Em um momento onde o fascismo se encontra tão aceso e a direita brasileira tenta a todo custo destruir a força e as conquistas do povo brasileiro até aqui, Marighella (2019) é um filme para se inspirar. O filme nos relembra do quanto a história é apagada. O Brasil não é um país que deseja lembrar, é mais fácil e pesa menos na consciência fingir que prisões, torturas e mortes não aconteceram. Que a censura e os meios de comunicações abaixaram suas cabeças diante do golpe militar que durou 21 anos no país.
Lançado em 2019 numa exibição em Berlim, com uma placa relembrando Marielle, o primeiro filme dirigido por Wagner Moura passou por diversas dificuldades e burocracias para conseguir chegar até o Brasil. Talvez por tudo o que já falei anteriormente, a tentativa de apagar a parte feia e desumana da história do país. Porém, apesar dos empecilhos, Marighella conseguiu finalmente sua estreia nos cinemas brasileiros e fica claro o quanto precisamos lembrar, precisamos mostrar, precisamos esfregar na cara do povo tudo o que já passamos, não existe mais a possibilidade de aceitar que o povo seja omisso e não lute para defender nossa democracia, que sofre tantos ataques ao passar dos anos.
Com nomes fortes e de atuações impecáveis, como Seu Jorge, Bruno Gagliasso, Humberto Carrão e até mesmo a participação do Pastor Henrique Vieira, nome fortíssimo dos homens que profetam a fé em um Deus justo e que não é omisso, não esquece o quanto várias igrejas também foram aliadas do povo quando se fez necessário. Wagner Moura insiste na necessidade de educar o povo, divulgar o que acontecia por baixo dos panos. Nenhuma revolução funciona sem a participação forte da população, do povo. Enquanto aceitarmos o que fazem com a gente, nada pode mudar. Principalmente quando se faz parte de uma minoria, é bem mais fácil do laço se romper.
Filme forte, impactante e extremamente importante. Para quem precisa de um gás para motivos de lutar, para motivos de se sentir um verdadeiro patriota, amar um país e a liberdade do seu povo, Marighella é um prato cheio. Inspirador e potente, que sirva para nos lembrar. Nunca esquecer.
Marighella vive. Marielle Franco vive.
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Psicóloga, apaixonada pela psicanálise e absolutamente obcecada por true crime, thrillers e máfia. Falo mais que a mulher da cobra e poderia viver facilmente apenas de livros, séries e filmes.