Acampamento Jurássico: 3° Temporada – Diversão Obrigatória, Satisfação Garantida

A regra é clara, um é bom, dois é pouco, mas três é demais, porém essa regra não se aplica a série animada da Netflix Acampamento Jurássico (Jurassic World: Camp Cretaceous, 2020 -), que no começo do ano apresentou uma segunda temporada ainda melhor que a primeira, com Darius e sua turma tentando sobreviver a Ilha Nublar e à convivência com os dinossauros. Foram oito episódios repletos de adrenalina e reviravoltas, com o grupo passando semanas tentando arranjar uma forma de voltar para casa.

Eis que depois de tentar escapar, acabaram ficando na ilha, porém os ganchos deixados no episódio final da segunda temporada apontavam para um futuro ainda mais perigoso, já que um dos experimentos do Doutor Wu havia escapado do laboratório subterrâneo e prometia ser um problema para o grupo do acampamento em algum momento do futuro. Confesso que esperava que a terceira temporada da série fosse estrear apenas ano que vem, mas, para nossa surpresa, a Netflix começou a divulgação da nova temporada para ainda este ano, sendo que ela estreou no último dia 21 de Maio.

Se a segunda temporada consolidou a série como um dos produtos mais populares do canon de Jurassic Park, a terceira temporada, que chega com dez episódios, firma o desenho como um dos mais obrigatórios para quem ama essa franquia criada com o filme de 1993. Aqui em Acampamento Jurássico temos uma narrativa que entrega o dobro da ação, o dobro da aventura, sem falar no dobro de dinossauros e perigos (entendedores entenderão) enfrentados pelo grupo do acampamento.

A narrativa já começa onde a segunda temporada terminou, com a turma bolando uma forma de construir um barco para escapar da ilha. Em Vista do Topo (3×01) vemos um grupo mais em sintonia e mais acostumados a trabalhar juntos, Darius se mostra mais líder do que nunca, mas vemos um amadurecimento de Kenji, Sammy, Yasmina, Brooklyn e Ben neste sentido também. 

A dinâmica do desenho não muda muito, os jovens tentam arranjar sempre alguma forma de sobreviver, mas sempre se metem em confusão e acabam se deparando com dinossauros querendo devorá-los. O primeiro episódio é basicamente isso, fechando com um gancho deles saindo da ilha de jangada. O segundo episódio é mais uma segunda tentativa de escapar, porém em Porto Seguro (3×02) o grupo encontra o barco deixado pelos vilões da última temporada, Mitch e Tiff.

O que podemos notar é que os perigos estão cada vez mais frequentes para a turma e os dinossauros (até mesmo os herbívoros) estão mais agressivos, protegendo seus territórios de qualquer ameaça. O showrunner Zack Stentz e seus roteiristas se mostram no total controle da história, enquanto constroem as aventuras isoladas para cada episódio, vão construindo um arco em paralelo com a ameaça do misterioso dinossauro que escapou do laboratório do doutor Wu.

 

A forma como a história explora os diversos locais da ilha, principalmente a parte mais litorânea, tende a mostrar novos ambientes e outros já familiares, ampliando o escopo de tudo que conhecemos do lugar até o momento. Tudo aqui é colocado de forma bastante coerente, pequenas sementes vão sendo projetadas para aflorar no decorrer da narrativa, um ataque inesperado do misterioso dinossauro na selva, um conflito entre Sammy e Yasmina, ou Kenji e Darius, tudo é cuidadosamente escrito sem se esquecer que a série é para crianças, apesar de que tanto quanto elas os adultos devem aproveitar a experiência, que mais uma vez é calcada na nostalgia.

A série começa a acelerar o ritmo, mas sem perder seu caráter episódico em a Casa do Kenji (3×03) e Garota Esperta (3×04), o primeiro mostrando o quão rico e solitário o personagem Kenji é, e o segundo trazendo um rosto familiar, um local conhecido e um laboratório secreto cheio de descobertas que podem ameaçar a vida do grupo na ilha.

A temporada realmente mostra a que veio nos episódios No olho do Furacão (3×05) e Vencendo a Distância (3×06), onde a série começa a explorar seu lado mais suspense, com o grupo se deparando com a nova ameaça e tendo que se unir para sobreviver e ainda salvar um deles, que é atingindo durante um ataque ao acampamento. É interessante que a série não poupa cenas de puro terror envolvendo muita ação que deixa qualquer um empolgado esperando o desenrolar dos acontecimentos.

É bom salientar que vemos aqui uma evolução não só dos personagens em termos narrativos, mas também na qualidade da animação em si, ainda que em alguns aspectos a movimentação dos personagens ainda pareça mecânica demais, por outro lado vemos um cuidado no envelhecimento dos mesmos durante a estadia deles na ilha, sem falar que o visual mais limpo da primeira temporada, dá lugar a algo mais sujo, com o ambiente mais integrado a ação, com uma riqueza de detalhes mais caprichada, isso fica nítido também nos vários dinossauros que aparecem, o detalhe da ossatura, carapaça e aparência esta muito bem feito, mas tudo dentro da limitações da animação, não é um primor, mas esta cada vez mais decente.

Se a série está consistente em seus aspectos técnicos, ela também entrega aquilo que o expectador quer ver. Em Um Choque no Sistema (3×07) vemos uma série que não tem medo de se apoiar nos clichês para surpreender, e aqui neste episódio tudo funciona a contento com um gancho que nos leva ao sensacional Fuga da Ilha Nublar (3×08), repleto de ação, referências inteligentes ao primeiro filme, e a finalização de um arco muito bem construído no decorrer do terceiro ano.

Acampamento Jurássico, neste novo ano é isso, mistura tudo aquilo que deu certo (as vezes pode soar um pouco repetitivo) e o eleva de uma forma bastante satisfatória, mas sempre mantendo nosso apreço pelos seis personagens principais, que estão mais carismáticos e proativos do que nunca, agora mais acostumados com uma ilha que não para de trazer uma ameaça atrás da outra os colocando no limite e não dando descanso em nenhum segundo.

Os dois últimos episódios são um presente, talvez não sejam tão surpreendentes quanto os dois anteriores, mas Custe o que Custar (3×09) e Foco na Missão (3×10) introduzem vilões de última hora, ao mesmo tempo em que fazem uma ponte impecável com o prólogo de Jurassic World: Reino Ameaçado (Jurassic World: Fallen Kingdom, 2018) colocando o grupo em rota de colisão com a narrativa daquele filme e preparando o desenho para chegar no futuro a ser apresentado no aguardado Jurassic World: Domínio (Jurassic World: Dominion, 2022), que deve estrear ano que vem.

No geral Acampamento Jurássico esta melhor do que nunca, tudo aquilo que te fez se apaixonar nas temporadas anteriores está presente nesta, mas de forma amplificada e sem esquecer de desenvolver seus personagens, que em meio a brigas e conflitos, se mostram mais unidos do que nunca, como uma família deve ser. Os laços entre Darius, Kenji, Ben, Yasmina, Sammy e Brooklyn estão cada vez mais fortes e com os ganchos deixados no final da temporada, eles precisarão permanecer desta forma para enfrentar o que estar por vir. Com a qualidade apresentada, o desenho se consolida como produto obrigatório do universo Jurassic Park, não só pelo cuidado narrativo, mas por ser uma história que consegue balancear bem ação, aventura, dinossauros e nostalgia, prato cheio para toda família.


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