Velozes e Furiosos 10 – Um bom vilão renova o conhecido

Em 2001, fomos apresentados a um novo conceito do que é ser família. Diferente de Missão Impossível ou Duro de Matar, grandes franquias do fim dos anos 90/início dos anos 2000, a ação em Velozes e Furiosos vinha de uma coisa mais simples, corridas de rua. O mais importante – depois da família, é claro -, seria nunca ver a lanterna traseira do seu adversário, até o momento em que esses adversários deixaram de ser o motorista do carro ao lado e chegaram até donos de gangues e terroristas cibernéticos.

Que essa saga foi mais longe do que qualquer pessoa esperava, isso é consenso geral, não apenas o grande público nos cinemas acompanhando filme após filme, mas a construção desse multiverso, que, para mim é fascinante, realmente precisava de tantos?? Velozes e Furiosos pode até ser uma saga de reforço da masculinidade héterocis, no entanto, eu, como público que não é em nada o alvo, sempre fui apaixonado e nesse texto haverão apenas elogios do início ao fim. 

Velozes e Furiosos 10 (Fast X, 2023) é o encerramento, dividido em três partes, da série de filmes de único nome. Sendo entregue às mãos do diretor Louis Leterrier, o último filme nos apresenta prontamente o grande vilão, Dante Reyes, ligado diretamente ao 5° filme, quando a dinâmica da família/equipe se concretiza contra um grande traficante brasileiro. Jason Momoa não está apenas se divertindo ao extremo nesse filme, como o visual meio queer meio hetero de academia, trouxe novidade e refresco a uma sequência de vilões heteronormativos. Vê-lo com armas, anéis, penteados fofos e roupas extravagantes, transbordando uma mistura de feminilidade com psicopatia máscula não era exatamente o que eu esperava. 

Que seria mais um filme de vingança, isso era claro, desde Velozes e Furiosos 7 (Fast & Furious 7, 2015), todo o universo está numa caçada por vingança contra Dom Toretto e para conseguir isso, vai em busca de sua família. Dante não se diverge nessa questão, depois do pai, Hernan Reyes, ter sido roubado e morto pela família furiosa, ele não busca apenas a morte do Toretto e todos que em algum momento o ajudaram, mas um longo sofrimento. O personagem consegue ser carismático, estranho, ameaçador e imparável, acredito ser o inimigo perfeito para a finalização dessa saga. 

Assim como a escalação de Jason Momoa, Brie Larson e John Cena pegaram o mesmo ritmo de diversão que uma franquia que levou um carro ao espaço pede. Infelizmente as aparições da Larson eram sem excesso e em alguns momentos até tímidas, ela conseguiu firmar seu papel e uma expectativa do que ela será capaz – principalmente sua influência na cena extra que me deixou chocado no último segundo. Cena, que aparece como irmão Toretto desgarrado no filme anterior, retorna numa dinâmica mais flexível e com um humor que me lembrou seu papel em Pacificador (Peacemaker, 2022 -), um pouco mais censurado, mas não menos letal. 

Sinto que Louis Leterrier soube muito bem como utilizar as carinhas que acompanhamos há anos numa dinâmica funcional com os novos rostos e talvez por alívio de finalmente estar acabando, ou apenas por parecer ter sido menos conturbada, o elenco aparece mais entrosada, principalmente pela escolha de separar em três núcleos narrativos, sem tornar cansativo, repetitivo ou previsível.

Outro ponto que me fez brilhar os olhos foram as cenas de luta, sem tantos recortes e mais limpas e brutais, esse foi o filme que eles escolheram que todos os personagens saberiam não apenas lutar, mas lutar bem e bonito. Tecnicamente esse filme se eleva no mundo dos filmes blockbuster e se separa dos seus antecessores. 

Para evitar spoiler, encerro dizendo que ao receber a notícia que enquanto os investidores viam as partes finalizadas do Velozes e Furiosos X, eles pediram para adicionar mais uma, fiquei cético e revoltado, seria realmente necessário? No entanto, depois que a tela escurece e os créditos sobem, eu estou gritando e pensando que apenas 3 partes serão poucas para o potencial de qualidade que eles finalmente perceberam ter.


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