chamado como consultor, e seu contrato não o dava nenhum controle criativo, já que foi assinado antes do primeiro livro ser lançado, mas para um grupo de pessoas tentando copiar Harry Potter, esqueceram que uma das fórmulas do sucesso foi manter a inominável autora perto durante todo o processo.

Inclusive, já peço perdão a quem possa causar gatilhos às menções a Harry Potter, mas com o passar do texto vai dar para perceber que é um tanto inevitável, mesmo porque, a 20th Century Fox não fez essa empreitada logo quando a saga do mundo bruxo estava terminando à toa, ela viu que ia existir um vazio e quis se jogar nele.

Sem mais delongas, Percy Jackson e o Ladrão de Raios conta a história do personagem título, um adolescente problema que tem dislexia e TDAH, está tentando sobreviver aos professores e ao ensino médio, quando descobre que não apenas os mitos gregos são reais como ele é filho de um deus, Poseidon, o Senhor dos Mares e seu tio, ninguém menos do que Zeus, o Rei do Olimpo o está acusando de ter roubado seu raio-mestre. Enquanto tenta provar sua inocência ele se esforça para se adaptar ao novo mundo do qual agora faz parte.

O filme é dirigido por Chris Columbus, que dirigiu os dois primeiros Esqueceram de Mim e os dois primeiros Harry Potter, o roteiro é de Craig Titley que escreveu Doze é Demais (Cheaper by the Dozen, 2003) e Agentes da S.H.I.E.L.D. (Agents of S.H.I.E.L.D.,  2013 – 2020). A fotografia é de Stephen Goldblatt, indicado ao Oscar pela fotografia de Batman Eternamente (Batman Forever, 1995) e a trilha sonora é de Christophe Beck que no futuro trabalharia nas franquias Frozen e Homem-Formiga.

A tentativa de imitar a franquia de bruxaria ficou mais do que evidente quando o diretor contratado foi Chris Columbus, mas ele quis sair daqueles filmes por um motivo, e pra mim aqui fica bem claro. O encantamento que sinto toda vez que assisto Harry Potter e a Pedra Filosofal (Harry Potter and the Sorcerer’s Stone, 2001) passa beeeeem longe quando assisto este. Óbvio que a trilha sonora de John Williams contribuía muito para isso, mas também não vejo Columbus querendo nos mostrar como os personagens do Acampamento Meio-Sangue são incríveis.

Craig Titley, apesar de levar a culpa pelo fracasso do filme, diz que a culpa na verdade foi a falta de investimento de Tom Rothman, o então presidente da Fox, que teria pensado que o marketing venderia uma série de livros conhecida, então não quis gastar muito, o que levou a restrições de orçamentos que levou a mudanças que incomodaram o público.

Titley pode até ter um ponto, visto que Percy Jackson custou US$ 95 milhões e arrecadou modestos US$ 226 milhões enquanto que A Pedra Filosofal custou US$ 125 milhões e arrecadou US$ 976 milhões, mas ele está longe de ser isento de culpa, mas falamos disso mais a frente.

Apesar do orçamento, os efeitos e CGIs se mantém ok para os dias de hoje, alguns são melhores do que outros e existem coisas estranhas, como Quíron, personagem que é um centauro, uma criatura metade homem, metade cavalo, porém parece ser metade pônei na verdade, ninguém da equipe se deu ao trabalho de chegar perto de um cavalo para ver como são animais enormes.

O que acho realmente fraca é a montagem, muito truncada e sem ritmo, querendo apenas ir cada vez mais rápido, deixando o filme apressado demais e a trilha sonora é genérica, sem nada de especial, mas as cenas de ação são até bem feitas e coreografadas, algumas ainda conseguem ser empolgantes.

Na parte das atuações, o filme investiu em alguns grandes nomes para compor o panteão grego e chamar atenção, logo, Sean Bean ganhou o papel de Zeus, Pierce Brosnan foi Quíron, Rosario Dawson foi Perséfone, Steve Coogan foi Hades, Melina Kanakaredes foi Athena e Kevin McKidd foi Poseidon. Destaque também para Uma Thurman como Medusa, ela se preparou para o papel tendo o maior contato possível com cobras para conseguir imaginar como sua personagem se sentiria e se moveria com cobras na cabeça.

Para o trio principal, foi escalado um elenco pouco conhecido, mas talentoso, algo que até Rick reconhece (e lamenta por elus que tenham se envolvido no projeto) composto por Logan Lerman como Percy Jackson, que conseguiu alavancar bem sua carreira depois deste papel pelo qual ainda é muito querido.  Brandon T. Jackson como Grover, com certeza o maior destaque do trio e o que mais rouba a cena, puro carisma e algo que acabou sendo muito bem aceito no filme foi o fato de ele ser negro e fez ês fãs de PJO imaginarem muito a personagem desse modo a partir daqui. 

