Avengers Assemble é um termo usado diversas vezes nos quadrinhos para anunciar o retorno no grupo dos heróis mais poderosos da terra. Talvez no cinema o termo não tenha sido melhor utilizado, mas esse espírito reina no novo filme da franquia dos Vingadores que chega aos cinemas brasileiros hoje.
Carregado pelo hype desde o ano passado, sendo reforçado pelo razoável Homem-Formiga e a Vespa (Ant-Man and the Wasp, 2018) e o bom Capitã Marvel (Captain Marvel, 2019), Vingadores: Ultimato (Avengers: Endgame, 2019) chega com a pompa de pôr um fim na Saga do Infinito em um embate final contra seu icônico vilão, Thanos (Josh Brolin). Nesse aspecto o filme não decepciona, ele entrega excepcionais cenas de ação, que já ficam no hall de cenas mais “fodas” de filmes baseados em quadrinhos, a interação entre os personagens também é um bom destaque do filme, com excelentes diálogos e muitas sequências improváveis.
O roteiro do filme apresenta inconsistências, enquanto entrega boas cenas de ação, bons pontos de virada e interação entre seus personagens, ele falha, por exemplo, em apresentar o conceito que será força motriz na narrativa que aqui se desenvolve. Ele deixa muitas pontas soltas, o que chega a ser irônico em um filme de mais de 3h que tem a proposta de encerrar definitivamente a Saga do Infinito. Vale ressaltar que essas pontas soltas não são um elogio, não parece ser algo para construção de universo ou um possível desdobramento, está mais para uma falha de execução do roteiro, o qual se torna presunçoso ao achar que irá se sustentar apenas pelas cenas de ação.
Além do tempo excessivo de tela, as 3h de filme talvez não fossem necessárias para terminar essa história, novamente passa a sensação que a narrativa poderia ser melhor otimizada se as questões soltas no roteiro tivessem uma melhor resolução. O ritmo do filme é lento, embora sempre haja uma cena ou outra de ação ou alívio cômico, o melhor do filme encontra-se em seu início e no seu ato final, o segundo ato é muito cansativo.
De uma forma geral, o saldo é positivo, Vingadores Ultimato entrega boas cenas de ação e memoráveis sequências e muitos fan services, termina de uma forma digna, embora não perfeita, a saga das jóias do infinito. Guerra Infinita (Avengers: Infinity War, 2018) é um filme melhor e mais enxuto, que sabe o que quer e o executa bem. Ele é redondo e com uma única ponta para sua continuação, já Ultimato parece se perder no caminho, mas entrega um bom entretenimento e um final digno a sua saga.
P.S: Gostaria apenas de comentar o fato de o filme estrear em 80% das salas brasileiras. O cinema brasileiro está morrendo e chega a ser desesperador esse número absurdo. Sim, Ultimato deve ser visto, principalmente para quem acompanhou os filmes anteriores, mas dar a ele 80% das nossas salas de cinema é tentar matar o cinema brasileiro, principalmente quando diversos filmes independentes têm sua estreia e não chegam ao grande público. Fica aqui então, o repúdio do autor do texto às novas políticas públicas no setor do audiovisual e, sobretudo, à ausência da cota de tela dos cinemas brasileiros para produções nacionais.
VEJA TAMBÉM:
Vingadores: Ultimato – Plano Sequência #take003
Atual Vice-presidente da Aceccine e sócio da Abraccine. Mestrando em Comunicação. Bacharel em Cinema e formado em Letras Apaixonado por cinema, literatura, histórias em quadrinhos, doramas e animes. Ama os filmes do Bruce Lee, do Martin Scorsese e do Sergio Leone e gosta de cinema latino-americano e asiático. Escreve sobre jogos, cinema, quadrinhos e animes. Considera The Last of Us e Ocarina of Time os melhores jogos já feitos e acredita que a vida seria muito melhor ao som de uma trilha musical de Ennio Morricone ou de Nobuo Uematsu.