RESENHA | O Feitiço dos Espinhos, de Margaret Rogerson

Caros leitores, vocês também têm a sensação de que livros de fantasia em volume único estão cada vez mais raros? Sempre que me interesso por uma nova fantasia, a primeira coisa que faço é procurar saber se aquele livro faz parte de uma série ou de uma trilogia, por exemplo. 

A autora que vos fala tem uma certa preguiça em ler livros que fazem parte de um universo de continuações. Durante toda a minha vida de leitora, só li quatro séries de fantasia: Harry Potter; Jogos Vorazes; Desventuras em Série e Percy Jackson. Ok, você pode estar pensando em quantas séries e trilogias legais eu estou perdendo a oportunidade de conhecer, mas eu realmente prefiro histórias que se sustentam sozinhas. Entretanto, isso não significa que eu NUNCA lerei fantasia que fazem parte de uma série, pelo contrário, há várias histórias que quero conhecer e que possuem vários livros compondo o seu universo. 

Bom, dito isso, hoje eu quero compartilhar um livro de fantasia em volume único que entrou para o hall do “5 estrelas + favoritado” do ano passado. Estou falando do meu queridinho O Feitiço dos Espinhos, da Margaret Rogerson

Lançado no Brasil em 2020 pela editora Literalize, O Feitiço dos Espinhos é uma fantasia de quase 530 páginas que apresenta um universo bastante interessante com demônios, feiticeiros e grimórios mágicos. Nesta história, Grandes Bibliotecas são responsáveis por guardar e proteger os grimórios do reino de Austermeer. Esses livros mágicos possuem vida própria e guardam dos feitiços mais simples aos mais malignos. Mas os grimórios em si também são muito perigosos, pois quando provocados se transformam em monstros enormes e assustadores, chamados de Malefict. A partir dessa premissa conhecemos Elisabeth, uma órfã que foi criada dentro de uma Grande Biblioteca e rodeada desde pequena pela magia dos grimórios e que sonha em se tornar uma Guardiã da Biblioteca. 

Elisabeth sempre aprendeu que feiticeiros são pessoas más e que são corrompidos pela magia demoníaca. Desse modo, é fundamental que os Guardiões da Biblioteca protejam os grimórios para que eles não caiam em mãos perigosas. O mundo de Elisabeth começa a mudar quando ela se torna a principal suspeita de um crime que não cometeu. Para encontrar o verdadeiro culpado e fazer justiça, Elisabeth encontra dois aliados improváveis: o feiticeiro Nathaniel Thorn e o criado dele, Silas. Agora Elisabeth é forçada a questionar tudo o que sempre acreditou. 

—- POSSÍVEIS SPOILERS A PARTIR DESTE PONTO —-

Essa foi uma leitura que amei fazer, especialmente porque os personagens do Nathaniel e do Silas são muito cativantes e divertidos. Em vários momentos eu me peguei rindo sozinha com os diálogos. É uma história muito bem construída e que cativa à medida em que vamos descobrindo mais sobre os personagens. Eu gostaria de falar mais sobre o Nathaniel, mas sinto que vocês precisam conhecê-lo aos poucos para entender e se divertir com o personagem. 

Algumas cenas me fizeram lembrar de Harry Potter. Quem se lembra do Livro Monstruoso dos Monstros? Foi assim que imaginei os grimórios apresentados no livro. A própria Biblioteca onde Elisabeth mora traz uma certa semelhança com a famosa escola de magia e bruxaria de Hogwarts

Para os que adoram criar uma fanfic e shippar casais, O Feitiço dos Espinhos possui, sim, romance. Mas ele está na dose certa e não toma a maior parte do livro. O romance funciona como um personagem coadjuvante e que não atrapalha os objetivos dos personagens principais. Além disso, o romance é construído aos pouquinhos (o famoso slow burn) e eu, particularmente, adoro esse tipo de desenvolvimento porque conseguimos observar a evolução dos sentimentos à medida que a própria história vai se construindo. 

Apesar de quase 530 páginas, senti falta de algumas explicações em relação ao universo da história e a um personagem específico, o Silas. Acho que a autora poderia ter colocado mais informações para que o leitor pudesse se envolver ainda mais com o que estava sendo narrado. O Silas, por exemplo, possuía um potencial enorme a ser trabalhado. Ele é um demônio que está ligado ao Nathaniel, super misterioso e que provoca muita curiosidade no leitor. Os diálogos que ele tinha com a Elisabeth eram sempre carregados de uma complexidade. Eu queria saber mais sobre ele e sobre o mundo de onde veio. Outra coisa que me incomodou um pouco foi a construção do vilão. O seu plano, em si, é interessante e faz sentido dentro do universo, mas a execução final e o próprio desfecho do vilão deixaram a desejar. 

Tirando esses pequenos incômodos, a leitura é super gostosa de fazer e vai agradar quem quer ler uma fantasia boa, mas que não quer ter o comprometimento de ler vários livros para saber o que vai acontecer. E, apesar de eu ter começado esse texto dizendo que não sou muito fã de séries de livros, está aí um livro que gostaria de ver mais histórias envolvendo o universo criado pela autora e, quem sabe, trazendo de volta alguns personagens. Eu amei encontrar um livro em que eu pudesse ler e finalizar em uma única leitura. É uma história que, apesar de não ser tão complexa, vale a pena conhecer e que eu tenho certeza que irá te divertir muito. Dê uma chance para o livro e espero que goste tanto quanto eu! 

PONTOS POSITIVOS 

  • Fantasia de livro único 
  • Personagens engraçados com humor irônico e debochado 
  • Elementos mágicos interessantes 
  • Romance na dose certa e com desenvolvimento slow burn 

PONTOS NEGATIVOS 

  • Poucas informações sobre o universo da história 
  • Construção e desenvolvimento do vilão 
  • História não muito complexa

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