Doom Patrol – S01E01 – Um piloto na direção certa

A primeira aparição em live action da Patrulha do Destino, Doom Patrol em inglês, aconteceu a alguns meses no quarto episódio da série original do DC UniverseTitans (2018 -). Os personagens foram ali apresentados – ainda que de maneira bem rasa – como pessoas com habilidades disfuncionais. O episódio foi muito bem recebido, não que isso tenha sido uma grande surpresa considerando que a série já estava finalizando sua produção. Isso significa que o DC Universe tinha fé de que os personagens iam ser bem recebidos e já começou a produzir uma série deles.
A equipe me foi apresentada na antiga animação d’Os Jovens Titãs (Teen Titans, 2003 – 2006), desde então meu próximo contato com eles foi apenas na série em live action sobre o mesmo time. Agora eu tive a chance de mais uma vez assistir uma série baseada em quadrinhos sem expectativas ou apego ao material original e o piloto foi extremamente incrível. Existem muitos pontos altos nesta série, mas vou começar bem do começo.
Ninguém aguenta mais séries de heróis. Fator este dito na própria série e chega a resumir bem como muitos se sentem em relação ao número crescente de séries baseadas em quadrinhos de heróis. Um dos pontos altos em algumas das séries sobre as quais escrevi foi exatamente a sua falta de apego ao gênero de super herói, se tornando séries de outros gêneros que por acaso têm super heróis.
Esta série segue muito do que vimos, primeiramente porque diferente dos heróis aos quais estamos acostumados, os poderes dos nossos personagens não são incríveis ou ótimos de se assistir mas sim grandes obstáculos para o convívio numa sociedade. Uma das personagens que teve sua maior chance de brilhar dentro do ‘piloto não oficial da série’ a alguns meses atrás foi Rita Farr, interpretada por April Bowlby. A personagem lida com uma espécie de doença degenerativa faz com que ela tenha que manter a concentração e a emoção para que seu corpo continue parecendo o de uma pessoa e não uma bola de gordura.
O foco deste piloto, que por acaso conta um pouco da história cativante de cada um dos personagens introduzidos, é Cliff Steele e ele é dado vida pelo ator Brandan Fraser. A história do personagem toma uns quatro rumos inesperados durante o episódio e aos poucos vamos nos desapegando da ideia inicial nos ofertada sobre ele – um homem branco, cis, panaca, objetificador e traidor. É interessante apontar aqui uma das minhas coisas favoritas observadas na série, relacionando ao fato de não parecer uma série de super herói, porque a história de Cliff não se assemelha ao Homem de Ferro ou a de outro herói.
O sentimento que temos assistindo à crise de Cliff é de que estamos vendo algum daqueles filmes água com açúcar onde uma família passa por uma enorme crise, consegue se recuperar dela mas é atingida pela tragédia. O final? O final é triste, como a maioria destes filmes. Somos realmente capazes de entender as mudanças pelas quais Cliff passou e que ele não é nem de perto o homem cuja bunda vemos no começo do episódio.
A forma como a série pegou as histórias de origem e tornou muito sobre elas diferente me fez lembrar muito a falecida série Once Upon a Time (2011 – 2018) enquanto as coisas ainda davam certo. Afinal, Cliff vira o Homem Robô por causa de um acidente de corrida nos quadrinhos mas não é bem assim que a coisa acontece na série. E sejamos sinceros, a forma como a série cria este acidente é bem mais criativa e emocional. Isso se repete a medida que vemos a história de cada um dos outros personagens.
Em particular minha história favorita volta à ser a de Rita Farr, pois é a história dela que eu chamo de carma. Os demais são atingidos pela situação, pelo acaso, mas Rita Farr é castigada de alguma forma por suas atitudes preconceituosas contra um membro de sua equipe de filmagem que não tem um dos braços. Ainda vamos saber mais sobre o que houve com a famosa atriz dos anos 50, mas já somos capazes de notar que vaidade era e continua a ser uma das características de Rita.
Para completar o primeiro episódio temos os demais membros da Patrulha do Destino, a portadora de 64 personalidades interpretada por Diane Guerrero – Jane. Somos capazes de ver três de suas personalidades na série e uma delas usando de suas habilidades, mas a atuação de Diane é o que nos captura de verdade. O Homem Negativo, Larry Trainor, é dublado por Matt Bomer e interpretado por Matthew Zuk, mas durante seus flashbacks quem dá vida a ele é Bomer com uma história fatídica digna dos filmes LGBT dos anos 2000. A forma como o personagem lida com sua homossexualidade é bem repetitiva, mas espero que a série aproveite sua chance de fazer isso algo novo.
Ao final do episódio somos apresentados ao Sr. Ninguém – que foi inclusive o primeiro personagem a nos ser mostrado no episódio piloto mas antes de passar por sua transformação. Ele é interpretado pelo ator Alan Tudyk e não consigo pensar em alguém melhor para dar vida ao personagem que é basicamente a essência da loucura – em si e nos demais. Finalizando a apresentação de nossos personagens temos o Chefe, interpretado por Timothy Dalton, que ainda é uma mistério para mim por não saber o quão bom ele é e o quanto de sua bondade e preocupação com o time tem razões egoístas.
Nos resta então ver como esse grupo de pessoas sem controle por seus poderes vai ser tornar o grupo de heróis conhecidos como Patrulha do Destina. No episódio dessa semana (que vai ao ar sexta) seremos apresentados ao Ciborgue, que fará parte da equipe.