Kubrick, gênio

 

 

A razão desse texto existir deve-se ao especial Stanley Kubrick exibido no “Cineteatro” São Luiz, em Fortaleza. Foram exibidos 8 filmes do diretor durante essa semana, com repetições de sessões, no último dia foi exibido três de seus melhores filmes: 2001: Uma Odisseia no Espaço; O Iluminado e Laranja Mecânica.
Bem antes de eu estudar cinema, eu gostava dos filmes do Kubrick, embora deva reconhecer que eu não estava maduro o suficiente para entender alguns deles. Essa foi a primeira vez que revi tantos filmes dele após começar a cursar cinema e apenas uma frase resume o que senti ontem ao sair do cinema, após quase 8 horas seguidas de filmes: Kubrick é gênio.
Sua capacidade de criar boas histórias e, ao mesmo tempo, nada convencionais chama, de cara, a atenção do público, não é possível ficar alheio aos seus filmes, não é possível deixar de emitir uma opinião seja ela a favor ou ao contrário do diretor após ver um de seus filmes. Ele era, ao mesmo tempo, tão bom e tão controverso. Kubrick trabalhou diretamente com cinema de gênero e, sem dúvida, deixou sua marca em todos os filmes que ele dirigiu.
Quem lê sobre Kubrick ou tem curiosidade em saber um pouco de seu histórico como diretor sabe que ele era perfeccionista e muito rígido. Isso é perfeitamente visível em diversos enquadramentos simetricamente perfeitos (herança de seu trabalho como fotografo no início da carreira e que levou para todos seus filmes), até quando há movimento de câmera parece ser tudo tão bem sincronizado que beira a perfeição do quadro e da beleza plástica, podemos usar como exemplo todas as cenas que acontecem dentro das espaçonaves em 2001, ou as cenas do hotel em O Iluminado, ou ainda na composição dos planos em Laranja Mecânica.
Outra de sua marca é a rigidez com que trata seus atores, sua direção de atores é impressionante, ao assistir O Iluminado isso fica evidente, Jack Nicholson entrega talvez um dos papeis mais loucos que fez. Uma das minhas cenas favoritas desse filme é quando ele começa a perder a razão e caminha pelo corredor se maldizendo e falando sozinho, é quase um espírito entrando em um corpo. Outra atuação que chama atenção é o personagem Dave em 2001, diferente de Jack, Dave (Keir Dullea) tem uma atuação não espalhafatosa, é mais contida. Todavia é possível ver o trabalho do diretor durante toda a sequência de retorno a nave que faz missão a Júpiter, especialmente pela questão do olhar.

Kubrick é um diretor atemporal que deixou sua marca em diversos filmes de gênero, revolucionando alguns dele. É um diretor que manteve um padrão estético e artístico alto, que desafiou alguns estúdios e que sempre fez os filmes que queria fazer, não importando com quem tivesse que se desentender. Ele tinha total controle do roteiro, do enquadramento e da direção. Kubrick é, sem dúvida, um dos maiores e geniais nomes da sétima arte.