E fechando como Annabeth, Alexandra Daddario que foi muito criticada por pasmem, ser morena, enquanto sua contraparte no livro é loira. Fato considerado até hoje por parte des fãs um absurdo. Óbvio que isso não interfere em nada, e para mim, ela foi uma escalação acertada por conta de seus olhos, muito chamativos e marcantes. Algo que sempre é comentado na narração de Percy ao longo dos livros, os olhos de Annabeth.

Na dublagem brasileira Grover ficou ainda mais marcado por ter sido dublado pelo grande Wendell Bezerra, o famoso dublador do Goku, que mesmo não sendo negro, foi escalado por muito tempo para dublar personagens negros com forte personalidade e/ou comicidade.

Para reassistir a esse filme e me preparar para a série eu reli o primeiro livro de Percy Jackson e os Olimpianos, então fica aqui o aviso de que alguns leves spoilers sobre o primeiro livro, logo, sobre a primeira temporada da série podem aparecer daqui para frente!

A aventura em si, começa quando Percy é atacado por monstros em uma excursão escolar e descobre que seu professor é um centauro e seu melhor amigo Grover é um sátiro.  Sua mãe o leva correndo para o Acampamento Meio-Sangue, quando ela revela que ele é um semideus e a mitologia grega é real. No caminho são atacados pelo minotauro que supostamente matou a mãe de Percy. 

Depois de conhecer o lugar, (não treinar nada) e ganhar uma disputa com sua nova crush Annabeth, ele é chantageado por Hades, para levar o raio-mestre até ele em troca de sua mãe, mas ele não está com o raio. E acompanhado de Grover e Annabeth, ele vai à busca de três pérolas de Perséfone, para que quando cheguem ao Mundo Inferior, possam sair de lá. No caminho enfrentando a Medusa, a hidra e o covil dos comedores de lótus.

Não, o filme não explica porque pensam que Percy tem o raio-mestre muito menos como ele poderia ter sido roubado. Uma das muitas coisas que ele não diz.

Muitas mudanças aconteceram em relação a história original. Imagino que porque como mencionei no início, a moda era fazer filmes para adolescentes então algumas decisões podem ter sido feitas pensando nisso e por conta das semelhanças com Harry Potter. Tio Rick chegou até a ser acusado de plágio por conta disso. A verdade é que muita coisa vem da famosa jornada do herói, e como Rick já disse, a escritora inominável acabou criando um certo padrão e virando referência para quem queria escrever algo parecido. As comparações não pararam, acredito que não só por serem histórias com elementos parecidos, mas também por esse filme ter sido aos olhos de muites o que quase chegou lá na multidão de tentativas.

Então personagens ficaram mais velhos, a mudança mais conhecida e icônica, e elementos do primeiro livro foram rearranjados para deixar a trama mais dinâmica. Nem todas foram ruins, as que eu gosto são as mesmas que Rick Riordan falou que gostou ou que entendeu o porquê de acontecer, como personagens que gostamos, mas que no fim não são essenciais para o roteiro, como Senhor D e Clarisse, já que o orçamento foi difícil de negociar, aparições e locações devem ter sido uma dor de cabeça para a produção.

O que incomodou ele de verdade é que a história estaria sendo sexualizada e fugindo do público alvo que ele queria, crianças e famílias, no entanto, no texto que ele escreveu é possível sentir um certo preciosismo com sua história também.

Pessoalmente, como uma amante de estruturas clássicas e da jornada do herói, acho que o trio é muito passivo no primeiro livro, apenas indo de um ponto ao outro e com os monstros os surpreendendo de vez em quando, admito que gosto mais de quando protagonistas se colocam nas situações perigosas por vontade própria.

No panorama geral, os acontecimentos não são ruins, assim como Rick priorizou colocar figuras mais conhecidas da mitologia no primeiro livro, para ser amigável para quem não conhece tanto a mitologia grega e atrair atenção, o filme segue um pouco a mesma lógica. A única troca feita é de ao invés de Percy lutar contra a quimera, ele luta contra a hidra, que é um monstro muito mais popular.

Respeito terem dado leves explicações sobre mitologia para quem não conhece e mesmo assim se atraiu pelo filme e feito um esforço para encaixar tecnologia no universo, Luke ter um grande setup gamer que parece levemente ilegal ou proibido cai bem em um filho de Hermes.

