Já dizia o ditado, tudo que é bom dura pouco, mas no caso da animação Acampamento Jurássico (Jurassic World: Camp Cretaceous, 2020 – 2022), o sentimento que fica é que terminaram a série na hora certa, antes que o desgaste chegasse de vez. Depois de quase seis meses de espera, a animação que se passa no universo “Jurassic Park” e “Jurassic World” ganha um desfecho numa temporada cheia de altos e baixos, mas que no final entrega aquilo que se espera.
O grande desafio desta quinta e última temporada da animação era a a obrigação de encerrar um ciclo e dar um desfecho para Darius, Kenji, Brooklyn, Yasmina, Ben e Sammy, que ficaram meses presos na Ilha Nublar e ilhas adjacentes, mas que agora tentam, de uma vez por todas, escapar do lugar que ainda continua infestado de dinossauros perigosos.
A quarta temporada foi marcada por um prolongamento do número de episódios, o que acabou pesando na qualidade da animação, que por mais que tenha melhorado esteticamente, já dava sinais de falta de criatividade colocando os dinossauros como coadjuvantes. Nesta última temporada, os dinos voltam ao foco e proporcionando diversos momentos interessantes e trazendo um pouco da urgência e do perigoso das duas primeiras temporadas.
Quando a série retorna com o episódio “Reunião” (5×01), seguimos direto o gancho deixado na temporada anterior com Kenji ficando cara a cara com seu pai, senhor Kon, que chega cheio de suspeitas, mas como uma esperança do grupo de amigos finalmente conseguirem ir pra casa. Porém, as coisas não são bem o que parecem, mostrando que o pai de Kenji é tudo, menos a pessoa boa que eles imaginavam ser.
A primeira metade da temporada traz Darius e companhia tentando desvendar os mistérios da chegada do senhor Kon e como o empresário pode estar ligado a todos os podres da Mantah Corp. Os episódios “O último teste” (5×02) e “Frentes de batalha” (5×03) são bastante movimentados e mostram os inimigos cada vez mais no controle dos dinossauros com seus chips e controles remotos, revelando também um dos pontos fracos da série.
Minha maior crítica à temporada anterior, foi o exagero no uso de drones e robôs para servirem de inimigos para crianças, meio que perdeu a essência do que era o estilo de sobrevivência em um local hostil das três temporadas anteriores. A quinta temporada corrige esse problema tirando os robôs, mas ao manter os drones e os controles remotos, acabamos por ter dinossauros ferozes sendo controlados como – pasmem – robôs, tornando tudo muito “sem graça”, por assim dizer.
Todo esse plot parece algo descartado das versões live action, que algum “gênio” achou que ficaria boa numa animação. Espero que não seja ideia do showrunner Zack Stentz, e confesso que não é uma ideia ruim, porém foi usada de forma muito extensiva nesta temporada que cansou, praticamente do começo ao fim. Outro ponto foi o arco do Kenji nesta temporada, difícil de engolir, o personagem consegue trair os amigos durante um longo tempo a partir de “Achando uma Saída” (5×04) e isso cria uma antipatia em um dos melhores personagens da animação.
Uma coisa que não podemos reclamar de Acampamento Jurássico é seu senso de aventura, que aqui não para em nenhum momento. Esta talvez seja a temporada mais rápida que já vi da série, mesmo com 12 episódios, você sente que o tempo passa muito rápido e o desenvolvimento é ágil sem perder as conexões com os filmes. Inclusive, nos episódios “Terremoto” (5×05) e “Longe do Bando” (5×06) temos o primeiro vislumbre do fim da Ilha Nublar e a aparição de um personagem conhecido dos filmes e que é vilão central de Jurassic World: Domínio (Jurassic World Dominion, 2022) que estreou a pouco tempo no cinema.
A animação também ganha pontos por trazer um desenvolvimento de personagens de forma sublime, não só com a dinâmica Kenji, Brooklyn e Darius, temos também personagens como Sammy, no episódio “Confiança” (5×07), ganhando destaque, e uma ótimo desenvolvimento sobre o relacionamento entre a mesma e Yasmina, onde a narrativa finalmente abraça o sentimento das duas consolidando o segundo romance do grupo no episódio “O Núcleo” (5×09).
O arco narrativo começa a afunilar em “Fuga” (5×08) e “Chegada” (5×10), onde a série parece não perder tempo preparando-nos para o final. Confesso que o sentimento de fim não fica muito claro até chegarmos nos últimos três episódios, mas o senso de nostalgia e despedida está por toda parte, principalmente quando vemos antigos aliados (um dino amigo de Ben vai fazer a alegria de muitos fãs) retornarem (humanos e dinossauros) e a presença do irmão de Darius, Brandon, além dos campistas Roxie e Dave se aproximando cada vez mais de encontrar o grupo.
A verdade é que Acampamento Jurássico é uma aventura que é impossível não se apegar, o capricho dos roteiristas em nos fazer importar com esses personagens é simplesmente incrível, porque sentimos e torcemos por eles o tempo todo, cada um a seu modo e por mais que algum desenvolvimento tenha sido aquém do esperado, no final o arco dramático de todos eles funcionam de forma muito orgânica.
No geral, a série entrega sim um final simplesmente incrível e cheio de tudo aquilo que gostamos no show: ação, romance e viradas emocionantes, como no episódio “A Última Batalha” (5×11), com direito a momento “lágrimas dos olhos”, com desfecho recheado de ganchos e uma tragédia envolvendo um dos dinossauros presentes no confronto derradeiro. A animação ainda se eterniza no impecável final de série “Os Seis da Ilha Nublar” (5×12), é lindo ver as crianças encontrando suas respectivas famílias, sem falar na surpresinha final que vai deixar qualquer fã da série saudoso feliz com o futuro desses personagens, deixando um gostinho de quero mais.
No final das contas Acampamento Jurássico termina como uma das melhores partes do universo Jurassic Park, feito com esmero e carinho, esta quinta temporada pode não ter sido perfeita, mas entregou tudo aquilo que nós esperávamos e um pouco mais, fazendo um final lindo e honroso, nos fazendo amar ainda mais dinossauros, assim como Os Seis da Ilha Nublar, uma mistura que deu certo, deixou nosso coração quentinho, e que ficará guardada no coração dos fãs mais saudosos fechando esse ciclo nada menos do que jurássico.
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Engenheiro Eletricista de profissão, amante de cinema e séries em tempo integral, escrevendo criticas e resenhas por gosto. Fã de Star Wars, Senhor dos Anéis, Homem Aranha, Pantera Negra e tudo que seja bom envolvendo cultura pop. As vezes positivista demais, isso pode irritar iniciantes os que não o conhecem.