Papai é Pop – A paternidade não é só amor

Nos últimos anos, conversar sobre criação socioafetiva, novas composições de família e o que é maternidade/paternidade se tornou importante não apenas para quem pretende ter filhos, mas também para aqueles que estarão no convívio dessa criança. Comunicação não violenta, respeito, paciência e outras coisas que de longe parecem fáceis, já foram e são vilões do crescimento e amadurecimento dessa geração. 

Papai é Pop (2021) chega como um bote salva vidas, trazendo não a solução, mas uma chama de esperança sobre paternidade saudável, criação socioafetiva além de quebrar todo o romantismo impregnado em toda a cultura quando se trata de criação de um indivíduo.

A história começa já com o casal Tomas e Elisa esperando a chegada de Laurinha (Malu Aloise), a primeira filha do casal. Elisa (Paolla Oliveira) sofrendo as últimas semanas de gravidez e Tom (Lázaro Ramos) trazendo riso para acalentar o sofrimento da amada, com o nascimento da primogênita, o casal encara inúmeros situações boas e ruins e mesmo que o filme siga com leveza e bom humor, as cenas emocionantes e dramáticas conseguem transmitir o peso necessário e garante lágrimas.

Um dos meus maiores receios sobre filmes que falam de paternidade é o fato de que matam a mãe ou a transforma em um personagem extremamente negligente e irresponsável, dando a entender que apenas nesses casos o pai tentará ser o melhor que puder, como no filme Paternidade (Fatherhood, 2021) – que certamente terá comparações, já que ambas tem protagonismo em homens negros e são sobre o mesmo tema -, mas, muito felizmente, em Papai é Pop o papel maternal também tem sua importância e um espaço muito bem trabalhado, não apenas com a Elisa sendo mãe de primeira viagem e com o mundo nas costas, mas o ponto de vista de Gladys (Elisa Lucinda), uma mãe solo e negra guiando o filho nessa nova trajetória. Outro ponto muito bem trabalhado, é o fato de Tom sofrer em seguir os passos do pai e isso rende cenas empáticas e chorosas, além de ser um ponto de virada para o personagem.  

A paternidade de diferentes modelos é muito bem abordada, temos um pai solo se dividindo entre a criação do filho e o trabalho, um pai “de selfie”, abandono parental, depressão pós parto masculina, casal interracial, etc, e mesmo que não necessariamente bem aprofundados, são ditos e mostrados com delicadeza e realismo. 

De homens que acreditam em instinto materno a mulheres que não querem filhos, Papai é Pop traz um abraço quente e emocionante sobre como é difícil e bom participar da criação de alguém. 


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