Superman & Lois: 1ª Temporada – O ajuste das mudanças

Existe uma famosa trindade na DC, formada por Superman, Batman e Mulher Maravilha e, por alguma razão, o primeiro nunca me chamou atenção. O escoteiro azul era muito bom, muito forte, não parecia interessante em qualquer adaptação já feita. Quando vi a escalação de Tyler Hoechlin para o interpretar em Supergirl (2015 – 2021), fiquei feliz de ver o ator de Teen Wolf (2011 – 2017) com um papel tão icônico. Não esperava o quanto iria amar o Clark Kent e o Superman do ator, mesmo em suas curtas aparições no seriado de sua prima. Levando em consideração os últimos dez anos, acho, de verdade, a versão mais fiel ao Superman de Richard Donner, em seu heroísmo e otimismo. 

Na temporada seguinte do mesmo seriado haveria a estreia de uma parte importante nas mitologias do Superman, a personagem Lois Lane, repórter e interesse amoroso do Homem de Aço, já interpretada por inúmeras atrizes ao longo dos anos. Bitsie Tulloch deu vida a personagem, trazendo uma ótima e tridimensional repórter com uma paixão pelo homem mais forte do mundo, vindo de outro planeta. A química entre Tulloch e Hoechlin era exatamente digna de um casal tão conhecido pelo seu relacionamento e companheirismo nos mundos das animações, quadrinhos e live actions. O anúncio do seriado Superman & Lois (2021 -) foi muito bem vindo, fazendo mais por um grande acerto do universo da CW

Um seriado sobre o mais poderoso super herói da Terra, o último dos kryptonianos, e uma dedicada repórter já seria bom o suficiente, mas a criatividade da equipe por trás da série foi além. Os dois eram pais, pais de dois meninos adolescentes, Jonathan (Jordan Elsass) e Jordan (Alex Garfin). Olha, ao longo da temporada é extremamente irritante os enredos mais adolescente dos filhos, mas vale muito a pena toda a narrativa de vermos a melhor repórter do mundo e o super-homem sendo pais de adolescentes. As atuações de Jordan e Alex não são ruins mas, honestamente, em meio a tantos dramas mais sérios, é meio irritante a bobeira de adolescente. É muito desequilibrado como os jovens têm problemas bobos em meio a tantas coisas importantes rolando em seu entorno. 

Com o falecimento de Martha Kent, a família se muda para casa onde Clark cresceu em Smallville para que o filho do casal com poderes recém descobertos, Jordan, possa aprender a usar suas habilidades kryptonianas, assim como seu pai. A chegada da família à Smallville significa a presença da presença da primeira namorada de Clark, Lana Lang (Emmanuelle Chriqui) e a sua nova família. O interessante é como a narrativa foge totalmente de qualquer expectativa, desenvolvendo muito bem a amizade entre Lana e Clark, assim como a dela com a repórter Lois Lane. É a filha dela quem desenvolve uma relação de amizade com o filho do casal, Jordan. Como disse, o núcleo jovem não é o ponto mais alto da série e nem os seus dramas. 

Balancear a vida de Superman e pai é o desafio de Clark, exatamente como é estar presente ao redor do mundo todo e estar lá pela sua família. Afinal, o filho dele está lidando com um enorme poder e para Clark não há mais ninguém no planeta fora ele que tenha passado por isso. Esse senso de conexão com a origem kryptoniana do personagem é parte da trama, pois são seres extremamente poderosos na Terra e nem todos são tão capazes de confiar neles. É daí onde aparece o personagem interpretado por Wolé Parks, com uma poderosa armadura e disposição para mostrar o potencial monstruoso do Superman. É engraçado, a série constrói toda a história para ter nesse personagem o antagonismo da temporada e subverte isso de uma forma muito desenvolvida e surpreendente. 

Nossa repórter saída do Clarim Diário passa a trabalhar na Gazeta de Smallville, sob a supervisão de Chrissy Beppo (Sofia Hasmik). Ambas seguem a investigação de Lois, responsável pela mesma ter se demitido do Clarim, sobre o industrialista Morgan Edge (Adam Rayner). O atual interesse de Edge na cidade de Smallville termina por envolver cada vez mais a trama da temporada, revelando as verdadeiras intenções dele para o lugarejo. Há muito diálogo com o mundo real, uma das melhores partes dessa série sobre alienígenas e super-heróis, e como empresas propõem a melhoria de certas regiões enquanto suas explorações dão problemas e prejudicam a população, ficando por isso mesmo. 

Encontrar o lugar como família nessa nova cidade, no mundo perante novas ameaças, é o maior tema da temporada. Pois se trata de mudar de uma cidade grande como repórteres, onde seus filhos não sabiam de um grande segredo, para ir para uma pequena cidade e ter que lidar com não apenas o conhecimento dos jovens sobre seu pai ser o Superman, mas também um deles ter poderes próprios. A dinâmica da família nuclear, a relação de Lois e Clark para com o pai de Lois, com quem Clark trabalha como Superman, também é bem aprofundada. Sam Lane (Dylan Walsh) tem uma grande dificuldade de ser um pai, um sogro, um avô, e nem sempre um militar e isso causa diversos problemas com sua família. Há mais sobre a família, especialmente em relação ao Kal-El, sua herança kryptoniana, explorada na temporada. 

A primeira temporada está disponível atualmente no HBO Max, a série está atualmente indo ao ar com sua terceira temporada. 


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