No final dos anos 80 e início dos 90 os quadrinhos viviam a época das grandes sagas. Unir diversos heróis em prol de uma luta maior era comum e vendia bem. Nesse contexto surge a grande saga “Desafio Infinito” ( The Infinity Gauntlet) que junto com a mini-saga “Thanos em Busca do Poder” serviu de base para Vingadores: Guerra Infinita (Avengers: Infinity War, 2018).
Com roteiro de Jim Starlin e arte de George Pèrez, o quadrinho narra a história de Thanos em seu incansável objetivo de agradar a Morte. Vale ressaltar que o quadrinho é uma continuação direta de uma mini-saga chamada “Thanos em busca do poder”, no qual, o Titã Louco vaga pelo universo em busca das Joias do Infinito que estão espalhadas entre os anciãos e seres bem poderosos do universo cósmico da Marvel. Em posse delas, Thanos cumpre a promessa que fez para Morte eliminando metade do Universo.
O quadrinho segue um roteiro muito bom e impecável dentro da sua proposta. O Surfista Prateado, aliado de Adam Warlock, vai à Terra avisar os heróis de lá que o Titã Louco conseguiu as Joias e vai fazer o que prometeu fazer. Contudo, ele chega muito tarde e metade das pessoas morrem. Então os heróis que sobraram da Terra, liderados pelo Capitão América, Adam Warlock e Surfista Prateado fazem o plano de retaliação a Thanos, que nesse momento já está sendo chamado de Deus.
Sem entrar muito no enredo do quadrinho para não dar spoiler, a história se desenrola com rumos que não são esperados e com bons pontos de virada que fazem com que seus leitores realmente fiquem impressionados e empolgados com a história que está sendo narrada. Além do roteiro, fica estonteante a arte do quadrinho que possui uma narrativa visual incrível em um dos trabalhos mais inspirados de George Pèrez. Além disso, o filme faz devidas homenagens copiando quadros exatamente iguais da HQ para a película, para os fãs da história certamente essas cenas ficaram marcadas.
Contudo o quadrinho e o filme diferem em muitos aspectos. O primeiro e mais notório são os personagens. Enquanto nessa fase da HQ, a Marvel tinha a disposição todos os personagens de seu panteão, o cinema ainda enfrenta problemas com uso de determinados heróis, portanto personagens como Surfista Prateado, Os mutantes, entre outros, que são fundamentais para a proposta do quadrinho, estão ausentes na película. Por se tratar de uma adaptação, isso não é tão sentido já que o Marvel Studios vem preparando essa grande saga no cinema há pelo menos 7 anos. Outro ponto de diferença entre os dois é a motivação de Thanos, enquanto na HQ ele é apaixonado pela Morte e quer agradá-la acima de tudo, no filme ele é visto como um conquistador e que tem a loucura de exterminar metade do universo com o pretexto de que “se o universo é finito, seus recursos também são” e portanto é uma questão de tempo até ele entrar em colapso, tendo como experiência o fim de seu próprio planeta, Titã, Thanos leva a ferro e fogo suas intenções. Embora cada um tenha suas motivações diferentes, eu acabo preferindo o Thanos do filme, pela sua história mais desenvolvida e pela sua motivação errada. Sabemos que ele é do mal, mas o personagem é tão bem construído que convence, cabendo aos Vingadores tentar impedir o genocídio de metade do Universo.
Embora seja um quadrinho do início dos anos 90, Desafio Infinito é atual. Super divertido de ler e com personagens tão icônicos quanto os filmes. Sem falar que quem saiu do cinema querendo saber mais sobre os heróis, Thanos e as Joiais essa HQ torna-se obrigatória. Seja para um bom entretenimento, seja para tentar antecipar o que pode acontecer no futuro do Universo Cinematográfico da Marvel.
Atual Vice-presidente da Aceccine e sócio da Abraccine. Mestrando em Comunicação. Bacharel em Cinema e formado em Letras Apaixonado por cinema, literatura, histórias em quadrinhos, doramas e animes. Ama os filmes do Bruce Lee, do Martin Scorsese e do Sergio Leone e gosta de cinema latino-americano e asiático. Escreve sobre jogos, cinema, quadrinhos e animes. Considera The Last of Us e Ocarina of Time os melhores jogos já feitos e acredita que a vida seria muito melhor ao som de uma trilha musical de Ennio Morricone ou de Nobuo Uematsu.