Furiosa: Uma Saga Mad Max – A força feminina enfurece os mais fracos

Como todo mundo sabe, Hollywood está o tempo todo em crise de criatividade e sua principal solução sempre é buscar filmes e sagas que deram certo no passado e repaginar. A lista tem se tornado cada vez maior, seja Planeta dos Macacos iniciando agora em 2024 uma nova trilogia que se conecta ainda mais com os filmes dos anos 60, seja com O Dublê (The Fall Guy, 2024) estreado também em 2024 como um filme baseado numa série dos anos  80, Duna ganhando uma nova e cara sequência de filmes e até Crepúsculo que não se despediu há tanto tempo e tem previsto o lançamento de uma série animada. E bem, com certeza uma trilogia de filmes que fez sucesso nos anos 80 não ficaria de fora, Mad Max (1979), para além de tudo, foi um filme barato, estrelado por um jovem Mel Gibson e gravado apenas com a determinação, não foi uma grande revolução, mas atraiu público mais que o suficiente para sustentar suas continuações e se tornar referência nos filmes de ação e também de ficção científica. 

Com isso, chegamos em 2015, quando nos foi apresentado uma nova vertente daquele universo e com George Miller sobre o controle da direção e roteiro, teve total autonomia de pegar sua obra original e trabalhar a partir do que foi construído ali. Acredito que todos concordem que essa ideia foi genial e trouxe novos ares conectando a nova geração sem esquecer daqueles que já conheciam a saga antiga. E nesse filme conhecemos Furiosa, estrelado por uma das carecas mais lindas do cinema, Charlize Theron, que está tentando levar as noivas de Immortan Joe para uma espécie de paraíso. Sinceramente, não acho que seja preciso nem comentar como a atuação dela e Nicholas Hoult apagam por completo o Tom Hardy, que em tese deveria ser o protagonista. 

E com a profundidade dada a Furiosa, Miller e Nick Lathouris criam o roteiro de Furiosa: Uma Saga Mad Max (Furiosa: A Mad Max Saga, 2024). Trazendo uma história de origem da personagem, segue uma ideia nada inovadora de uma menina sequestrada neste mundo pós-apocalíptico e com inúmeros sofrimentos e traumas causados por homens que desejam e detém todo o poder. Me pergunto se homens cisgêneros não sabem criar personagens femininas de outras formas. 

O filme é dividido em alguns capítulos e conta desde a infância em um tipo de paraíso em meio ao deserto, lá, Furiosa vive com sua comunidade, predominantemente de mulheres fortes e habilidosas até ser sequestrada por Dementus, que está buscando novos lugares para conquistar. Acredito que a escolha de deixar Chris Hemsworth atuando com a versão infantil de Furiosa, sendo a talentosa Alyla Browne uma escolha segura, pois infelizmente ele não convence muito como vilão sanguinário e cruel, como foi o caso de Immortan Joe em Estrada da Fúria, mas sendo o grande inimigo de uma criança é possível relevar e aceitar, mesmo que o tom humorado desde Thor Ragnarok (2017) parece impossível de abandoná-lo.  

Quando o filme passa para a vida adulta de Furiosa, vemos como ela foi parar trabalhando para Immortan Joe e todo o percurso que a levou ao filme de 2015, foi bem encaixada, não é preciso dizer que Anya Taylor-Joy consegue passar com sua atuação a mesma força silenciosa construída por Charlize Theron, mostrando que a Fúria não está apenas na estrada, mas sim nas mulheres que estão vendo o que sobrou do mundo ser destruído pelos homens. 

Esse filme entrega o mesmo nível de qualidade em fotografia e efeitos do seu antecessor e o elenco tanto antigo, quanto novos estão muito bem. O roteiro não entrega revolução e muito menos grandes plots, mas acredito que Mad Max nunca nem mesmo pretendeu ser esse tipo de filme. Ele entrega muita diversão, explosões e muitos conflitos e para mim, isso é mais que o suficiente.


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