Caso tenha perdido, temos texto sobre o primeiro episódio da série. Agora vamos rumo ao Acampamento Meio-Sangue!
Avisos importantes!
Eu estou escrevendo estes textos conforme os episódios são lançados. Então se eu apontar ou perguntar algo aqui que é abordado ou respondido em um episódio mais à frente, lembre que no momento da escrita deste texto eu não tinha como saber que isso aconteceria.
Durante o texto vou discutir o que pode/vai vir nos próximos episódios da série, então ele pode conter alguns spoilers do primeiro livro da série literária e da própria série.
O segundo episódio leva o título do sexto capítulo de O Ladrão de Raios e adapta os capítulos 5 até parte do 9 e foi dirigido por James Bobin, assim como o primeiro. Este episódio sofre um pouco mais pelo tempo curto, mesmo ironicamente sendo mais longo do que o primeiro, este deveria ser o episódio das grandes respostas, mas deixa um pouco a desejar nesse ponto. Porém, se sai muito bem ao trabalhar, mesmo que de modo introdutório, toda a relação de honra e paternidade dos meio-sangues com suas mães e pais.
Assisti ao episódio duas vezes, uma vez dublado e outra legendado. A dublagem está boa, gosto das vozes escolhidas, mas ainda sinto que falta um pouco em momentos de emoções diferentes, mas já menos do que no anterior, talvez seja questão de se acostumar às personagens e de experiência, já que ês dubladores são jovens e alguns sem tantos trabalhos.
Logo depois da recapitulação do episódio anterior, temos uma misteriosa Annabeth (Leah Sava Jeffries) que começa mais uma vez o episódio com uma frase icônica de arrepiar fãs: “você baba enquanto dorme.” e um Percy (Walker Scobell) que não sabemos quanto tempo dormiu e se depara com um chifre de Minotauro. Acho interessante Annabeth ser uma espécie de segredo e ser revelada mais para frente. Assim como gosto do foco do nosso protagonista ser o pai, já que seria isso que sua mãe queria, e ele não quer pensar na morte dela.
Na apresentação de Sr. D (Jason Mantzoukas), fiquei com um pouco de receio já que o ator vem sendo um “tio do pavê” em alguns de seus papéis e ele até foi nesse episódio, mas nesse momento ele brilha, é perfeito. Chamando Percy de “Peter Johnson” e tentando fazê-lo trazer uma garrafa de vinho para ele, ótimo jeito de apresentar os favores e missões que semideuses fazem. Ainda assim senti falta daquele ar de deboche como quem diz “estou aqui de castigo por 300 anos fingindo que me importo com vocês, mas ainda posso te matar.”, mas a coca diet está presente, firme e forte. Tiraram a provocação de Percy, o que, de novo, me faz sentir falta do desrespeito à autoridade e a língua que não se segura, apesar de mostrarem bem como ele está confuso e não sabe como as coisas funcionam, pensando que é só sair e achar seu pai.
Quanto a Grover (Aryan Simhadri), é bem claro que a câmera deliberadamente evita suas pernas para não gastar efeitos demais e parece muito que seu papel vai ser o de melhor amigo e de proteger porque Sally (Virginia Kull) pediu, já que não falou nada sobre Thalia ou sobre ser buscador, por conta disso toda a questão de Sr. D e o Conselho do Casco Fendido estar com raiva dele, não existe. O efeito em Sr. Brunner que se revela Quíron (Glynn Turman) é bom, por mais que dê uma escorregada, mas agora sim, temos um centauro de verdade e não simplesmente Pierce Brosnan com efeito nas pernas, sem nem mexer na altura. Fiquei novamente INDIGNADA por tirarem um diálogo que gosto e ninguém falar sobre a bunda de cavalo. Estou começando a achar que tio Rick ficou com raiva de tudo que o filme usou de seu livro e não está querendo usar as frases que ele mesmo criou.
Durante o tour pelo Acampamento, amei como tudo é amplo e realmente feito ao invés de uma tela verde ou um cenário apertado. As plaquinhas indicando direções e tantos adolescentes de blusas laranja me deixou emocionadinha, nem acredito que esse momento chegou. Porém não tivemos a fogueira no centro dos chalés nem a criança mexendo no fogo, que eu entendo não entrar, mas seria algo incrível pensando a série como um todo, mas pode aparecer depois sem nenhum dano.
Quíron, que é o grande e sábio mentor, explica pouquíssimo, e eu entendo que estão espalhando as explicações e conceitos através dos episódios, mas esse momento era perfeito para isso, para encher de blábláblá sem parecer forçado. Pelo menos ele fala sobre os objetos mágicos, como a cadeira de rodas de Quíron, a caneta de Percy, e os que veremos logo depois, o boné de Annabeth e a lança de Clarisse. O conceito de determinado/reclamado e os problemas com o pai também já surgem e nenhuma pergunta sobre os chalés vazios ou os Três Grandes. O pior pra mim é ainda não terem falado sobre a ligação dos deuses com a civilização ocidental, se não for entrar aqui, vai ter que vir da boca de algum deus depois.
