Fico muito feliz de, mais uma vez, aparecer aqui para falar sobre um filme que fez parte da minha infância. Em 2018 a animação Vida de Inseto (A Bug’s Life, 1998), segundo filme produzido pela Pixar, completa 20 anos de lançamento. O longa conta a história da vida de formigas que todo ano trabalham colhendo alimentos para os gafanhotos. Flik (voz de Dave Foley), uma formiga cheia de ideias mirabolantes, inventa um aparelho na tentativa de facilitar o trabalho de sua colônia, mas sua invenção acaba fazendo com que toda a colheita seja destruída. Por conta disso, Hopper (voz de Kevin Spacey), o líder dos gafanhotos, exige que elas colham o dobro da quantidade de alimentos, senão eles atacarão a colônia. Para tentar evitar esse ataque, Flik decide ir em busca de insetos guerreiros que possam ajudar as formigas a enfrentar os gafanhotos.
A história do longa parece ser baseada na fábula “As formigas e o gafanhoto”, onde um gafanhoto exige que as formigas colham alimentos para ele antes do inverno chegar. E assim como as fábulas, que possuem sempre uma lição de moral, no meio de todo esse conflito e da aventura de Flik para encontrar os insetos, o filme transmite algumas mensagens muito importantes. Sendo assim, decidi falar sobre algumas delas aqui para mostrar como um filme de animação infantil é capaz nos ensinar sobre como podemos ser melhores.
1. RESILIÊNCIA
Logo no começo do filme já temos uma lição importantíssima. Depois que Flik causa toda a confusão por conta da máquina que inventou, ele imediatamente assume sua culpa e se dispõe para ajudar a resolver o problema que ele mesmo causou. Flik dá a ideia de sair em busca de outros insetos para enfrentar os gafanhotos e assim o faz. Ele não se deixou abalar pela situação e pelo sentimento de culpa. Em vez disso, levantou a cabeça se propôs a pensar em soluções para a situação. A resiliência é essa capacidade de lidar com os problemas e superar obstáculos.
2. A UNIÃO FAZ A FORÇA
Acredito que essa seja a maior mensagem que o filme traz, pois os acontecimentos da narrativa levam a isso. Quando Flik volta com os insetos guerreiros, ele traz uma esperança para todas as formigas da colônia. E juntas, elas conseguem montar o pássaro gigante que faz parte do plano para derrotar os gafanhotos. Uma cena que fala sobre esse poder da união é quando os gafanhotos estão curtindo numa espécie de bar e um deles sugere que eles não voltem para cobrar as formigas da nova colheita e que Hopper não precisa se preocupar com o fato de Flik ter batido de frente com ele, pois é só uma formiga pequena. Nesse momento Hopper faz um discurso e uma analogia atirando grãos nos outros gafanhotos, sendo que esses grãos estão representando formigas. Quando Hopper atira apenas um grão, seus companheiros riem e dizem que não dói nada. Então ele joga todos os grãos de uma vez sobre eles, que ficam soterrados. E assim ele diz que quando só uma formiga os desafia, não acontece nada, mas se todas fizerem isso, eles ficarão em desvantagem, pois elas estão em maior número. E no final das contas, a gente já sabe o que acontece.
3. ATITUDES DIFERENTES LEVAM A RESULTADOS DIFERENTES
Por último, mas não menos importante, temos essa grande lição que também é um dos pontos centrais da narrativa. Flik é criativo e gosta de inovar. Logo no começo vemos que ele inventou uma máquina para tentar tornar o trabalho das formigas mais fácil e ágil. Sua tentativa dá errado e causa toda a confusão da colheita, o que deixa as formigas irritadas com ele. Mas, por mais que tenha dado errado, não deixa de ser uma tentativa válida. As formigas estão acostumadas a fazer a mesma coisa sempre e por isso tudo continua igual. Em determinado momento, Flik até diz que sabe que não é tradição das formigas fazer coisas diferentes, mas que seria necessário para poder lutar. E depois de conseguir convencer as formigas, principalmente com a vinda dos outros insetos, elas se mobilizam para colocar o plano em ação. Dessa maneira elas percebem que não só podem, como precisam fazer coisas diferentes, e que não devem se conformar com aquela situação. Assim, elas conseguem derrotar os gafanhotos e não precisam mais colher alimentos para eles.
Escolhi falar sobre essas três lições do filme que eu considero as que mais se destacam ao longo da narrativa, mas existem muitas outras que vocês podem encontrar, como o lindo otimismo da lagarta que não vê a hora de virar uma borboleta e como ela fica feliz quando cria asinhas. Recomendo que assistam Vida de Inseto mais vezes, pois sempre dá pra achar uma coisa nova que faz a gente gostar mais ainda desse filme lindinho que a Pixar nos deu de presente.
Formada em Cinema e Audiovisual Carlini, ou “Carolcol” para os íntimos, é animadora, roteirista e dona das melhores tiradas no site Twitter. Por fora parece a Docinho mas por dentro é a Lindinha das Meninas Super Poderosas, inclusive no tamanho. Carol é a única pessoa do mundo que nunca viu Dragon Ball e não entende quem não acha graça no Último Programa do Mundo.