Finalmente se encerra a nona temporada de The Walking Dead. O décimo sexto episódio, intitulado The Storm (A Tempestade), trouxe um pequeno salto temporal para o ápice do inverno na Geórgia, onde os sobreviventes ainda lidam com consequências físicas e emocionais após o ataque de Alpha (Samantha Morton). A estrutura do Reino não foi capaz de sobreviver ao desgaste, e Ezekiel (Khary Payton), Carol (Melissa McBride) e os outros membros da comunidade precisam se realocar até Hilltop, onde poderão sobreviver durante o inverno. Em Alexandria, os painéis solares, ainda da época do “Antes”, finalmente dão defeito, deixando os habitantes a mercê do frio e da falta de energia. Tudo colabora para que as pessoas se unam, mesmo que os ânimos não sejam mais os mesmos após a morte de Tara (Alanna Masterson), Henry (Matt Lintz), Enid (Katelyn Nacon) e os outros.
A neve dificulta a locomoção e a visão, e sabemos por experiência própria que ver e mover-se são funções essenciais para a sobrevivência no apocalipse zumbi. Michonne (Danai Gurira) está junto com os habitantes do Reino, assim como Daryl (Norman Reedus), e ajuda Ezekiel e Carol durante a travessia entre as comunidades, que é potencialmente mais difícil por conta do frio e da fronteira que os Sussurradores estabeleceram como seu território após o massacre na feira. Lentamente, o grupo se move e o tempo piora, maximizando a hostilidade entre os sobreviventes, principalmente para com Lydia (Cassady McClincy), que continua residindo junto com os habitantes do Reino mesmo após as atrocidades cometidas por Alpha. Alden (Callan McAuliffe), namorado de Enid, demonstra uma postura agressiva com relação a ela, e Carol também demonstra sua insatisfação à presença da garota “Toda vez que eu olho para ela só enxergo ele (Henry)”. Isso acaba fazendo com que Daryl assuma a proteção da menina, garantindo-a que se for preciso ele irá embora e a manterá em segurança sozinho.
Em Alexandria, Rosita (Christian Serratos), Gabriel (Seth Gilliam), Eugene (Josh McDermitt), Siddiq (Avi Nash), Judith (Cailey Fleming) e os outros sobreviventes precisam se dividir entre três casas para sobreviverem ao frio. Isso significa tirar Negan (Jeffrey Dean Morgan) de sua cela e mantê-lo junto com os outros, o que não é uma ideia agradável aos olhos de Rosita. Essa é a primeira vez que vemos Negan interagir com um grupo de pessoas desde o fim da oitava temporada, e o humor sádico do personagem volta com tudo nesse episódio, mas também pode-se perceber uma mudança em seu comportamento. É dada a ele uma chance de redenção pelos crimes do passado, quase que para ajudar o espectador a não se sentir tão culpado por gostar de Negan. Claro que não comprei essa ideia, mas foi a narrativa que nos foi dada, e é com ela que teremos que lidar durante a décima temporada.
No geral, o episódio serve para reiterar aquilo que nós já sabíamos, mas os personagens pareciam ter esquecido: eles são mais fortes quando estão juntos. Em determinado momento, Michonne diz a Ezekiel “aquela mulher só pode andar entre nós despercebida porque nós não nos conhecíamos” e isso é sim verdade, mas infelizmente os anos foram duros para os sobreviventes e certas ligações não podem ser retomadas, assim como certos contratos não podem ser renovados (e eu me refiro aqui à saída de Lauren Cohan da série, e ao fato de que Maggie fez muita falta nessa temporada, onde provavelmente a personagem teria tido chance de crescer.). O episódio termina com uma promessa vaga de que algo está por vir, mas nem de longe cria o mesmo tipo de curiosidade que já vimos em finais de temporadas anteriores. Acabei sentindo tudo meio frio – sem tentar fazer um trocadilho com as condições climáticas do episódio – mas a impressão que passa é que os produtores não souberam como terminar o que começaram e acabaram deixando que tudo se resolvesse de uma forma muito impessoal. Não sei o que poderemos esperar da décima temporada (e francamente não sei nem se chegaremos a cobrir os episódios aqui), mas ainda tenho um fio de esperança que TWD consiga ter o fim digno que ela merece.
Graduada em Cinema e Audiovisual. Roteirista, produtora, feminista e a pisciana mais ariana do mundo. Fã de Buffy, Harry Potter e Brooklyn 99, Gabi passa seu tempo ensinando que não se deve sentir vergonha das coisas que gostamos, nem deixar de questionar as coisas só porque gostamos delas.