Para muitas pessoas as festas de Natal e Réveillon são a época favorita do ano. Mas como seria acordar e todos os dias ser manhã da véspera de Natal? Jorge (Leandro Hassum) é um pai de família que odeia o Natal por fazer aniversário justamente na mesma data. Pode parecer como qualquer outro enredo de filme natalino, se não fosse pelo fato de que Jorge sofre um acidente e passa a acordar todos os dias no dia 24 de dezembro sem lembrar do que aconteceu durante o ano. Essa é a aposta do novo filme original da Netflix Tudo Bem no Natal que Vem (2020) que estreou na plataforma de streaming ainda no começo de dezembro, estrelado por Leandro Hassum, e logo entrou para o top 5 dos filmes mais vistos da Netflix do Brasil em sua semana de estreia.
O grande diferencial do filme talvez seja trazer toques de comédias famosas do Adam Sandler, como Click (2006) e Esposa de Mentirinha (Just Go with It, 2011), para o cotidiano natalino brasileiro. O verão, as piadas e os relacionamentos familiares e da comunidade são típicos de boa parte dos lares das famílias do Brasil, tornando assim o filme acessível para aquele público que sempre viu o Natal pela ótica internacional e hoollywoodiana: muita neve e outros itens culturais que não se assemelham à nossa realidade.
Outros aspectos do filme são louváveis. Engana-se quem pensa que um filme brasileiro estrelado pelo Leandro Hassum, ator consagrado na comédia, seria apenas para garantir risadas no final de 2020, um ano turbulento para todos. Tudo Bem no Natal que Vem traz à tona questões sobre a presença parental, adultério e levanta uma conscientização sobre o câncer de mama que é o tipo de câncer que mais acomete mulheres no Brasil. O filme ainda traz um discurso sobre valores e promete emocionar o público com o seu desfecho digno de derramar algumas lágrimas.
Além das conhecidas mensagens em filmes de Natal no estilo Os Fantasmas de Scrooge, Tudo bem no Natal que Vem também merece ser exaltado por aspectos técnicos. O filme é dirigido por Roberto Santucci, que já trabalhou com Hassun antes. Já o roteiro é assinado por Paulo Cursino e, para muitos, pode ser identificado como simples, mas é coeso e, quando comparado aos filmes do Adam Sandler citados anteriormente, não deixa nada a desejar.
Outros aspectos interessantes do filme são suas escolhas estéticas. Cheio de efeitos visuais práticos e bem trabalhado nas cores e na fotografia, o filme explora as suas escolhas imagéticas para evidenciar as mudanças temporais e familiares que ocorreram durante toda a narrativa. Outro ponto alto do filme está no seu elenco, com destaque para os protagonista, Leandro Hassun (Jorge) e Elisa Pinheiro (Laura), que carregam em cena uma química forte e que fazem você torcer pelo casal. Além disso, Leandro Hassun traz uma atuação cheia de excessos, mas dentro da proposta do filme, desenvolvendo assim um personagem extremamente engraçado e cativante aos olhos do púbico. Outro destaque está no papel de Danielle Winnits (Márcia), uma personagem caricata, vista como a antagonista, com relativamente pouco tempo de tela se comparada aos personagens principais, mas ainda consegue chamar a atenção em suas cenas cheias de exagero e garantir risadas.
O cinema brasileiro está se expandindo e a prova disso está em Tudo Bem no Natal que Vem que, apesar da fórmula já conhecida em outros filmes populares de comédia, traz todos os elementos culturais de um Natal brasileiro (piada do tio do pavê? Tem!). E é uma ótima proposta para juntar a família em tempos tão estranhos que não podemos celebrar o período natalino como nos anos anteriores e assistir, agora nas festas de fim de ano, para tão logo absorver as mensagens e lições reconfortantes da magia do Natal. Em especial a mensagem mais forte, e talvez a mais importante que o filme carrega, e que devemos levar para 2021, especialmente depois daquilo que presenciamos em 2020: nada como um dia após o outro (ou nada como um Natal após o outro).
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Estudante de Cinema e Audiovisual e extremamente taurina com ascendente em peixes. Apaixonada por musicais, Harry Potter e filmes de terror. Talvez um pouco perdida, mas tentando encontrar o seu lugar no mundo.