Gosto de os chifres dos sátiros terem um lado burocrático e crescerem por cargo, a caneta que se torna espada com clique é perfeita, muito mais legal do que ficar tirando e colocando a tampa, ou o toque genial, porém simples, de sem o raio-mestre Zeus não conseguir conjurar raios entre outras coisinhas. Algumas mudanças simplesmente são legais, como a entrada do Mundo Inferior ser na placa de Hollywood e a cena favorita de todo mundo a minha inclusa que é a do Cassino Lótus.

O tesouro desse filme, quem assistiu lembra muito dessa cena. No livro o trio entra muito por acaso ali, só sente vontade de permanecer, jogam muitos jogos e quando decidem ir embora apenas saem. Enquanto que aqui eles têm um motivo para entrar, o consumo da flor é o que os mantém encantados pelo lugar e existe um esforço para que o grupo não fuja. Fora toda a dinâmica da cena, parecendo de fato uma farra memorável.

Rick ficou chateado por essa parte fazer referência ao consumo de drogas, mas os comedores de lótus meio que são usuários de drogas e ele colocou isso na história ciente disso, então difícil defendê-lo nesse ponto.

Como assisti ao filme logo depois de ler o livro, dei uma olhada em críticas sobre o filme para entender um pouco o que incomodou as pessoas na época além das mudanças que poderiam não ter me chamado atenção e cheguei a dois pontos.

O primeiro é que, faltam explicações. O roteiro não é apenas furado, ele carece de “comos” e “por ques” muito básicos, e eu iria além, carece de conceitos extremamente simples que nem tomariam tempo de filme, mas enriqueceriam o universo. Nisso, conceitos necessários para o desenrolar dessa obra e da saga são deixados de lado, como a Névoa; o motivo de Zeus pensar que Percy está com o raio, por que é raro um filho dos Três Grandes; explicar o poder verdadeiro do raio-mestre ou simplesmente explicar que os deuses são frequentemente traídos por sua própria arrogância; o que é o bronze celestial e sobre os troféus. 

Algumas coisas são apenas furos ruins, como Luke querer que o trio morra no Mundo Inferior, mas ajudá-los a ter uma saída de lá; Perséfone estar ali em pleno fim de primavera e começo de verão, período em que ela estaria na Terra; por que o Percy iria até Hades para negociar SEM NEM TER com o que negociar entre outros.

Percy às vezes sabe usar seus poderes, às vezes não. Ele sabe que tem que olhar para a Medusa por um reflexo, mas não que cortar a cabeça da hidra faz duas novas crescerem, é muito inconstante. 

Como bem mencionado pelo canal do Youtube Primeira Fila, Chris Columbus tanto quis repetir Harry Potter que até fez Quíron ter um lado Dumbledore ao passar pano completamente para Percy ter desobedecido e se metido em perigos. Ele só não soube introduzir o Voldemort desse universo, o grande vilão da história que nesse caso é o titã Cronos, completamente esquecido enquanto Luke é pintado de grande vilão.

Eu posso não saber muito sobre a geografia de Nova York, mas já fui exposta a filmes estadunidenses o suficiente para saber que Coney Island onde Poseidon surge é longe pra caramba de Manhattan, onde está o Empire State Building, seria bem menos trabalhoso para ele aparecer no rio Hudson do que andar uns quase 10 km. E essa é a primeira cena do filme!

Não que todos os conceitos de PJO sejam apresentados logo no primeiro livro, até porque Rick provavelmente nem tinha pensado em tudo ainda, mas muitos detalhes vão surgir e serão retomados ao longo da história.

Importante mencionar que algumas coisas que muitas pessoas reclamam no filme, vêm dos livros e são obras do Rick, dependendo do que você achou de alguns pontos desse filme, pode não curtir a série. Ele não é perfeito e também tem seus tropeços pela jornada e coisas que até hoje se discute, para mim no caso, uma delas são as leis divinas que ele criou e se torna um deus ex machina um pouquinho frequente, o que ele não sabe como responder por que os deuses fazem ou não fazem tal coisa: lei divina.

Toda historia de fantasia vai precisar da nossa suspensão de descrença, mas ela vai ter algum momento que vai forçar um pouco, é natural, basta saber se você consegue passar por isso de modo tranquilo.

O segundo ponto, é que Titley e Columbus não entenderam em que se baseia a história. Eles entenderam apenas as palavras “mitologia” e “mundo moderno” e jogaram tudo ali, fazendo os deuses parecerem seres arcaicos se forçando a conviver com a modernidade sem nem explicar porque, mas todo o conceito é que os mundo mitológico e os deuses estão intrinsecamente ligados à civilização ocidental, mudando e evoluindo junto com ela. 

