Os filmes mais esnobados do Oscar 2021


Forty-Year-Old Version

Possíveis indicações: Melhor atriz (Radha Blank); melhor roteiro original.

Forty-Year-Old Version (2020) foi uma das melhores surpresas do ano passado lançada na Netflix. Escrito, dirigido e protagonizado pela talentosíssima Radha Blank, o filme tem ares de autobiográfico e demonstra uma inegável segurança em um roteiro que mescla humor e o drama da vida real de uma professora de teatro de 40 anos que pretende se tornar rapper. Radha surpreende com uma atuação extremamente natural, que lhe rendeu uma indicação ao BAFTA deste ano.


Estou Pensando em Acabar com Tudo

(I’m Thinking of Ending Things)

Possíveis indicações: Melhor roteiro adaptado; melhor atriz coadjuvante (Toni Collette); melhor design de produção.

O diretor e roteirista Charlie Kaufman é figurinha carimbada nas premiações do Oscar, levando a estatueta de melhor roteiro original em 2005 por Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças (Eternal Sunshine of the Spotless Mind, 2004). Em sua última produção, lançada em ano passado na Netflix, Kaufman traz mais uma história bem ao seu estilo, cheia de metáforas e, para muitas pessoas, confuso demais, nos entregando sua própria versão do livro homônimo de Iain Reid. O filme conta ainda com ótimas atuações do elenco, sendo o maior destaque para a sempre incrível Toni Collette.


Bacurau

Possível indicação: Melhor roteiro original

Desde seu lançamento no Festival de Cannes de 2019 o filme escrito e dirigido por Juliano DornellesKleber Mendonça Filho, vem chamando a atenção da crítica e despontando em várias premiações pelo mundo. Apesar de ter estreado há tanto tempo por aqui o filme entrou em circuito comercial fora do Brasil apenas ano passado, o que o tornava elegível para o Oscar deste ano em todas as categorias de longa de ficção, com exceção de Melhor Filme Internacional, já que fora inscrito por uma produtora americana. A esperança era que o filme fosse reconhecido na categoria de melhor roteiro original, ou até mesmo em alguma das técnicas, como fotografia ou edição, mas talvez o fato de os vilões do filme serem os estadunidenses não tenha ajudado muito na campanha.


Boys State e Até o Fim: A Luta Pela Democracia

(Boys State e All In: The Fight for Democracy)

Possível indicação: Melhor documentário

Em um ano em que a política dos EUA mostrou-se abalada pela troca de mandato difícil entre o repugnante Donald Trump e o menos ruim Joe Biden, com um processo “revelador” de que a democracia no país do Tio Sam está tão abalada como em qualquer outro lugar do mundo, e muitas vezes até pior, era de se esperar que a categoria mais política da premiação fizesse a escolha por filmes que tratassem de temas mais voltados para isso, sendo Até o Fim: A Luta Pela Democracia (All In: The Fight for Democracy, 2020) e Boys State (2020), lançados respectivamente pela Amaozn Prime Video e pela Apple TV+, dois dos mais cotados para concorrer neste categoria. Mas pelo visto a Academia escolheu por filmes mais sentimentais e que escapassem de uma proposta crítica a seu próprio país.


Destacamento Blood

(Da 5 Bloods)

Possíveis indicações: Melhor filme; melhor direção; melhor ator coadjuvante (Delroy Lindo)

O mais recente filme de Spike Lee provavelmente é um dos mais injustiçados desta temporada de premiação. Subestimado por grandes eventos como Globo de Ouro e agora o Oscar o filme deve ter sido prejudicado pelo lançamento demasiado cedo ano passado, o que o fez perder força na campanha para este ano. No entanto, nada justifica a ausência de Delroy Lindo, em uma performance não menos que impressionante, indicado na categoria de melhor ator coadjuvante.


Nunca, Raramente, Ás Vezes, Sempre

(Never Rarely Sometimes Always)

Possíveis Indicações: Melhor filme; melhor direção; melhor atriz (Sidney Flanigan); melhor atriz coadjuvante (Talia Ryder).

Outra ausência imperdoável é Nunca, Raramente, Ás Vezes, Sempre (Never Rarely Sometimes Always, 2020). Um dos melhores longas do ano passado chamou a atenção em várias premiações durante a temporada, mas parece tratar de um tema muito tabu nos EUA, além de se tratar de uma produção com ar independente, para que a Academia prefira não jogar os holofotes sobre ele. Mas é necessário ressaltar que, além da dupla de protagonistas que está excelente no filme, a diretora Eliza Hittman entrega um trabalho à altura e até melhor do que muitos dos indicados na categoria de melhor direção.


Outros esnobados: On the Rocks (melhor ator coadjuvante para Bill Murray); A Assistente (melhor atriz para Julia Garner); O Homem Invisível (melhor atroz para Elisabeth Moss); Tenet (melhor trilha sonora original); Uma Noite em Miami (melhor direção e melhor filme); O Que Ficou Para Trás (melhor atriz para Wunmi Mosaku).

Lembrou de mais algum injustiçado deste ano? Fala aí nos comentários.