Westworld: 1ª Temporada – Prazeres violentos, consequências reais

Westworld estreou em 2016 em meio a olhares desconfiados, muitas pessoas não acreditavam em uma série baseada em um filme que não fez muito sucesso nos anos 70, embora tenha sido escrito e dirigido pelo renomado autor Michael Crichton, responsável por obras como Congo, Esfera, O Enigma de Andrômeda e o mais conhecido, Jurassic Park. 

A aposta era de que a série seria mais uma daquelas com mais do mesmo, uma trama com plot twists previsíveis, personagens pouco desenvolvidos, roteiro fraco. Mas, a produtora e criadora da série, Lisa Joy e o produtor executivo e co-criador Jonathan Nolan, são dois roteiristas de mão cheia, não só conseguiram fazer um upgrade no conceito proposto por Crichton lá em 1973, como também expandiram a ideia, entregando uma série que mistura sci-fi e questões existenciais em uma narrativa tão inteligente quanto os anfitriões do parque.

Falando neles, a história, gira em torno de um parque, que simula o Velho Oeste americano, criado pela megacorporação DELOS, onde os convidados (pessoas ricas e influentes), podem dar vazão aos seus desejos e instintos mais sombrios em um ambiente onde tudo é permitido, e onde as pessoas não arcam com as consequências de seus atos, afinal de contas, os anfitriões, embora pareçam humanos, são obras-primas da robótica, programados para realizar tudo que os convidados quiserem e em hipótese nenhuma machucá-los. 

A série da HBO é bem estruturada, o enredo não se limita só aos mistérios, que originam diversas teorias, que ao fim de cada episódio, são debatidas a exaustão em diversos fóruns virtuais. As reviravoltas têm sempre propósito, prático ou filosófico, pois fazem parte de um plano mestre ainda maior. Como resultado, temos um quebra-cabeça que se completa aos poucos, onde as peças se encaixam perfeitamente.

Somado a isso, o elenco entrega atuações fantásticas. Sir. Anthony Hopkins, com seu Dr. Robert Ford, o arquiteto por trás do parque, nos brinda com um dos melhores papéis da sua carreira. A Dolores de Evan Rachel Wood, que soube dosar com maestria a evolução da personagem a cada episódio. Jeffrey Wright, e o seu Bernard Lowe, um personagem angustiado, atormentado por um passado que o define sua humanidade. Temos ainda Thandie Newton e a sua cafetina Maeve, Rodrigo Santoro, dá vida ao fora-da-lei Hector Escaton, o Teddy Flood, interpretado por James Mardsen, que consegue fazer a gente esquecer o Ciclope da franquia X-Men da Fox. 

Ainda temos o “vilão”, o Homem de Preto, de Ed Harris, Jimmi Simpson como William e Bem Barnes, como Logan, vivendo dois convidados numa busca por autoafirmação e autoconhecimento. Cada um deles consegue mostrar na tela, os conflitos internos de seus personagens. 

A 1ª temporada termina de um jeito bem instigante, com respostas que levam a novas perguntas, desse jeito, Joy e Nolan, vão descascando aos poucos, cada camada da narrativa, mantendo o interesse dos espectadores sempre em alta e aguardando ansiosamente o que vai acontecer nas próximas quatro temporadas programadas para a série.

 

Leia aqui a resenha da 2ª temporada da série.