A pequena traça Teca vive com sua família e seu fiel ácaro de estimação Tuti em uma caixa na casa de uma costureira. para as traças, papel é apenas comida, mas tudo muda quando Teca tem contato com a literatura ao ouvir a costureira contando histórias para o seu neto. A pequena traça aprende a ler e descobre que os livros trazem mundos de possibilidades. Ao se deparar com uma mensagem enigmática em um livro, Teca ao lado de Tuti decididos a resolver um grande mistério, partem para a biblioteca, em busca da história mais importante de suas vidas.
TECA E TUTI: UMA NOITE NA BIBLIOTECA, novo filme da SESSÃO VITRINE PETROBRAS, que chega aos cinemas de todo o Brasil em 25 de julho. Com direção de Eduardo Perdido, Tiago MAL e Diego M. Doimo, o longa tem produção da Rocambole Produções, é distribuído pela LPB Content e codistribuição com a Vitrine Filmes, e tem como principais patrocinadores a Petrobras, o BNDES e a SABESP, por meio de seleção em editais públicos.
Sendo o primeiro longa de animação da Rocambole Produções, responsável pelos curtas “Calango Lengo: Morte e Vida Sem Ver Água” (2008 – dir. Fernando Miller), “O Papagaio e a Pipa” (2021 – dir. Tiago Mal) e uma versão em curta metragem de Teca e Tuti, chamada “A Traça Teca”, lançado em 2002 com direção de Diego M. Doimo. Com um espírito educador e recreativo, o longa tem como principal proposta incentivar a leitura, direcionando essa mensagem para o público infantil, mas trabalhando elementos que irão despertar o interesse de outras faixas etárias.
O roteiro é construído coletivamente por Diego M. Doimo, Fernando Miller e Eduardo Perdido trazendo uma premissa que tem a obra de Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas, como inspiração, mas faz referências aos grandes clássicos da literatura como Saci Pererê, Dom Quixote, Sherlock Holmes e Chapeuzinho Vermelho. A narrativa de Teca e Tuti é simples e lúdica, mas construída com maturidade fazendo uma verdadeira declaração de amor para a literatura brasileira e mundial. A protagonista, dublada por Luy Campos, é uma heroína determinada, inteligente e sonhadora, trazendo com delicadeza um exemplo de força para as crianças. O arco narrativo de Teca, apesar de partir da paixão pela leitura, também envolve questões como ir contra a correnteza, questionando o meio em que você vive. Os demais personagens são bem construídos, mas não carregam consigo a mesma profundidade de Teca, o que é compreensível considerando que o filme tem uma duração de 74 minutos.
Teca e Tuti trabalha de maneira muito criativa com diversas técnicas, muitas vezes as entrelaçando. A maior parte do filme foi realizada em Stop Motion, mas também usa de animações 2D e 3D e mesclando-as com live-action. Quem assume a direção de arte é Mateus Rios, ilustrador por trás das obras A Ideia que se Esquecia, de Jorge Miguel Marinho, Ela tem olhos de céu, de Socorro Acioli, e Pedro Noite, de Caio Riter. Trabalhando com uma pluralidade grande de materiais, tais como lã, feltro, madeira, papel, tecidos, a animação ganha bastante textura e vida. Por conta da grandiosidade técnica do projeto e da falta de fomento financeiro, o filme passou 12 anos para ser concluído.
A trilha sonora é composta pelo grandioso Hélio Ziskind, musicista com uma longa trajetória com o público infantil. Hélio é responsável pela música dos maiores clássicos da TV Cultura nos anos 90 e 2000: Rá-Tim-Bum, Castelo Rá-Tim-Bum, X-Tudo e Cocoricó. Trazendo instrumentos de percussão, sopro, cordas e teclado e oscilando entre ritmos e tons dentro de uma mesma faixa, o resultado não poderia ser outro além de músicas dinâmicas, bastante nostálgicas e bem produzidas.
Em um contexto de monopólio de grandes produções norte-americanas nas salas de cinema, Teca e Tuti: Uma Noite na Biblioteca mostra a potência do mercado de animações brasileiras com muita criatividade e uma mensagem sobre a importância da leitura e da magia que os livros carregam em suas páginas e caracteres.
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Travesti não binária, artista multilinguagens e gastronoma com foco na cultura alimentar cearense. Desde criança encontrou na fantasia e no horror espaços de fuga de uma dura realidade e hoje, enquanto escritora e produtora audiovisual, busca contar narrativas sobre transgeneridade. Assina a direção e montagem do curta Ordem das Magnólias e de suas performances como a drag queer YÜMMY, além outros trabalhos com figurino, produção de trilha sonora e pós produção.