Vivi Lobo e o Quarto Mágico – Entre a magia inócua da criança e o real de seus símbolos

Animação que integra a 9ª Mostra Ecofalante de Cinema e 31º Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo, nos leva a entrar no mundo de Virgínia “Vivi” Lobo, garotinha recém chegada na cidade, que sofre bullying na escola por seu sobrenome. Certo dia, aparece uma porta mágica em seu quarto que muda sua vida desde então.

É indiscutível a qualidade da animação. Seus frames orgânicos e a escolha das cores dão uma camada singela para o ambiente de Vivi. Com elas, observa-se um discreto bucolismo, brincando com elementos da natureza como nuvens, chuva, folhas. Todos esses primeiros encantos mais figurados se contrastam com as agressões verbais e rejeições que vive (no caso de Vivi, o bullying escolar). Entretanto, tal contraste é um preparo para um momento mais mágico. E toda mágica é um momento de virada!

Sobre o nome da protagonista, não conseguimos fugir em associar a famosa escritora Virginia Woolf. Sim, Vivi Lobo carrega traços propositais da escritora, como o amor pela leitura, o sonho em ser escritora e muitos entendimentos do mundo que a cerca. Mas Vivi não é, ela em sua totalidade, como uma biografia. Aliás, acredito que o Lobo de Vivi está mais próximo de Estés do que de Woolf. Já no que condiz biograficamente, existem importantes personagens femininas que habitam seu quarto mágico. É nelas que o deleite textual do roteiro corre numa alcateia entre a magia inócua da criança e o real de seus símbolos.

Com várias referências como Coraline, Nárnia, Persépolis, Vivi Lobo e o Quarto Mágico (2019) merecia mais 1  ou 2 minutos antes de sua exposição final. Aliás, merecia ser um longa-metragem, para correr mais ainda dentro da coletividade resistente que revela a si.


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