Neste domingo foi ao ar o décimo episódio da nona temporada de The Walking Dead. Intitulado Omega (Ômega), o episódio foca quase que inteiramente na personagem de Lydia (Cassady McClincy), a jovem membro dos Sussurradores que foi capturada por Michonne (Danai Gurira) e Daryl (Norman Reedus). É pelo ponto de vista de Lydia e acessando seus flashbacks que somos contextualizados na formação do grupo rival, e podemos observar o desenvolvimento da nova vilã da série, a mãe de Lydia, Alfa (Samantha Morton).
Ao acessar as memórias de Lydia, é possível criar empatia com a trajetória da jovem e conseguimos entender o que a levou a abandonar quase que toda a natureza humana e passar a viver infiltrada como um dos mortos. O episódio nos leva também para os dias iniciais do apocalipse e relembramos o pânico inicial sofrido pelos sobreviventes que ainda não sabiam muito bem como lidar com os zumbis. É a partir daí que constrói-se a identidade de Lydia e de sua mãe, e as camadas acrescentadas às personagens agregam um valor essencial à narrativa, coisa que estávamos sentindo falta nos episódios anteriores.
Durante o episódio, também são exploradas as relações entre Henry (Matt Lintz) e Lydia, Henry e Daryl e Lydia e Daryl. A dinâmica entre os três move a narrativa, fazendo com que se note paralelos entre as criações de Daryl e Lydia (ambos sofriam abusos físicos dos pais) em contraste com a presente ingenuidade de Henry perante o mundo pós apocalíptico, que só se intensifica nesse episódio quando ele decide revelar informações sobre o Reino e Hilltop para Lydia. As reações da jovem em resposta às atitudes de Henry e Daryl, em conjunto com os flashbacks, reiteram que ela não é tão indefesa quanto parece ser, além de intensificar a força que a personagem Alfa pode mostrar durante os próximos episódios.
O episódio também aborda a recente liderança de Tara (Alanna Masterson) e sua relação com o grupo de recém chegados. Carregando o peso da morte de Jesus (Tom Payne) nas costas, Tara apresenta uma incerteza quanto às suas decisões no comando, mas tenta administrar o papel de líder da melhor forma que pode. É muito gratificante observar o crescimento de uma personagem veterana na série (eu pessoalmente adoro a Tara e acho que ela merece mais reconhecimento), mas ainda parece estranho vê-la desempenhando um papel que claramente pertence a Maggie (Lauren Cohan). A liderança de Hilltop não foi algo fácil de se conquistar, e é difícil aceitar outros desempenhos nessa função que não o de Maggie Rhee.
Tendo dito isso, Tara lida bem com a situação criada pelos recém chegados. Com Alden (Callan McAuliffe) e Luke (Dan Fogler) ainda desaparecidos, Magna (Nadia Hilker) e os outros decidem escapar de Hilltop no meio da noite para continuar a buscar, uma decisão que nos faz questionar como eles permaneceram vivos por tanto tempo, mas também nos permite descobrir mais sobre o passado do grupo e entender a lealdade que eles sentem entre si (e aqui faço um paralelo com os dias inicias do grupo de Rick, e a lealdade que eles demonstravam entre si). Sem sorte, o grupo acaba voltando pela manhã e Tara confronta Yumiko (Eleanor Matsuura), pedindo a ela que da próxima vez que decidir contestar a decisões, experimente primeiro conversar e tentar chegar num acordo juntas. A postura de Tara indica uma flexibilidade que é nova se comparada aos líderes que vieram antes dela, e isso pode indicar uma mudança nas relações entre os personagens residentes em Hilltop.
No geral, o episódio se mostra mais satisfatório que o da semana anterior, apresentando bons picos de tensão e conseguindo segurar o ritmo bem durante seus 45 minutos. O final apresenta um grande gancho para o episódio da semana que vem, já que é a primeira vez que vemos Alfa sem sua máscara de zumbi, mas seria o suficiente para carregar a narrativa durante o restante da temporada? Só o tempo dirá.
Graduada em Cinema e Audiovisual. Roteirista, produtora, feminista e a pisciana mais ariana do mundo. Fã de Buffy, Harry Potter e Brooklyn 99, Gabi passa seu tempo ensinando que não se deve sentir vergonha das coisas que gostamos, nem deixar de questionar as coisas só porque gostamos delas.