O primeiro episódio da série nova da HBO – The Last of Us (2022 -) – já é a melhor adaptação de um videogame para uma mídia seriada ou cinematográfica já feita (não que a concorrência seja muito forte). Nesta primeira parte, o foco central é na apresentação de personagens e um bom pedaço do início do jogo. A escolha de Pedro Pascal para Joel e Bella Ramsey para Ellie é acertada. Aliás, o casting do seriado está bom. A adaptação dos personagens e das situações são muito bem localizadas e precisas.
Os minutos iniciais da série revelam a temática e importância de certas partes do enredo. É interessante o fato de terem apresentado isso na forma de talk show, pois ali encontra-se a essência da pandemia de The Last of Us. Ao diferenciar o processo de contaminação por um fungo de uma bactéria ou vírus já antecipa o terror que está por vir.
Logo após essa introdução, temos a abertura da série com a icônica música de Gustavo Santaolalla, músico argentino que trabalhou na trilha musical do jogo. Temos um salto no tempo e somos jogados em 2003, quando rapidamente somos apresentados ao cotidiano de Joel e de sua filha Sara (Nico Parker). A relação deles é mais contextualizada aqui que no jogo, entendemos algumas escolhas dos desenvolvedores, mas a série aprofunda mais esse vínculo. É bacana ver o cuidado que os roteiristas e a produção tiveram para preencher essas lacunas.
Depois de eventos marcantes, temos outro salto temporal para 2023. No qual, os acontecimentos do enredo do jogo se desenvolvem mais. Novamente, um excelente trabalho de localização, de espaço e escolhas narrativas dão o tom aqui. Muito pouco se diz, mas é perceptível por meio das escolhas de figurino, de arte e de locação o que a população de 2023 passa. Essa parte que segue até o final do episódio é equivalente ao arco de abertura do jogo e segue fiel.
Em relação à adaptação em si, ela está bem semelhante ao jogo. Tanto em clima quanto em atuação, inclusive alguns enquadramentos seguem idênticos, nada fora do normal vindo de um game que explora bastante a linguágem cinematográfica. O grande problema das adaptações de jogos, a meu ver, é a questão da jogabilidade. Os videogames exigem uma postura muito diferente do público em relação a filme e séries. Filmes e séries, como Resident Evil (2022) da Netflix, sofrem com isso. Eles focam tanto em fazer uma coisa diferente e acabam destoando totalmente do material fonte.
The Last of Us incorpora bem o elemento da jogabilidade, sobretudo no movimento de câmera e ao excelente trabalho da preparação de elenco e do seu elenco em si. Até mesmo um elemento que está presente no jogo, mas que já foi confirmado em entrevista que não deve dar as caras pela série não fez falta (pelo menos não agora). As histórias a mais para contextualização são muito bem-vindas e espero que continuem nos próximos episódios. São esses motivos que fazem a adaptação ser boa.
O hype em cima de The Last of Us sempre vai ser grande. A série entrega um primeiro episódio digno do jogo e do que os fãs, em geral, esperam. Apresentando elementos novos aos que já estão acostumados com o jogo e expandindo essa experiência narrativa para novos fãs e adeptos de seriados. Foi um excelente começo.
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Atual Vice-presidente da Aceccine e sócio da Abraccine. Mestrando em Comunicação. Bacharel em Cinema e formado em Letras Apaixonado por cinema, literatura, histórias em quadrinhos, doramas e animes. Ama os filmes do Bruce Lee, do Martin Scorsese e do Sergio Leone e gosta de cinema latino-americano e asiático. Escreve sobre jogos, cinema, quadrinhos e animes. Considera The Last of Us e Ocarina of Time os melhores jogos já feitos e acredita que a vida seria muito melhor ao som de uma trilha musical de Ennio Morricone ou de Nobuo Uematsu.