Os Filmes mais esnobados do Oscar 2022


Belle

Possíveis indicações: Melhor animação; melhor canção original (A Million Miles Away)

Durante algum tempo os longas animados do estúdio Ghibli eram presença garantida entre os indicados ao Oscar na categoria, representando o estilo típico japonês tanto em seus traços como na maneira de contar suas histórias. Mas nos últimos anos a categoria tem esnobado várias ótimas produções, sejam do famoso estúdio de Hayao Miyazaki, seja de qualquer outro, sendo a última aparição de um anime no Oscar o filme Mirai (Mirai no Mirai, 2018) em 2019, do diretor Mamoru Hosoda. Sua animação mais recente, Belle (2021), uma belíssima e atual releitura do conto A Bela e a Fera, poderia entrar facilmente este ano como um forte concorrente, além de também conter uma linda música feita para o filme e que poderia concorrer na categoria de melhor canção original. Ouça a música aqui.


Eternos

(Eternals)

Possíveis indicações: Melhor direção (Chloé Zhao)

A grande vencedora do Oscar de 2021 nas categorias de melhor direção e melhor filme retorna para surpreender a todos em um filme completamente diferente de tudo que já havia feito antes. Mas Chloé Zhao consegue imprimir sua identidade dentro da fórmula Marvel com maestria e entrega algo novo dentro de um universo já consolidado. E a direção da cineasta, suas escolhas e decisões foram fundamentais para fazer de Eternos o épico que é.


Vingança & Castigo

(The Harder They Fall)

Possíveis indicações: Melhor Atriz (Regina King)

O faroeste com protagonismo negro dirigido por Jeymes Samuel foi uma das boas surpresas lançadas pela Netflix no ano que passou, mesmo sem exatamente inovar dentro do gênero o pinta com elementos da cultura afro-americana que dá um charme especial ao longa. E uma parte fundamental desta força vem de seu elenco arrebatador, incluindo nomes como Jonathan Majors, Zazie Beetz, LaKeith Stanfield, Delroy Lindo e Idris Elba. Mas o grande destaque do filme em minha opinião é da maravilhosa Regina King, que poderia com este papel facilmente disputar pelo seu segundo Oscar.


Identidade

(Passing)

Possíveis indicações: Melhor atriz coadjuvante (Ruth Negga)

Identidade (Passing, 2021), primeiro trabalho da atriz Rebecca Hall, faz uma importante discussão acerca de temas delicados e necessários envolvendo a percepção da cor da pele em um Estados Unidos dos anos 50. A dupla Tessa Thompson e Ruth Negga carregam o foco do filme, em uma fotografia em preto e branco que, mais do que estética, faz parte narrativamente do jogo proposto pelo filme. Negga está em uma de suas interpretações mais inspiradas, e certamente merecia o reconhecimento pela complexidade de sua personagem.


Spencer

Possíveis indicações: Melhor direção (Pablo Larraín); melhor roteiro original (Steven Knight); melhor fotografia (Claire Mathon); melhor design de produção (Guy Hendrix Dyas) e melhor filme

Em minha opinião o mais subestimado desta temporada. Claro que a grata surpresa pela merecida indicação de Kristen Stewart deve ser comemorada, mas o novo filme do talentoso Pablo Larraín merecia um destaque muito maior na premiação deste ano. O filme é praticamente impecável em toda sua proposta, nos trazendo uma visão inovadora de uma personagem que já vem sendo explorada até o limite. Planejado para imprimir a angústia daquela mulher através de uma criação de clima tenso que beira um horror psicológico, Spencer (2021) ainda tem um design de produção extremamente cuidadoso em cada detalhe e uma fotografia de tirar o fôlego de tão deslumbrante comandada por Claire Mathon (uma das melhores diretoras de fotografia em atividade e que ainda deverá ser melhor reconhecida).


O Cavaleiro Verde

(The Green Knight)

Possíveis indicações: Melhor design de produção (Jade Healy); melhor fotografia (Andrew Doz Palermo) e melhor roteiro adaptado (David Lowery)

Um dos filmes que mais esperei ansioso em 2021 me entregou um dos meus preferidos de 2021. Dirigido e adaptado da lenda inglesa por David Lowery, O Cavaleiro Verde (The Green Knight, 2021) é uma maravilhosa e sombria fábula sobre coragem e honra, mas também sobre até onde esses valores podem nos levar, mas o filme só funciona bem pelo cuidadoso trabalho estético que contêm e essas qualidades o poderiam levar a algumas indicações técnicas na premiação deste ano.


A Crônica Francesa

(The French Dispatch)

Possíveis indicações: Melhor roteiro original (Wes Anderson) e melhor design de produção, figurino e cabelo e maquiagem

Claro que A Crônica Francesa (The French Dispatch, 2021) é um filme atípico dentro da filmografia de Wes Anderson, um dos queridinhos da academia nos últimos anos, funcionando bem como uma grande homenagem do cineasta ao valoroso trabalho do jornalismo independente. Com um elenco estelar já comum nos filmes do diretor, mas que, divididos em cada um dos segmentos do longa, acabam tendo pouco tempo de tela para se destacarem com a força necessária para concorrerem em categorias de atuação (mesmo que eu ache o trabalho de Benicio Del Toro e Léa Seydoux incríveis no filme), me surpreendeu o longa não ter aparecido na categoria de roteiro original e por seu design de produção e arte extremamente criativos. Entretanto este é o primeiro longa do diretor em muitos anos que não dá as caras na premiação.


Duna

(Dune: Part One)

Possíveis indicações: MELHOR DIREÇÃO (Denis Villeneuve)

Ok, foram dez indicações para o filme, todas elas muitíssimo merecidas. Porém, mesmo que o prêmio de melhor direção este ano já tenha dona (parabéns Jane Campion maravilhosa), senti muita falta da carinha do Villeneuve entre os indicados na categoria. Especialmente pela tarefa árdua que foi adaptar de uma forma impressionantemente bem um dos maiores e mais épicos clássicos da literatura, mas também por que há diretores que ocuparam uma vaga este ano provavelmente só pelo favoritismo da Academia (pra ser justo, enquanto escrevo essa lista ainda não vi três dos indicados).


VEJA TAMBÉM

Os filmes mais esnobados do Oscar 2021

Os 16 filmes mais esperados da primeira metade de 2022