Curtas de Animação Indicados ao Oscar 2019

Quem já é leitor assíduo do Só Mais Uma Coisa sabe que todo ano tem aquela corridinha básica para o Oscar, não é mesmo? Em 2019 não vai ser diferente. E como também já é costume, é claro que eu to aqui para puxar a sardinha pro lado da animação. Aceitei a missão de falar sobre a categoria de curta-metragem de animação. Conferi todos os cinco curtas indicados e vou contar um pouquinho mais sobre eles para vocês.
(2018)
O Oscar não é o Oscar se não tiver nada da Pixar, não é? Esse curta fofinho, dirigido por Domee Shi, conta a história de uma mulher chinesa que é surpreendida após ver que um dos bolinhos que ela cozinhou ganhou vida. A mulher então passa a cuidar desse bolinho e durante todo o curta, vemos o crescimento dele e a relação entre os dois. Nós vemos como a mulher é muito dedicada a cuidar do bolinho, o que faz com que em alguns momentos ela seja superprotetora. Essa superproteção e a rebeldia de um bolinho adolescente são os elementos que constroem a tensão do filme e que nos encaminham para o entendimento da real mensagem por trás da história (que eu não vou contar porque é spoiler).
A animação é bem feita e bonita, porém não é nada que a gente já não espere da Pixar. Para mim, uma das melhores coisas em relação à indicação desse curta ao Oscar, é o fato de que Domee Shi é a primeira mulher a dirigir um curta-metragem da Pixar. Uma grande barreira que foi quebrada e está ganhando reconhecimento.
(One Small Step, 2018)
Esse curta, dirigido por Andrew Chesworth e Bobby Pontillas, conta a história de Luna, uma garotinha que sonha em se tornar uma astronauta. Luna vive com seu pai, que é o personagem que mais me encantou. A gente acompanha todo o crescimento da garota e seu esforço para conseguir realizar seu sonho. É claro que ela vive diversos momentos de altos e baixos e enfrenta muitas dificuldades em seu caminho. Durante todo esse o processo, o pai dela está sempre acompanhando a menina, torcendo por ela e, por muitos momentos, fazendo com que ela não desista. Todo o cuidado que ele tem com ela e o apoio dele são mostrados de uma maneira muito interessante. O pai é sapateiro e, desde que Luna era pequena, ele faz os sapatos para ela e também os conserta. É uma maneira bem delicada de dizer que ele está ali, cuidando dos passos dela.
O curta é encantador, os traços, os cenários e as cores são apaixonantes. Definitivamente é um dos meus preferidos. E o título provavelmente faz referência à famosa frase dita por Neil Armstrong ao pisar na superfície lunar: “É um pequeno passo para um homem, mas um grande salto para a humanidade”.
(Late Afternoon, 2017)
Chegou o momento de pegar aquele lencinho, deixar do seu lado e se preparar, porque é provável que você chore. Dirigido por Louise Bagnall, o curta nos apresenta uma fofa senhorinha, que, a partir de um xícara de chá com biscoitos, começa a relembrar de diversos momentos da sua vida. O visual dessa animação é espetacular. No tempo presente, a presença do amarelo e do laranja traz uma sensação de aconchego. Você quer ficar ali com a senhorinha. Já quando a história vai para o passado, o curta explora o uso de formas e cores diversas de modo bem livre, quase como uma pintura abstrata, na tentativa de se aproximar à estética das lembranças. Esse visual das memórias me lembrou muito do filme O Menino e o Mundo (2013), do Alê Abreu.
O curta traz um clima bem agradável e fofinho, mas no final te dá um soco no estômago. Ao longo da história, é possível deduzir sobre o que se trata, mas você não quer aceitar porque já está totalmente envolvido com o clima do filme e com a personagem. Então se você não quiser chorar que nem um bebê depois, melhor nem assistir. Brincadeira, assiste sim. Vale a pena. É o meu favorito para vencer a categoria.
(2017)
Em Weekends, acompanhamos um garotinho que está sempre alternando entre a casa da mãe e do pai, que são recém divorciados. Nessas idas e vindas, o real se mistura com o imaginário do menino, onde podemos ver as percepções que ele tem sobre a situação, seus medos e suas vontades. O curta, dirigido por Trevor Jimenez, não tem nenhum diálogo e é muito rico visualmente. O traço nos remete a um estilo de animação mais antigo. O visual do filme parece um pouco apagado e frio, o que traz uma sensação meio desconfortável ao assistir, talvez seja até uma maneira de fazer uma aproximação com o personagem que sente como aquela situação que ele está vivendo o afeta.
O curta tem uma carga um pouco mais pesada por tratar de um assunto delicado (em alguns momentos, é até meio macabro), mas não é desagradável. Você fica esperando alguma coisa pior acontecer, mas no fim das contas não acontece nada porque não precisa. Não deixa de ser emocionante e provocar muitas reflexões.
(Animal Behavior, 2018)
Em Comportamento Animal, dirigido por David Fine e Alison Snowden, somos apresentados a um grupo de animais que estão em uma sessão de terapia. A rotina dos animais é quebrada quando chega um novo paciente: o macaco Victor. Victor tem problema em controlar a raiva. Ele não quer participar da terapia de jeito nenhum e isso provoca o caos entre os bichos. A história toda se passa dentro da sala de terapia. A ideia do curta é bem interessante, mas poderia ter sido melhor trabalhada. Os personagens são um pouco rasos.
No entanto, é legal a ideia de fazer a história toda em um único espaço e colocar os animais nessa situação que é tão comum a nós, seres humanos. Tentar pensar como seria uma sessão de terapia para animais é bem divertido. Os pontos de humor são bem colocados, mas também deveriam ser explorados de uma maneira melhor.
Em comparação aos outros curtas indicados para essa categoria, Comportamento Animal parece o mais fraco, na minha opinião. Mas dá pra assistir e se divertir com essa situação inusitada.