Até que enfim, Westworld (2016 -) voltou a dar as caras na grade de programas da HBO, em um episódio que quebra os paradigmas das temporadas anteriores. Chega mais e confere o que a gente achou de Parce Domine.
O episódio começa com Dolores (Evan Rachel Wood), agora no mundo real, deslocada, afinal de contas no parque ela tinha liberdade para agir como quisesse, já no “mundo lá fora”, ela precisa seguir as regras e sabe que para conseguir alguma coisa, vai ter que usar sua beleza como arma para se aproximar de pessoas que podem ajudá-la na sua causa. E, para realizar o que quer, conquistar o mundo real, ela vai ter que operar nos bastidores, totalmente despercebida, coletando informações de pessoas poderosas e fazer o jogo delas. Assim Dolores, invade a casa de Gerald (Thomas Kretschmann) um antigo empregado da Incite Inc. e acionistas da DELOS, e faz com que ele entregue documentos confidenciais e dinheiro.
O capítulo serve também para estabelecer onde os personagens estão após o final da segunda temporada. Charlotte Hale (Tessa Thompson), ou melhor, quem quer que seja que está usando o corpo de anfitrião dela, assume o controle da DELOS, que após três meses dos acontecimentos em Westworld (leia nossa resenha da 2ª Temporada aqui), enfrenta uma crise de confiança no mercado, e para Hale o único modo de reconquistar a opinião pública é a prisão da mente por trás do massacre no parque, Bernard Lowe (Jeffrey Wright). Ainda sim, em meio a protestos do conselho, ela decide retomar a produção de anfitriões o mais rápido possível.
Falando em Bernard, ele passa a viver bem distante da cidade, e assume uma outra identidade, trabalha como açougueiro, mas sua vida pacata dura pouco e algumas pessoas descobrem sua verdadeira identidade e tentam entregá-lo às autoridades. A tentativa dá errado, graças ao novo modo de segurança, implementado no anfitrião.
Mas o episódio gira também em torno de Caleb Nichols, personagem de Aaron Paul de Breaking Bad (2008 – 2013). É através do olhar dele que a série apresenta o mundo real, um futuro tecnológico, cheio de grandes avanços, como a IA da Incite Inc. que controla cidades inteiras, mas que no fim das contas continua o mesmo. Os ricos, donos de grandes empresas de tecnologia, ficam cada vez mais ricos, enquanto o resto da população, continua lutando todos os dias pelas mesmas coisas: trabalhos dignos e uma chance de sobreviver.
Nesse cenário, Caleb enfrenta a doença de um ente querido, lida com a saudade de alguém importante, e luta contra o trauma de ter participado de um conflito no passado. Mas as coisas não são fáceis pra ele, ao tentar melhorar de vida nesta sociedade jogando pelas regras, ele percebe que, mesmo fazendo tudo certo, suas chances de vencer são poucas.
Assim, Caleb é forcado a atuar no submundo, aceitando trabalhos pouco convencionais para sobreviver, e é assim que ele cruza o caminho de Dolores. Os dois tem muito em comum, ele é alguém feito em pedaços, fruto de um sistema que não se importa com ele, já ela sente raiva de todos os humanos, por vê-los como opressores, devido às suas experiências no parque, a interação entre eles pode apresentar uma nova perspectiva para a personagem.
Mais uma vez, Westworld escolhe um caminho totalmente fora de seus padrões habituais, fazendo com que a terceira temporada, comece com a promessa de que ainda há muito potencial para o crescimento da série. Agora é só esperar pelos próximos episódios e ver quais as outras surpresas que virão pela frente.
Leia também nossa resenha da 1ª Temporada da série aqui.
Redator publicitário, editor de textos, apaixonado por cinema. Curto os clássicos dos anos 80, gosto de Star Trek e Star Wars – sim é possível gostar dos dois – fã de Senhor dos Anéis, sempre disposto a maratonar uma série, ler uns quadrinhos, e gastar os dedos em algum game. Em dúvida se sou um convidado ou anfitrião nessa vida à la Westworld. Atualmente questionando a natureza da própria realidade.