Dumbo (2019) é uma versão live action de uma animação lançado em 1941 pela Walt Disney Productions. Ele faz parte da nova leva de filmes da Disney que tem como objetivo refazer animações do passado em um formato com atores e atrizes reais para explorar, sobretudo, sua própria marca e expandir os seus lucros.
O primeiro ato do filme é, basicamente, uma releitura da animação de 1941, retirando a importância de certos personagens como o ratinho, a mãe e as outras elefantas, essa compressão de um filme inteiro de 1h em um ato com um pouco mais de 30 minutos é prejudicial ao longa. Cenas que são importantes na versão clássica, como a separação de Dumbo e sua mãe e a primeira vez que o elefante voa, perdem todo o peso dramático que eles tinham. A partir do final do primeiro ato, o filme ganha roupagem própria, uma nova história é contada, uma espécie de continuação ou do que deveria ser a continuação da animação de 1941.
O maior problema reside justamente nessa expansão da narrativa. Não sei se Tim Burton foi a escolha mais acertada para esse filme, o tom sombrio e escuro permeia toda obra. Burton infelizmente não é um diretor que aceita uma reciclagem, seus filmes não apresentam nada de novo em seu estilo, isso faz com que sua estética fique presa, principalmente ao seu passado dos anos 1990, portanto o filme perde muito por conta da sua própria direção e suas decisões. O plot dessa segunda parte do filme está atrelada a uma ideia tão clichê dentro do cinema que, sinceramente, dá sono de se ver, basicamente um magnata (vivido por Michael Keaton) decide comprar (ou formar parceria se vocês assim preferirem) o circo do personagem vivido por Danny DeVitto. Tudo isso para ter sob seus domínios o mágico elefante voador, o engraçado é que muitas das atitudes desse magnata pode ser associada ao próprio Walt Disney e suas incessantes investidas sob outros domínios e direitos.
Os personagens humanos são desinteressantes, não é possível, em quase duas horas de filme, criar algum tipo de vínculo afetivo com eles, novamente o filme tenta inovar e mais da metade de seu tempo, mas sempre atrelado a uma ideia clichê que não é bem desenvolvida ou então é feita de maneira preguiçosa. Tirando o constante tom sombrio e escuro que o filme traz, o CGI é bem feito, eu pessoalmente amo a atmosfera de circo e o filme transparece isso muito bem (principalmente no primeiro ato), o personagem do Dumbo é muito bem feito, principalmente as expressões faciais, ele transparece muito bem medo e felicidade, por exemplo.
Dumbo (2019) é um filme que ninguém pediu ou quis, ele só demonstra a necessidade de se contar a mesma história por dinheiro, e ainda a faz de forma preguiçosa e descompromissada. Ele é uma experiência para os futuros filmes em live action da empresa do Mickey, mas esse futuro deve ser olhado com carinho e planejamento para entregar um filme que consiga homenagear o passado olhando para o futuro. A luz amarela para os filmes da Disney está ligada, cabe a ela arrumar isso.
Atual Vice-presidente da Aceccine e sócio da Abraccine. Mestrando em Comunicação. Bacharel em Cinema e formado em Letras Apaixonado por cinema, literatura, histórias em quadrinhos, doramas e animes. Ama os filmes do Bruce Lee, do Martin Scorsese e do Sergio Leone e gosta de cinema latino-americano e asiático. Escreve sobre jogos, cinema, quadrinhos e animes. Considera The Last of Us e Ocarina of Time os melhores jogos já feitos e acredita que a vida seria muito melhor ao som de uma trilha musical de Ennio Morricone ou de Nobuo Uematsu.