Corpos (Bodies, 2023) é uma minissérie britânica que estreou na Netflix neste fim de 2023 e foi baseada em uma história em quadrinhos da DC Vertigo. Um misto de thriller com ficção científica, sem dúvidas foi uma das melhores descobertas do meu ano. Personagens instigantes, que te fazem querer saber sempre um pouco mais; enredo fluido, ritmo viciante e um quebra-cabeças que se monta e se completa, sem grandes confusões ou pontas soltas, realmente creio que a série começa e se encerra de forma coerente e digna para quem leu e gostou do quadrinho, mas também para quem nunca antes ouviu falar.
Somos apresentados a quatro detetives da polícia que encontram um corpo em uma mesma rua, só que em anos diferentes: 1890, 1941 e 2023, 2053. Acompanhamos o trabalho investigativo que gira em torno de descobrir quem é aquele homem que apareceu morto, pelado e com um furo no olho com nenhuma bala dentro do corpo. Então, de início, a série já te oferece um pouco do que podemos esperar durante essa jornada, muitos mistérios, histórias contadas pela metade e ainda quatro linhas de tempo diferentes para se situar. Não é tão simples, mas te juro que vale tentar.
Dentre os vários personagens, um deles se repete bastante, já que a história gira em torno dele mesmo, Elias (Gabriel Howell). É bem aí onde a série me fisgou, porque, para além de tudo, acompanhamos uma história que fala sobre o amor. Sobre amar e ser amado. Sobre aquelas escolhas que fazemos e que estamos pensando naqueles que são nossos, em quem vai estar junto, nos acolhendo e protegendo. Se fosse apenas o mistério pelo mistério, acredito que a série não teria solidez para prosseguir sem acabar se tornando apenas mais um clichê do gênero. Os conflitos pessoais de cada um dos detetives, do Elias e todos mais envolvidos nesse mistério elevam o nível da produção, ainda mais ao perceber que tudo é tão lembrado, citado e desenvolvido em uma linha crescente.
Não pretendo dar spoilers nesse texto, acredito que acompanhar sem tantas informações é o caso de Corpos, que é daquelas que chegam devagar e vão tomando dimensões impressionantes. Gosto bastante da forma como foi filmada e editada, não se tornava cansativo ou repetitivo ir e voltar no tempo tantas vezes, acompanhar todos os personagens em cena e ainda como se relacionavam com os outros nos demais anos, acabamos percebendo que tudo se interliga, cada vírgula é posta no seu lugar. Acredito, aliás, ser daquelas séries gostosas de rever e ir percebendo cada detalhe mais atentamente, já sabendo o final, então nosso foco acaba indo para outros elementos.
Fica a minha total indicação para aqueles que buscam uma série certeira no seu nível de suspense, mas também adicionar diversas outras sensações durante o tempo que estamos assistindo. Aliás, maratonar essa série é absolutamente delicioso, são muitos ganchos no fim dos episódios e o resultado desse gancho sempre vale o play. Excelente série para acompanhar em um fim de semana chuvoso ou de preguiça.
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Psicóloga, apaixonada pela psicanálise e absolutamente obcecada por true crime, thrillers e máfia. Falo mais que a mulher da cobra e poderia viver facilmente apenas de livros, séries e filmes.