Rick Grimes está vivo.
É isso mesmo, gente. Não só Rick Grimes (Andrew Lincoln) está vivo, como Rick Grimes teve uma falsa morte digna de Rick Grimes, lutando com bravura, salvando sua família (todo o grupo, sim, eles todos são sua família) ao se sacrificar quando explodiu a ponte para impedir que o bando de zumbis conseguisse chegar em Hilltop.
Apesar disso, esse episódio ainda foi uma despedida de Andrew Lincoln da série, já que o ator não retornará durante o resto da temporada e provavelmente nem para a temporada seguinte. O que nos aguarda são uma série de 3 filmes para a TV, que contarão a história de Rick após ser salvo por Jadis (Pollyanna McIntosh) no helicóptero misterioso, e que deverão, em algum momento, explicar porque Rick não volta para encontrar com Michonne (Danai Gurira), Judith e o resto do grupo. Essa notícia veio como um grande alívio para muitos fãs da série, e para mim especialmente, já que Rick é meu personagem favorito na franquia. Saber que ainda veremos a jornada dele facilita a transição de ter que assistir o restante da temporada nove sem sua presença no elenco.
O episódio dessa semana trouxe muitas questões sentimentais a tona. Nós acompanhamos a trajetória de Rick enquanto ele lutava por sua vida, sempre determinado a levar o bando para longe do grupo. Enquanto entrava e saia de um estado de inconsciência, pudemos observar diálogos significativos entre Rick e Shane (Jon Bernthal), Hershel (Scott Wilson) e Sasha (Sonequa Martin-Green), três personagens de peso que sofreram mortes difíceis e colaboraram para tornar Rick no líder que ele é hoje. Os fantasmas do passado deram força a Rick durante aquilo que nós achávamos que seriam seus últimos momentos, e as cenas tocantes entre eles serviram também para reiterar o carinho que nós fãs (pelo menos aqueles que ainda estão firme e fortes) sentimos pela série no decorrer desses 9 anos. Custa-me admitir isso, mas mesmo se a morte de Rick tivesse sido verdadeira, eu teria continuado a acompanhar com gosto a temporada depois desse episódio de domingo.
Para além da jornada de Rick, pudemos observar Maggie (Lauren Cohan) e sua busca por justiça. Ao chegar em Alexandria determinada a matar Negan (Jeffrey Dean Morgan), ela é confrontada por Michonne, e num diálogo muito bem escrito nós conseguimos compreender totalmente o lado de Maggie, os sentimentos que ela ainda carrega e a necessidade que ela possuía de acabar com a vida do homem que matou seu marido. Michonne acaba cedendo e entrega a Maggie as chaves da cela, e foi com o coração pesado que eu a observei entrando determinada para acabar aquilo que deveria ter sido feito embaixo da árvore no fim da guerra. Como espectadora, eu estava 100% do lado de Maggie no final da oitava temporada, e fiquei profundamente magoada com a decisão de Rick de poupar a vida de Negan. Não era uma decisão que ele poderia ter feito sozinho, e foi uma decisão egoísta, mas os seus motivos não estavam errados. Durante esses 5 episódios da nona temporada, a ideologia de Rick de que “toda vida importa” passou a fazer cada vez mais sentido para mim, então foi sim com o coração pesado que eu assisti enquanto Maggie destrancava a cela de Negan, pronta para matá-lo. Mesmo achando que ela estava no direito de querer um fechamento, não pude deixar de sentir que talvez não fosse isso que ela precisasse. E dito e feito. Maggie não matou Negan, se é que podemos chamar aquilo de Negan, pois atualmente ele é apenas uma sombra do homem que já foi. Não foi pena, ou amor, ou aceitação das ideias de Rick e Michonne. Maggie não mata Negan porque ela entende que a maior punição que ele poderia receber seria continuar vivo no estado de miséria que ele se encontra. E isso bastou para ela, e também bastou para mim, e mesmo que eu saiba que algo pior está por vir ao deixar Negan vivo (quem leu os quadrinhos sabe do que eu estou falando), foi com satisfação que assisti Maggie devolver as chaves a Michonne e finalmente encontrar a paz que ela tanto precisava ter dentro de si.
O fim desse episódio também nos revelou que haverá um novo salto temporal no desenrolar da trama, dessa vez de muito mais tempo, no mínimo seis anos, já que vemos Judith crescida, atirando em zumbis com a arma do pai e usando o chapéu de
cowboy que nos acostumamos ver em Carl. Foi lançado também um trailer do que pode se esperar nos próximos 3 episódios da nona temporada, e eu recomendo que vocês assistam para ter um gosto do que vamos esperar após a falsa morte de Rick. Só posso prever que a série está tentando se recuperar do baque de audiência que sofreu nos últimos anos, e para isso novos elementos serão adicionados após esse salto temporal, se utilizando de um
plot forte que já existe nos quadrinhos, e que talvez seja o que de fato retome
The Walking Dead para o seu patamar de glória. A expectativa de fato está grande, principalmente porque existe uma chance de que esse
plot em algum momento coincida com os filmes de Rick Grimes, e se tem uma chance de que nós o veremos de novo com seu grupo então, para mim, vale a pena continuar investindo na série. Agora é esperar para ver como se desdobrarão os caminhos dos sobreviventes sem a liderança de Rick, mas equipados com uma sociedade mais forte, e um maior senso de comunidade. Se tem uma coisa que The Walking Dead sabe fazer é não deixar de nos surpreender, seja para o bem ou para o mal.
Graduada em Cinema e Audiovisual. Roteirista, produtora, feminista e a pisciana mais ariana do mundo. Fã de Buffy, Harry Potter e Brooklyn 99, Gabi passa seu tempo ensinando que não se deve sentir vergonha das coisas que gostamos, nem deixar de questionar as coisas só porque gostamos delas.