Demorei muito para assistir esta segunda temporada de Jack Ryan (2018 -), depois de uma primeira temporada bastante sólida e cheia de reviravoltas, estava guardando a hora certa de maratonar o segundo ano desta série de ação e espionagem para aproveitá-la o máximo possível. O resultado não poderia ser mais satisfatório, apesar de algumas ressalvas, posso afirmar mais uma vez a série se mostra um dos melhores entretenimentos de ação dos últimos anos.
Em um breve resumo, a série conta a história do agente e analista da CIA, Jack Ryan (John Kransiski), depois de um tempo na ativa, se aposentou do serviço de campo para trabalhar no escritório da agência de espionagem. Este personagem criado por Tom Clancy já esteve em várias adaptações no cinema, uma delas com Alec Baldwin vivendo o personagem título no longa A Caçada Ao Outubro Vermelho (The Hunt for Red October, 1990), depois Harrison Ford o interpretou duas vezes em Jogos Patrióticos (Patriot Games, 1992) e Perigo Real e Imediato (Clear and Present Danger, 1994), assim como Bem Affleck, anos depois, no perigoso A Soma de Todos Os Medos (The Sum of All Fears, 2002) e mais recente empreitada contava com Chris Pine no longa Operação Sombra – Jack Ryan (Jack Ryan: Shadow Recruit, 2014), mas foi com John Krasinski e em formato de seriado criado por Carlton Cuse e Graham Roland, além de ser produzida por ninguém menos do que Michael Bay, que o personagem finalmente conseguiu ser bem adaptado. Durante todo o primeiro ano da série, vemos Jack Ryan descobrindo e desvendando toda uma trama terrorista que levou a ataques em massa nos EUA e em outros países arquitetados pelo perigoso terrorista Suleiman (Ali Suliman).
Corta para 2019 (a série estreou em dezembro) e depois de um longo hiatus, o agente está de volta numa aventura totalmente nova agora com o uma trama situada numa fictícia Venezuela que passa por um processo eleitoral entre o autoritário presidente Reyes (Jorge Mollà) e a populista Gloria Benalde (Christina Umaña), este período faz com o país esteja eufórico se dividindo no apoio a esses candidatos. No meio desta agitação, Jack Ryan, acompanhado de seu amigo senador Moreno (Benito Martinez), é levado a investigar um cargueiro suspeito no território venezuelano fazendo com que sua trajetória cruze com um velho amigo, James Greer (Wendell Pierce), um dos poucos remanescentes da primeira temporada, juntos o trio tenta desvendar este mistério que pode envolver ou não o presidente venezuelano.
A narrativa da segunda temporada segue uma fórmula bem básica, se na primeira temporada havia um cuidado em estabelecer o personagem de Ryan como analista e “herói”, tecendo toda uma história sobre seu passado traumático no exército, esta temporada é mais focada na ação em si, sem um grande desenvolvimento de personagens, talvez por isso pareça menos polida e mais genérica, apesar de ter, na maior parte do tempo, um trama bastante fechada ao seu término.
A história não perde muito tempo com firulas, ao colocar a ação em primeiro plano, passa a desenvolver o roteiro em cima de uma conspiração que dá início já nos últimos minutos do episódio “Cargo” (2×01), numa sequência de tirar o fôlego e recheada de reviravoltas. A introdução de novos personagens como a misteriosa Harriet Baumann (Noomi Rapace) e o assassino Max Schenkel (Tom Wlaschiha) ajudam a dar um frescor a narrativa prendendo a atenção da audiência.
Os episódios “Tertia Optio” (2×02) e “Orinoco” (2×03) servem para aprofundar ainda mais no plot da corrupção do governo venezuelano e como o presidente faz suas de manobras políticas para controlar o país, ao mesmo tempo que Jack Ryan e James Greer vão desvendando pontas soltas e conexões que começam a mostrar um projeto ilícito acontecendo em pleno território venezuelano, contando com o auxílio de uma equipe de operações especiais que chega para investigar na selva um instalação que pode ser a resposta da investigação que estão fazendo.
Um dos problemas dessa temporada de Jack Ryan, é o fato da trama principal começar bem situada, mas ficar hibernando por um tempo, enquanto o protagonista começa uma caçada pessoal em um plot secundário que o leva até a Europa atrás de Max, num jogo de gato e rato que é bastante interessante e bem conduzido, porém afasta muito a trama do foco da temporada em si. Desta forma os episódios “Dressed To Kill” (2×04) e “Blue Cold” (2×05) parecem duas peças um pouco deslocadas na narrativa, apesar de serem eficientes para dar uma globalizada na história e aumentar a tensão e o risco em cenas de ação bastante competentes.
A temporada volta a ficar mais intensa quando a trama principal na Venezuela explode no que talvez seja o melhor episódio deste segundo ano, o surpreendente “Persona Non Grata” (2×06), mostrando o presidente Reyes como um grande vilão, manipulador, frio e extremamente calculista, capaz de inverter toda uma narrativa a seu favor. Nos episódios seguintes mostram exatamente porque uma série de ação como Jack Ryan vale muito a pena assistir, com um ritmo bastante rápido, viciante, entregando boas cenas que são puro entretenimento.
Nos dois últimos episódios “Dios Y Federación” (2×07) e “Strongman” (2×08), somos agraciados com duas horas de pura adrenalina e um nível alto de violência, trazendo as melhores características da série, assim como seus principais defeitos como a previsibilidade de alguns desfechos durante a história, mas no geral é impossível não se empolgar com a trama de vingança que culmina em boas sequências de ação.
De uma forma geral, o segundo ano de “Tom Clancy’s Jack Ryan” falha em aprofundar seus personagens, mas por outro lado entrega uma trama de ação ininterrupta bastante consistente e cheia de boas reviravoltas. É claro que o primeiro ano ainda é muito melhor, mas esta segunda parte da história do analista mais famoso da CIA é um entretenimento escapista como poucas séries atualmente. Com uma temporada relativamente curta, sobra pouco tempo para enrolar os expectadores e os ganchos de um episódio para outro funcionam como uma luva. Em tempos de quarentena, não imagino um produto mais divertido e bom de assistir quanto este no momento.
Engenheiro Eletricista de profissão, amante de cinema e séries em tempo integral, escrevendo criticas e resenhas por gosto. Fã de Star Wars, Senhor dos Anéis, Homem Aranha, Pantera Negra e tudo que seja bom envolvendo cultura pop. As vezes positivista demais, isso pode irritar iniciantes os que não o conhecem.