A Mãe da Noiva – Uma comédia romântica sem comédia e sem romance

O diretor Mark Waters, responsável pela direção de filmes como Meninas Malvadas (Mean Girls, 2004) e Sexta-Feira Muito Louca (Freaky Friday, 2003), entra no mundo dos streamings fazendo Ele é Demais (He’s All That, 2021) – uma espécie de remake do filme Ela é Demais (She’s All That) de 1999, e pela lista de filmes que ele produziu e dirigiu nos últimos anos, parece que ele ainda se encontra preso a essa época, que tem certa nostalgia, mas não costuma funcionar como antes. Em A Mãe da Noiva (Mother of the Bride, 2024), temos um casal que está prestes a se casar: A blogueira Emma – infelizmente parece impossível tirar essa profissão da Miranda Cosgrove desde ICarly -, e o rico RJ (Sean Teale), por causa da profissão da noiva, toda a família e convidados vão para a Tailândia, com o patrocínio do casamento feito por uma empresa de influencer. 

Emma tem uma mãe controladora e extremamente coruja que planeja cuidar de tudo do casamento de sua filha com um rapaz que ela ainda não conhece direito, no entanto, quando chega ao paraíso encontra uma antiga paixão que por coincidência também é o pai do seu futuro genro. 

Essa comédia romântica vai para além dos clichês de retorno do amor não resolvido e confusões em casamento, ele é tão previsível que chega a ser monótono, os personagens não tem nenhuma profundidade, ficando no raso de “estamos de férias num país estrangeiro cheio de álcool”, outros americanos e uma fofoca, que particularmente não é nada interessante. Por que se em vinte anos você não conseguir lidar com um romance da faculdade e tem os mesmos comportamentos do passado, é preciso terapia. 

Importante acrescentar também que, mesmo colocando rostos muito conhecidos, como Benjamin Bratt, Brooke Shields e Rachel Harris, a química entre todos os casais formados nesse filme é abaixo de zero, seja Emma e RJ, como noivos, Lana (Shields) e Will (Bratt), Clay (Michael McDonald) e Scott (Wilson Cruz) e até o Lucas (Chad Michael Murray), que deveria criar um tipo de competição pelo coração de Lana, não convence. 

Então fica claro que a parte romântica desse filme fica muito a desejar, assim como a parte cômica, que mesmo pegando o esperado das cenas como: acidentes envolvendo acertos em virilhas, quedas em piscinas e lagos e ficar preso em ilhas – isso poderia ter aberto uma leque de boas piadas já que tinham nada menos que a protagonista de A Lagoa Azul (The Blue Lagoon, 1980) -, mas o filme escolhe ir pelo caminho de piadas que vemos na sessão da tarde há pelo menos 30 anos e obviamente isso perdeu a graça.

No geral, A Mãe da Noiva não diverte, não distrai e não envolve, sendo apenas um filme ruim com elenco conhecido e paisagem paradisíaca. Nem mesmo se permite ser um filme para deixar rolando na televisão em pleno domingo quando você quer só acreditar que o amor existe, pois particularmente, eu passei mais da metade do filme achando que até o casal de noivos terminaria. 

Como dito antes, Walters realmente parece preso aos filmes do início dos anos 2000, colocando um elenco de pessoas brancas e latinas, um casal de homens gays para mostrar que é moderno e a população tailandesa que quase não aparece e quando aparece é apenas para trabalhar para esse grupo de americanos ricos. E como uma pessoa obcecada por Bridgerton (2020 -), isso definitivamente não me impediria de apreciar a história, se houvesse alguma.


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