Aquaman – Só mais uma palavra

Mais de um ano depois do lançamento do filme da Liga da Justiça (Justice League, 2017), chegou ao cinema o filme do Aquaman (2018). Esse ano sabático tirado pela Warner e DC foi necessário para repensar os rumos que seus filmes teriam no cinema. O resultado foi o filme de Arthur Curry, lançado já em dezembro de 2018. É possível perceber as intenções da Warner e dos novos rumos tomados para o cinema a partir desse filme.
Antes de continuarmos, cabe uma ressalva. O filme possui defeitos sim, o roteiro é básico e trata de um drama familiar que pode ter consequências globais. Uma eminente guerra e um ataque a superfície por parte dos Atlantis. O plot do filme é bom, a ideia apesar de ser bem genérica, quando bem executada é capaz de render bons filmes. A parte do roteiro que acaba prejudicando um pouco a experiência são os diálogos, algumas vezes expositivos. Se você for uma pessoa que se incomoda muito com isso, pode ter sua experiência prejudicada. Não foi algo que me tirou do filme, mas certamente poderia ter sido trabalhado de uma forma melhor. O primeiro e terceiro atos do filme são bons, entregam boas cenas de ação. É justamente no segundo ato em que o filme precisa de sustentação com seus diálogos e personagens que ele se perde um pouco.
Falando dos personagens, os personagens secundários são o destaque aqui. Nicole Kidman está incrível (como sempre) e Patrick Wilson entrega um bom vilão ao filme, cabe ressaltar aqui um aspecto do roteiro que não foi dito: o filme é bem brega e galhofa, isso não é um aspecto ruim desde que o filme não tenha vergonha de se assumir assim, coisa que ele não tem. Seus personagens, tanto Kidman quanto Wilson, entendem isso e entregam justamente o que o filme pede. O filme perde força de atuação quando se volta para seus dois protagonistas Jason Mamoa e Amber Heard, mas essa falta de atuação é compensada, sobretudo, pelo carisma de seus atores.
O filme tem dois destaques positivos. O primeiro é a direção de James Wan, que entrega o filme que mais se distancia daquela estética do Zack Snyder, as sequências de luta são muito bem dirigidas e coreografadas, com poucos cortes, o que aumenta o realismo e o peso dos golpes, com destaque para a luta da rainha no começo do filme, da Mera na Sicília e a luta final. Embora não seja perfeita, pois existem algumas poucas sequências duvidosas no decorrer do filme, a direção de James Wan é um frescor para os filmes da Warner. Ele e a Patty Jakins são o futuro para a sobrevivência da Warner no cinema. O outro ponto de destaque no filme é a direção de arte e criação do mundo. É perceptível todo o caráter de pesquisa feito para criação do mundo e das criaturas marinhas. Tudo envolvendo a arte do filme salta aos olhos de uma maneira bem positiva. As influências vão além dos quadrinhos do herói, envolvem criações literárias como Viagem ao centro da Terra do Júlio Verne, por exemplo.
Contudo o grande aspecto negativo para mim foi a trilha sonora. O uso de algumas músicas não se justificava e atrapalhava mais que ajudava na construção climática do filme. A sensação que deixa é que faltou uma mão boa para saber juntar músicas e sequências de ação (algo que é muito bem explorado em Guardiões da Galáxia ou Em Ritmo de Fuga, por exemplo).
Por fim, acredito que Aquaman seja um bom filme, com mais altos que baixos. É, sem dúvida, um novo frescor para os heróis da DC Comics no cinema. É um filme que não tem vergonha de ser brega e galhofa (coisa que Liga da Justiça tentou e falhou miseravelmente). Essa sua honestidade, aliada com uma boa direção e carisma do elenco, entregam um filme bom e divertido para o público. É possível se divertir desde que não seja levado tão a sério.