No Chalé de Hermes, omitiram a informação de que Hermes é o deus dos viajantes E DOS LADRÕES, parecem não querer mencionar isso para não entregar muito o ladrão de raios e também não dão aquela orientação sobre cuidar bem de suas coisas por conta disso. As jujubas azuis nos dão saudade de Sally e já sabemos da nova fama de Percy que Grover espalhou, afinal, derrotar o Minotauro não é para qualquer um. Somos apresentades a Luke (Charlie Bushnell) que acolhe nosso garoto e tem um charme inegável, mas é retratado de modo muito sério e sábio, faltou aquela sagacidade de um filho de Hermes.
Grover, enquanto isso, procura respostas para o que aconteceu com Sally e vai até o Conselho do Casco Fendido, tendo antes encontrado com uma dríade, que a princípio pensei que poderia ser uma aparição adiantada de Juniper, a namorada de Grover que só aparece lá na frente, mas segundo os créditos ela se chama Helena (Kathleen Duborg) e penso que talvez possa ser a mãe de Grover ou algo assim, pelo modo como ela fala com ele, preocupada em ele estar mexendo nos chifres. Depois ele volta para Sr. D e Quíron, que estão jogando o pinochle, e nos apresenta a ideia de que Sally ainda está viva, com Hades, no Mundo Inferior. No livro essa ideia vem de Percy, ele pensa nisso sozinho e fica cozinhando ela na cabeça, mas aqui ele está pensando mais no pai e evitando pensar na mãe.
Em seu sonho – talvez tenhamos um por episódio -, Percy ouve a figura misteriosa novamente, dessa vez em um lugar devastado, desértico até, eu chutaria que é o Tártaro, mas difícil dar certeza. Acordando, nosso garoto começa a questionar, e isso é importante, muitas das questões que ele levanta durante a saga é que vão fazer com que ele mude as coisas, já que de um modo geral, todo mundo é acostumado a não questionar, ao contrário dele. Ele também é apresentado ao conceito de kleos, glória, para dizer que meio-sangues não estão ali só para aprender a se defender dos monstros, também tendem a lutar entre si, existindo essa rivalidade, competição e respeito, o que interessa a Percy para tentar chamar a atenção e encontrar seu pai. Não por acaso enquanto o tema é levantado, encontramos Clarisse (Dior Goodjohn), filha de Ares e seus irmãos, todos bullys.
Na hora de treinar, vemos uma campista PCD (pessoa com deficiência) praticando arquearia, o que já é um sinal da inclusão que Rick Riordan falou que estaria presente na série. Prefiro nem pensar no que falaram sobre ela na internet, apenas ficar feliz. De qualquer modo, depois de quase arrancar o olho de alguém, nosso protagonista é levado para a ferraria, onde perdem a oportunidade de falar das propriedades do bronze celestial e vai para o refeitório se autodepreciar. Ele se diz uma decepção, mas literalmente só tentou arquearia e ferraria, poderia ter sido feita uma sequência de dias passando e a cada dia ele tentando algo novo e fracassando, até porque faltou o principal que é a esgrima, que é aonde ele vai se destacar.
Nessa cena, um rapaz menciona Oizus, uma deusa menor, e eu fiquei em dúvida de quem ele seria, a princípio pensei que tinham condensado Connor e Travis Stoll em um único personagem, mas então descobri que ele é Chris Rodriguez (Andrew Alvarez), personagem que só aparece do segundo livro em diante e já foi introduzido aqui. Sem a piada do refeitório não ter teto e a magia das comidas, aprendemos sobre as oferendas.
O que nos leva para a cena de Percy acendendo fogo em uma lata e oferecendo suas jujubas azuis aos deuses, em particular. Uma ideia muito interessante, já que ninguém nunca disse que só se podia fazer oferendas na fogueira do refeitório, era mais uma convenção que aceitamos. Foi uma ótima cena para poder entender o que mais estava passando na cabecinha dele.
Quando esbarra com Clarisse de novo, temos Percy sendo engraçadinho e é sobre isso, aquele debochinho é que faltou no primeiro episódio. Pela conversa da bully, fica mais evidente a competitividade e até mesmo um pouco de ciúmes, pois todos os semideuses estão como Percy, querendo se provar, querendo ser notados, não tem ninguém ali naquele acampamento que não tenha mommy issues ou daddy issues, alguns tem até os dois, então lembre sempre disso. Por isso o chifre do Minotauro ficou na casa grande e Percy não levou, já que mostrando o chifre não seria possível negar a vitória contra o monstro.
A cena do banheiro é legal, mas falta tensão. Ela poderia demorar mais, ter mais água jorrando dos canos e empurrando os filhos de Ares, ficou muito rápida. Entendo a ideia de Percy não entender o que aconteceu, mas precisamos de emoção e é a cena que dá título ao episódio. E ali no meio da água de banheiro, conhecemos Annabeth oficialmente, sendo bruta e meio grossa, e me perguntei se seria por falta de habilidades sociais ou por já ter entendido que o garoto era filho de Poseidon e já ter começado sua birra de “nossos pais são rivais”, como no livro.
