No último domingo (14), foi ao ar o segundo episódio da nona temporada de The Walking Dead. Intitulado The Bridge (A Ponte), o episódio se passa após um novo salto temporal, dessa vez de um pouco mais de um mês, e moradores das comunidades (exceto Hilltop, que apenas disponibiliza mantimentos) estão trabalhando em união para reconstruir a ponte que havia sido destruída e servia de acesso entre o Santuário e o resto do grupo.
O episódio dessa semana trouxe alguns elementos novos, uns de mais relevância que outros, como a possível descoberta de uma nova comunidade que está colaborando com a construção da ponte. Isso nos leva entender que possivelmente a série esteja caminhando pelos passos da HQ, e logo conheceremos os habitantes da Commonwealth, em Toledo, uma comunidade com mais de 5 mil habitantes.
Devido ao acordo que Rick fez com Maggie no episódio anterior, a maior parte dos trabalhadores vêm do Santuário, e isso não tem sido fácil de administrar, dada as circunstâncias que levaram a essa união. Rick tem sua liderança questionada por muitos, mas principalmente por Daryl, o que abala novamente a dinâmica original estabelecida na série. O que acontece é que um erro de um dos trabalhadores do Santuário causa um acidente gravíssimo e atrasa o ritmo de trabalho, além de pôr a vida das pessoas em risco. Os zumbis estão mais uma vez ganhando protagonismo, por mais que já estejamos cansados de saber como lidar com eles, e isso nos traz de volta aquela tensão inicial que tínhamos ao ver um zumbi nas primeiras temporadas da série. Daryl e Rick discordam sobre a melhor forma de lidar com os Salvadores, e até Carol, que assumiu a liderança do Santuário provisoriamente, questiona as ações de Rick. Essa talvez seja uma estratégia para ir acostumando os fãs com a perda do protagonista, mas com certeza não será tão simples assim apagar a presença de cena que Andrew Lincoln sempre conseguiu entregar.
Em Hilltop, Maggie mantém preso seu quase assassino, e se recusa a debater com Michonne sobre o estatuto de regras para as comunidades, dificultando as transações que vem acontecendo entre Hilltop e o Santuário. Ela vem se mostrando cada vez mais dura, e nos faz questionar se a sua posição de liderança se manterá por muito tempo, já que ela tem problemas para se comunicar até mesmo com Jesus, até então seu maior aliado. Maggie com certeza foi uma das personagens que mais sofreu durante toda a série, tendo perdido 3 familiares antes de nós a conhecermos (mãe, madrasta e irmão) e mais três durante o decorrer da narrativa (Hershel, Beth e Glenn). Ela abraça Hilltop de tal forma como nunca antes tinha abraçado um dos lares que o grupo teve após a fazenda, muito provavelmente porque este é o lar de seu filho, e talvez seja por isso que ela esteja preparada para fazer o melhor que pode dentro da comunidade, mesmo que isso signifique sacrificar certos privilégios que as outras comunidades possuem. A sua família, mesmo morta, ainda se faz muito presente, é por conta de uma lembrança do pai que Maggie reconsidera certas atitudes e aceita começar um diálogo com Michonne, porém deixando claro que sempre dará prioridade àquilo que for melhor a Hilltop.
Neste episódio também vemos Negan pela primeira vez desde que foi capturado pelo grupo. Ele está preso em Alexandria, e dá-se a entender que Rick faz visitas à ele de tempos em tempos. Negan continua sereno, mesmo diante da sua atual condição, e é a partir de um questionamento dele a Rick que se dá a questão principal do episódio: é da natureza humana o ato de se reunir, de compartilhar entre si a vida, a felicidade, a prosperidade, ou tudo isso não passa de uma distração enquanto não surge uma oportunidade de conquista, de egoísmo? Mesmo tendo superado tantas adversidades juntos, o grupo inicial aparece mais dividido do que nunca, e Negan afirma que esse é o caminho a se tomar. Para ele, a espera é algo divertido, já que está claramente convencido de que as tentativas de Rick de construir um novo mundo serão falhas.
No geral, o episódio segue a mesma linha que o anterior, focando nas divergências entre os personagens e apresentando novas alianças, numa tentativa de recriar uma dinâmica que foi estabelecida no curso de oito temporadas. As mudanças que foram prometidas estão ocorrendo aos poucos, e talvez o que seja mais difícil de aceitar (pelo menos para mim) é que de fato Rick Grimes não está sendo o melhor líder que ele pode ser. Se isso se dá devido a construção de personagem ou unicamente por conta da saída de Andrew Lincoln da série nós só saberemos no decorrer da temporada. Até lá, fico atenta para os novos caminhos que The Walking Dead poderá tomar.
Graduada em Cinema e Audiovisual. Roteirista, produtora, feminista e a pisciana mais ariana do mundo. Fã de Buffy, Harry Potter e Brooklyn 99, Gabi passa seu tempo ensinando que não se deve sentir vergonha das coisas que gostamos, nem deixar de questionar as coisas só porque gostamos delas.