Tá Escrito – E bota culpa no signo, ai ai esse signo

Quem em sua plena existência, a partir dos anos 2000, não teve uma relação conflituosa quando o assunto era signos, horóscopo e mapa astral? Seja ler escondido para entender se nascer em abril realmente te tornava mais irritadiço ou o que significava sua lua ser em Sagitário, até se irritar quando aquele amigo doido por astrologia chegava explicando porque um planeta retrocedendo afetava sua vida. 

O filme Tá Escrito (2023) apresenta a Alice (Larissa Manoela), uma jovem adulta formada em astronomia que se sente frustrada pois, diferente de si, todos ao seu redor atendem todos os estereótipos esperados de seus signos e sendo de Leão, ao invés de destaque, brilho e protagonismo, ela é desempregada, apagada e sem grandes expectativas da vida adulta (eu a identifico apenas como todo jovem adulto atual que sabe que carteira assinada, um amor estável heterossexual e uma boa relação com a família será impossível). De qualquer forma, ela recebe, de forma misteriosa, um livro com algumas regras, mas que promete que tudo escrito ali referente a qualquer signo irá influenciar a vida de todos que tiverem o sol nele, partir daí se inicia uma história nada surpreendente, Alice irá utilizar o livro para melhorar sua vida até que tudo escale em níveis astronômicos e fujam de seu controle. 

O filme em si não traz nenhuma novidade de roteiro, seguindo a cartilha de outros filmes anteriores em que um jovem frustrado adquire um objeto que o possibilita mudar as coisas ao seu redor – como 16 Desejos (16 Wishes, 2010) e Death Note (2017) -, mesmo assim ele consegue arrancar algumas risadas e tem toda a energia de filme de família que passa aos domingos e não acho que eles planejavam ser mais do que isso.  

Apenas alguns poucos pontos me incomodaram: a quase inexistente quantidade de pessoas não brancas. O filme possui apenas um núcleo e a atriz Larissa Manoela está em pelo menos 98% das cenas, entretanto, o resto do elenco é extremamente branco, tendo apenas duas pessoas negras que tem participação extremamente reduzida e limitada à função de revelar os segredos. Outro ponto que me incomodou foi o excesso de cortes nas cenas, em certos momentos parecendo que estava numa cena de ação de John Wick, o filme exagera nos cortes deixando até um pouco confuso, sendo mais perceptível em uma cena de perseguição que tinha todo o potencial de ser animada e divertida e você não consegue se concentrar porque já passou trinta cortes na cena.

Fora isso, o filme é divertido e permite que você se distraia sem precisar refletir sobre nenhum grande problema para além de signos e astros, até se questionar: Você é um estereótipo do seu signo?


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