Na parte final, nos concentramos na caça a bandeira. No livro, Annabeth quer romper a onda de vitórias do Chalé de Ares, mas agora ela quer manter a sua própria onda de vitórias, algo muito justo para mostrar a competência dela e de novo, toda a questão de se provar. O que finalmente nos leva a história de Thalia, e sua parceria com Luke e Annabeth, o que apresenta a ideia dos Três Grandes não poderem ter filhes, mesmo não falando da Segunda Guerra Mundial, da morte de Thalia e sobre Grover. O foco da conversa era Annabeth, mas senti que a história ficou sem final. Luke também conta da missão da filha de Atena que ela tanto espera, a pessoa que ela espera, omitindo algumas informações, por enquanto.
Na hora da ação, a maioria está de armadura, isso vem do filme de 2010, no livro eles só portam armas e colocam elmos. Na hora de falar com Luke, Annabeth não parece apaixonada, e isso só me vem à mente porque foi algo que o tio Rick criticou muito sobre o filme, era importante para ele e aqui não parece estar. Percy entediado e distraído, por outro lado, é perfeito, novamente: é sobre isso. Quando Clarisse chega buscando vingança, nosso protagonista descobre que é bom em lutas corpo-a-corpo e estabelece uma rixa com Ares que vai levar a lugares que desavisades nem esperam.
Quando a lança elétrica quebra e Clarisse praticamente sente dor, fortalece o tema do episódio. Se o boné de Annabeth foi presente da mãe, provavelmente a lança foi presente do pai e era muito importante para ela. Em todo caso, o time azul vence, Annabeth tem sua quarta vitória e sim, sacando de quem Percy é filho, o empurra para a água e ele é determinado, em um momento muito bacana, imaginava apenas a parte de cima do tridente aparecendo, mas apareceu um inteiro. A direção podia ter caprichado mais nessa cena, colocando Quíron anunciando o pai do garoto e todos se curvando a um filho dos Três Grandes, ou com um close nos rostos de quem vai achar essa informação importante, demonstrando diferentes emoções, Annabeth, Clarisse e Luke.
Na hora da missão, afinal é explicado um pouco sobre o raio-mestre, mas muito por cima, assim como a rixa entre Zeus e Poseidon e a suspeita de Hades, esclarecendo porque Percy é suspeito de ter roubado o símbolo de poder e lhe dando o seu curto prazo. Óbvio que o garoto se recusa e ali o Sr. D se exalta e teria sido um lindo momento para mostrar seu poder, mesmo que apenas brilhando em roxo ou sei lá. Surge Grover para salvar a pátria e dar a motivação que Percy precisa para aceitar, tornando o resgate de Sally algo que todo mundo sabe e não um segredo como no livro. Então é hora de ir para o Mundo Inferior, recuperar o raio-mestre de Zeus e impedir uma guerra entre deuses. Coisa pouca, bobagem.
No geral, gostei bem mais do tom desse episódio, sabendo ser leve quando pode e incluindo piadocas, além da preferência por efeitos práticos ao invés de efeitos visuais computadorizados. Por outro lado, acho que o episódio era perfeito para dar muitas explicações, algumas eram perfeitamente encaixáveis aqui, um bocado delas deve vir ainda, como entender melhor a rivalidade entre Ares e Atena, dois deuses da guerra, simbolizando aspectos diferentes dela. De novo, pouco se falou sobre a questão do raio-mestre, sendo que é uma emergência de proporções catastróficas.
A atenção aos detalhes continua linda, com um detalhe azul nos lençóis da cama onde Percy acorda, o alvo em formato de hidra e os colares de contas. No caso desses últimos, fiquei encantada quando vi o de Luke, até perceber que deram vários iguais para figurantes, e é importante lembrar que Luke, Annabeth e Clarisse têm muitas contas em seus colares porque eles são exceções, sobreviveram muito mais do que o esperado e estão ali faz muito tempo, o resto está há menos. Semideuses morrem cedo, mas com o tanto de tempo que Percy vai passar com Annabeth, espero que ela vá elucidando essas questões.
Temos imagens do próximo episódio, mais especificamente: os icônicos tênis voadores, o elevador do Empire State Building com o 600º andar sendo liberado, – espero que seja um flashback, é muito cedo para o trio ir para ao Olimpo – Alecto que retornou e é claro, Medusa.
Vale lembrar que em preparação para a série, também tivemos textos sobre o primeiro livro de Percy Jackson e os Olimpianos, e sua adaptação para o cinema.
Nos vemos no episódio 3!
RESENHA | Percy Jackson e os Olimpianos – Livro Um: O Ladrão de Raios, de Rick Riordan
Bacharel em Cinema e Audiovisual, roteirista, escritora, animadora, otaku, potterhead e parte de muitos outros fandoms. Tem mais livros do que pode guardar e entre seus amigos é a louca das animações, da dublagem e da Turma da Mônica. Também produz conteúdo para o seu canal Milady Sara e para o Cultura da Ação TV.