Imagino que isso venha de um vício de Harry Potter, já que lá o mundo bruxo existe à parte do nosso, mas em Percy Jackson o mundo mitológico vive em conjunto com o nosso, ele coexiste, ele faz parte, é um único mundo. Sem entender isso, fizeram um filme onde tudo isso bate de frente, se choca e colide, assim como o próprio filme, tudo se bate e no fim nada funciona como deveria. A Medusa usa óculos escuros e roupa de couro, mas não sabe o que é um IPod e Grover não sabe quem é Caronte, enquanto outras entidades ele conhece, passamos poucos minutos no acampamento sem entender como o lugar funciona e voltamos para o mundo “normal” como se o outro lugar não valesse a pena.

E o pior de tudo é que no próprio filme, dá para ver que sabiam como podia ter sido quando vemos Hades. O visual dele que no original comparam ao Mick Jagger e na dublagem ao Zé Ramalho, dá pra ver a modernidade incorporada à personagem. Fora uma cena excluída mostrando quando Percy e Annabeth se conhecem, muito parecida como é no livro e teria encantado fãs.

Tiraram toda a elegância de misturar a mitologia com o mundo ordinário, mostrando campistas com blusas de acampamento e elmos de batalha, Poseidon usando camisa havaiana… Tornaram tudo muito sério e esqueceram a irreverência constante.

Por mais que eu ache a construção de mundo interessante apesar de desleixada e possível de consertar, o desenvolvimento de personagens é péssimo.

Parece que assistiram Harry Potter, pegaram o conceito básico aplicado ao trio de amigos e jogaram aqui, o destemido, a inteligente e o bobalhão, o que não é um problema por si só, mas ficar apenas nesses conceitos e não aprofundar nada é o que mais enfraquece a adaptação. Columbus quis fazer um filme de ação e tudo o mais ficou de escanteio.

A maior tristeza é a perda da personalidade de Percy. Como é ele quem narra os cinco livros, nos apegamos muito à personalidade dele que é a beleza da leitura. Sem a personalidade sarcástica e charmosa, o que sobrou foi um herói padrão genérico e desinteressante se não fosse o universo em que está inserido. Não existe a dúvida sobre ser herói, seu destino e claro, conflitos sobre seu pai, que é uma das forças motrizes dessa história, a relação estranha dos deuses e seus filhes, alguns sendo super devotos, alguns tranquilos, mas quando se trata de filhes dos Três Grandes, amor e lealdade são as últimas coisas envolvidas, nunca estão em bons termos.

Annabeth deveria ser uma estrategista, mas de cara ela se torna um mais do que óbvio interesse romântico. Até é interessante como a rivalidade entre os dois é mostrada, de modo mais físico, até porque no livro enquanto pensa que Percy é filho de Zeus, Annabeth quer usá-lo para sair do acampamento, mas quando descobre que ele é de Poseidon implica com ele e leva meio livro para os dois criarem uma boa ligação de novo.

Grover é o melhor personagem, mas nem ele é perfeito. Ele deixa de ser inseguro para ser o engraçadão e garanhão, quase o Brock de Pokémon (1997 – 2023). O que é clichê de um personagem negro, ainda mais quando ele é o melhor amigo do protagonista, o que não seria um problema na verdade se ele fosse desenvolvido, mas seu objetivo pessoal sequer é mencionado, seu amor pela natureza não existe, e tudo bem que sátiros são retratados como safados na mitologia, porém em alguns momentos ele beira o problemático.

E no meio disso tudo, falta a história de Thalia, que envolve o passado de Grover, Annabeth e Luke juntos e é uma grande sombra que paira em cima da cabeça de Percy. 

No fim, ao tentar adequar a história às tendências da época, o filme deliberadamente joga fora tudo aquilo que tornava os livros cativantes, deixando algo que nem é Percy Jackson e os Olimpianos, nem algo original, que, no entanto atraiu mais pessoas para a série literária.

Percy Jackson e o Ladrão de Raios não é terrível ou horrendo, mas com certeza é bem genérico e sem encantamento nenhum, divertido de assistir sem compromisso, mas dificilmente algo marcante, além de não fazer jus ao material original. Mesmo assim ainda rendeu uma continuação, mas isso é assunto para outro dia.

Felizmente, a hora da redenção de Rick Riordan chegou e estamos todes esperando a estreia do tão esperado reboot de Percy Jackson e os Olimpianos, agora no dia 20 de dezembro no Disney+ onde, ao que tudo indica, vamos ter algo memorável.

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