Areia ou Areia Pathway to Dawn é um jogo brasileiro desenvolvido pela Gilp Studio e publicado na Steam dia 20 de janeiro de 2020. Trata-se de um jogo estilo mundo aberto em um universo desértico inspirado nas ideias budistas e hinduístas. É o quarto jogo de sua produtora e talvez o mais desafiador. Vale ressaltar também que é um jogo que ganhou o primeiro edital para jogos eletrônicos da extinta Ancine, e que, por meio do dinheiro arrecadado, o desenvolvimento e publicação do jogo foi possível.
Inspirado em jogos como Abzû (2016) e Journey (2012) o jogo apresenta uma gameplay simples e fluida que possibilita ao jogador uma aprendizagem rápida. Não há muitas complicações aqui e nem era necessário, uma jogabilidade tranquila possibilita ao jogador uma imersão maior no jogo, que pessoalmente acho fundamental para o estilo desenvolvido aqui e que tanto se aproxima de seus jogos inspiradores. Embora pessoalmente não seja fã de jogos muito abertos, reconheço o trabalho bem feito aqui e a importância da narrativa que é contada. Os ambientes 3D são lindos e, aliados a boa jogabilidade, permitem uma imersão maior do jogador.
Aliás, essa imersão é intensificada pela trilha sonora. É recomendável o uso de um fone de ouvido para essa maravilha. Além dos efeitos sonoros serem um dos pontos altos do jogo, a trilha musical para mim é o grande destaque, pois além de muito bonita ela é bastante eficaz em transmitir a ideia do jogo e a sensação que os desenvolvedores quiseram passar. Há momentos em que o protagonista precisa meditar parando em frente a algum objeto e que a partir dali ele desenvolve novas habilidades, todas as vezes que esse momento chega a trilha cresce para mim, fazendo com que meu engajamento com o jogo aumentasse.
Areia Pathway to Dawn talvez seja, com o perdão do trocadilho, o último grão de areia das políticas públicas para desenvolvimentos de jogos, porém a escolha me parece acertada, pois além da temática não tão comum, ele utiliza com sucesso características de seus jogos de referência, mas traz consigo toda uma inovação na parte da gameplay e uma história intrigante, com uma trilha imersiva e acima da média para jogos do seu gênero. Vale muito a pena jogar Areia e se deliciar com seu poder de contemplação e curiosidade até onde a história te leva.
Atual Vice-presidente da Aceccine e sócio da Abraccine. Mestrando em Comunicação. Bacharel em Cinema e formado em Letras Apaixonado por cinema, literatura, histórias em quadrinhos, doramas e animes. Ama os filmes do Bruce Lee, do Martin Scorsese e do Sergio Leone e gosta de cinema latino-americano e asiático. Escreve sobre jogos, cinema, quadrinhos e animes. Considera The Last of Us e Ocarina of Time os melhores jogos já feitos e acredita que a vida seria muito melhor ao som de uma trilha musical de Ennio Morricone ou de Nobuo Uematsu.