Já dizia o velho ditado “a primeira impressão é a que fica”. Com produções cinematográficas é a mesma coisa, e pode tornar o produto um fenômeno ou um fracasso. Falo disso, porque a série The Witcher (2019 -) estrelada por Henry Cavill, apesar de ter uma primeira temporada que não é um primor de qualidade de roteiro, ao menos consegue estabelecer um universo rico, cheio de criaturas estranhas, numa mitologia que consegue capturar a essência do game e dos livros gerando um grande potencial narrativo a ser explorado.
Depois do sucesso de público da série, criada pela showrunner Lauren Schmidt Hissrich, as expectativas se voltam para o aguardado segundo ano, onde veremos o bruxo Geralt de Rivia, a pequena princesa Cirila de Cintra e a poderosa feiticeira Yennefer de volta à nossa tela dia 17 de dezembro. O fenômeno em volta de The Witcher é tão grande, que a Netflix criou um evento geek chamado “WitcherCon”, onde revelou todas as produções e projetos que estão desenvolvendo neste universo, além de mostrar uma prévia da nova temporada, o evento ainda exibiu o teaser do prequel The Witcher: A Lenda do Lobo (The Witcher: Nightmare of the Wolf, 2021).
Este anime em forma de longa foi produzido pelos Studios Mir, que está por traz dos sucessos Avatar: A Lenda de Korra (The Legend of Korra, 2012 – 2014) e dos recentes Voltron: O Lendário Defensor (Voltron: Legendary Defender, 2016 – 2018), Kipo e os Animonstros (Kipo and the Age of Wonderbeasts, 2020) e o ótimo Dota: Sangue de Dragão (Dota: Dragon’s Blood, 2021 -), esses três últimos sucessos na Netflix, mas que agora tem a responsa de não só expandir o universo habitado por Geralt, como também manter os motores aquecidos antes da nova temporada da série chegar.
Em A Lenda do Lobo, uma trama que se passa anos antes das aventuras de Geralt começarem, temos a história de seu mestre e mentor Vesemir (voz de Theo James), um jovem bruxo convencido e arrogante que caça criaturas por dinheiro. Um dia ele se depara com um novo e misterioso poder que o força a enfrentar demônios do passado, o levando a ir além da ganância por dinheiro, quando se vê no meio de uma misteriosa conspiração que pode afetar seus irmãos bruxos cada vez mais ameaçados por uma eminente guerra que está preste a estourar.
Se você gostou da série, este anime vai te deixar ainda mais animado para o que está por vir daqui pra frente nesta saga. Com uma narrativa com ação ininterrupta, temos uma trama enxuta que explora mais o mundo dos bruxos, seja mostrando a tensão que eles causam em relação as outras raças, seja na forma como recrutam crianças para se transformarem em novos bruxos passando por provas cruéis e testes perigosos para no final ganhar treinamento e compor o exército de feiticeiros que habitam a fortaleza de Kaer Morhen.
É claro que a trama de Vesemir não fica de lado, o mentor de Geralt tem uma trama bastante interessante, sua origem é contada em flashbacks mostrando sua relação com a jovem Illyana (versão adulta com a voz de Mary McDonnell) e como posteriormente ele passou pelo duro treinamento para se tornar um bruxo. O personagem tem uma jornada onde ele vai perdendo a inocência aos poucos, enquanto no presente vemos o mesmo como oportunista e trambiqueiro que vive de pequenos bicos caçando perigosas criaturas mágicas.
A animação tem sua trama centralizada em torno do mistério de uma criatura que está matando civis na floresta de Kaedwen. Vesemir, depois de se envolver em uma confusão em uma taverna, é recrutado para caçar e matar a tal criatura. A trama guarda mais do que se pode imaginar e o bruxo ainda ganha a companhia de uma poderosa feiticeira, Tetra Gilcrest (voz de Lara Pulver), quanto mais a dupla vai descobrindo sobre a criatura, mais a narrativa vai ficando densa, sombria e surpreendente.
Dizer mais que isso seria estragar as boas surpresas, mas o que você precisa saber é que o anime entrega tudo aquilo que você espera: ação da boa, aventura sem limites e reviravoltas excelentes numa narrativa que serve para enriquecer um universo que está expandindo cada vez mais. Os personagens são interessantes, bem desenvolvidos, principalmente Vesemir e a personagem da Lady Zerbst, que compartilham uma relação amorosa no mínimo arrebatadora, para não dizer melancólica.
Em relação ao estilo de animação, os cortes, o jeito que ela é desenhada, lembra muito o fenômeno Castlevania (2017 – 2021), que encerrou sua jornada recentemente na Netflix. A fotografia da série é linda e de tirar o fôlego, com cores vibrantes e paisagens belíssimas, tudo acentuado por uma trilha sonora que dá um bom ritmo à história e empolga nos momentos mais frenéticos, principalmente no absurdo e caótico terceiro ato.
No geral The Witcher: A Lenda do Lobo, produzido por Lauren Schmidt Hissrich e dirigido de uma forma espetacular por Kwang Il Han, é um deleite visual. Se você gosta desse universo, o anime é um presente, com cenas de ação excelentes, muita magia, muita conspiração em uma trama que não só respeita o que foi estabelecido, como também expande de uma forma bastante orgânica tudo aquilo que você já conhece, inclusive explorando melhor a origem dos bruxos no Continente. Agora, se você ainda não conhece o universo de The Witcher, o filme é um bom pontapé inicial, pois tem um protagonista carismático, uma mitologia rica e deixa aquele gostinho de quero mais quando termina.
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Engenheiro Eletricista de profissão, amante de cinema e séries em tempo integral, escrevendo criticas e resenhas por gosto. Fã de Star Wars, Senhor dos Anéis, Homem Aranha, Pantera Negra e tudo que seja bom envolvendo cultura pop. As vezes positivista demais, isso pode irritar iniciantes os que não o conhecem.