JoJo’s Bizarre Adventure é uma febre. O mangá que começou a ser produzido em 1987 tem assinatura de Hirohiko Araki, já ganhou diversas adaptações para anime e é um dos mangás mais exportados e vendidos do mundo. Contudo só chegou no Brasil em 2018, publicado pela Editora Panini. O mangá está em publicação desde 1987 até hoje e já conta com mais de 100 volumes.
A dificuldade em se trazer um mangá como esse para o Brasil se deve principalmente ao seu longo período de publicação. São mais de 100 volumes e contando. Para facilitar todas as histórias são divididas em sagas ou partes e elas têm uma ligação uma com a outra, mas podem ser lidas de forma separada, basicamente o que as une, além das histórias improváveis e bizarras, é a formação da sigla JoJo por seus protagonistas, por exemplo, nesse texto falaremos sobre a primeira parte Phantom Blood, no qual seu protagonista se chama Jonathan Joestar ou JoJo.
No Japão, Phantom Blood foi publicado originalmente em 5 volumes e depois compilado em edição de 3. No Brasil, o modelo seguido foi justamente o de 3 volumes, com as seguintes dimensões 13,7 x 20 cm com papel offset, capa cartonada com verniz aplicado e orelhas. É uma edição muito bonita e com muito boa qualidade, lembrando muito a edição brasileira de Vagabond.
A história do mangá se passa na Inglaterra vitoriana do final do século XIX, somos apresentados a família Joestar e a família Brando. Por uma fatalidade do destino, essas duas famílias se cruzam, o filho do patriarca Brando, Dio Brando, acaba sendo adotado pelo patriarca da família Joestar, em sinal de gratidão por ter sua vida salva anteriormente. Dio, ao ser acolhido, jura destruir os Joestar e tomar toda sua fortuna para si e começa seu plano fazendo a vida de Jonathan Joestar um inferno. O início do mangá em essa premissa meio galhofa e dramática, digna das novelas mexicanas, não é possível levar a sério, mas muito mais pela forma como Araki expõe a trama do que pelo o plot em si. Tudo aqui é exagerado, os desenhos, os personagens, as ações etc. E isso é maravilhoso, pois ao mesmo tempo em que sabemos que estamos lidando com uma realidade diferente da nossa, tudo isso junto no mangá faz um sentido absurdo e necessário para o andamento da história que a partir daí só fica cada vez mais bizarra e improvável.
É possível encontrar de tudo aqui, vampiros, monges lutadores, médicos orientais, cavaleiros leais a Rainha Maria da Escócia (sim, esteja preparado para tudo). O desenho como já foi dito, é propositalmente bizarro e com proporções erradas, por exemplo, o corpo das personagens é gigantesco e a cabeça é minúscula. Além disso, o mangá é extremamente violento que vão de cenas que tem um cachorro sendo queimado vivo até pessoas sendo partidas ao meio ou tendo suas cabeças arrancadas. Embora a motivação e interação dos personagens sejam cafonas, o melhor aspecto desse mangá são seus personagens, sejam os principais ou secundários. Jonathan Joestar não é o melhor protagonista do mundo, mas ele é funcional, sua curva dramática faz com que ele tenha algumas atitudes que não se espera dele, mas de uma forma geral ele permanece igual ao início do mangá: uma pessoa pura e serena. O grande destaque fica na figura de Dio Brando, um verdadeiro vilão de mangá e que não tem vergonha disso, basicamente dá para dizer que Dio já nasceu com uma energia maligna, reforçada pelos maus tratos que seu pai lhe dava. Ele é cruel, torturador, manipulador e ao mesmo tempo muito carismático. É impossível não rir dos diálogos entre ele e JoJo. É um contraponto perfeito para o protagonista, as melhores histórias devem sempre ter um bom vilão.
JoJo’s Bizarre Adventure – Parte 1 – Phantom Blood é um mangá bizarro, cafona e divertido, que entrega uma boa e inesperada história, com várias cenas improváveis (várias mesmo), com bons personagens e um vilão fora de série. Sua publicação no Brasil é um acerto notável e preciso, aliás sua continuação já está em publicação. É uma bela porta de entrada para o universo único criado por Hirohiko Araki.
Atual Vice-presidente da Aceccine e sócio da Abraccine. Mestrando em Comunicação. Bacharel em Cinema e formado em Letras Apaixonado por cinema, literatura, histórias em quadrinhos, doramas e animes. Ama os filmes do Bruce Lee, do Martin Scorsese e do Sergio Leone e gosta de cinema latino-americano e asiático. Escreve sobre jogos, cinema, quadrinhos e animes. Considera The Last of Us e Ocarina of Time os melhores jogos já feitos e acredita que a vida seria muito melhor ao som de uma trilha musical de Ennio Morricone ou de Nobuo Uematsu.