Se você acompanha o site há algum tempo, sabe que, no início do ano, nós lançamos uma lista de jogos indies para ficar de olho ao longo de 2020. Dentre vários jogos sugeridos, um que certamente me chamou a atenção foi World of Horror (Mundo do Horror em tradução livre), não apenas por ser um jogo que se passa no Japão, mas por ter o envolvimento do mangaká Junji Ito, além de ser um jogo de terror com uma temática retrô.
Parece existir um ponto de encontro entre os interesses criativos na concepção do jogo. Afinal, todos os elementos caminham juntos para uma bizarra história de terror. O nome de peso de Junji Ito já antecipa um pouco o que podemos, como jogadores, esperar dessa jornada que tem tudo para ser bem estranha. Autor renomado, principalmente por sua obra Uzumaki, Junji Ito trabalha com a subversão da expectativa e aposta no surpreendente para assustar. São comuns em suas histórias as mais diversificadas formas de horror, algumas fisicamente deformadas, capazes de causar náuseas aos seus leitores e outras, por tratar do horror psicológico do ser humano, todas as atrocidades que alguém da raça humana pode causar.
O jogo dialoga bem com o gênero, que por sua vez se mostra acertada na escolha do autor, mas traz também consigo elementos próprios como o plot principal da narrativa, uma série de investigações nas cidades japonesas, bem como seus elementos de gameplay, com diversos traços de point and clicks e partes de RPG. Aliados a isso, o jogo apresenta um visual que homenageia os jogos antigos da década de 1980 e 1990. O clima, ao revisitar esses jogos, é semelhante aos filmes de terror que buscam inspiração em obras antigas. Ao abrir o jogo, antes mesmo de iniciar a partida, já é possível perceber um clima estranho e misterioso que cerca a obra. É estranho, mas somos compelidos a iniciar e se aventurar nesse Japão bizarro, pixelado e com criaturas perturbadoras.
Wolrd of Horror é uma grata surpresa em um ano em que os jogos de terror não alcançaram o que lhes eram esperados. Por se tratar de um jogo indie, ele não teve o apelo midiático que lhe era necessário, porém mesmo assim se trata de um jogo com bons elementos de terror e com uma gameplay que é nostálgica sem abrir mão da diversão. O jogo é um convite a um mundo estranho que certamente vale a pena se você tiver coragem e uma mente aberta.
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Atual Vice-presidente da Aceccine e sócio da Abraccine. Mestrando em Comunicação. Bacharel em Cinema e formado em Letras Apaixonado por cinema, literatura, histórias em quadrinhos, doramas e animes. Ama os filmes do Bruce Lee, do Martin Scorsese e do Sergio Leone e gosta de cinema latino-americano e asiático. Escreve sobre jogos, cinema, quadrinhos e animes. Considera The Last of Us e Ocarina of Time os melhores jogos já feitos e acredita que a vida seria muito melhor ao som de uma trilha musical de Ennio Morricone ou de Nobuo Uematsu.