Neste domingo (18) estreou o sétimo episódio da nona temporada de The Walking Dead, intitulado Stradivarius em referência aos violinos produzidos pela família italiana Stradivari entre os séculos XVII e XVIII, famosos por sua qualidade inigualável de som e por seu valor inestimável. Curiosamente o episódio foi a primeira experiência na direção de Michael Cudlitz, ator que durante muito tempo interpretou o nosso Abraham, lembram?
Dando continuidade aos eventos do episódio anterior seguimos acompanhando o translado do grupo liderado por Michonne (Danai Gurira) que tem como missão levar os novos membros em segurança de Alexandria para Hilltop, mas no caminho precisam passar por onde estes foram atacados e salvos por Judith (Cailey Fleming), onde Michonne, que se mostra extremamente desconfiada e cautelosa desde o salto temporal após a “morte” de Rick, deseja se certificar de que a história que ouviu dos estranhos bate com a realidade, já que estes já não se mostraram tão dignos de confiança assim.
Enquanto isso voltamos finalmente à Hilltop, onde percebemos uma continuidade na evolução e organização da comunidade, mesmo com a saída de Maggie (Lauren Cohan) do lugar por motivos que ainda não nos foram bem apresentados. Em seu lugar como líder temos um Jesus (Tom Payne) meio deslocado e se comportando ainda como suplente, mesmo que, aparentemente, a ausência de Maggie já se dê por um tempo demasiadamente esticado. No entanto Jesus é eleito democraticamente para uma continuidade no cargo, e deveria ser a pessoa mais apta para este, já que vinha se mostrando como braço direito e conselheiro de Maggie antes do salto temporal.
Numa terceira linha narrativa do episódio temos o retorno da maravilhosa dupla Carol (Melissa McBride) e Daryl (Norman Reedus). Este vivendo como recluso desde a explosão da ponte, inicialmente em busca do corpo de Rick, jamais encontrado, mas posteriormente percebendo que este é o modo de vida que mais lhe agrada, vivendo da caça na companhia de seu cão sem nome. Mas é perceptível que a falta de Rick (e o desaparecimento de seu corpo) o tem afetado muito mais do que ele quer deixar transparecer. Carol deixa claro para Daryl o seu desejo de que este seja um guardião e também um mestre para seu filho Henry (Matt Lintz) enquanto este permanecer em Hilltop, o que logo é rebatido com uma negativa. Mas após um incidente com armadilhas onde o garoto acaba salvando Daryl e o cão, e um pequeno diálogo sobre a importância deste para Carol, firma-se uma espécie de acordo e Daryl acaba por ceder, meio à contragosto, mas por Carol, o papel de tutor do jovem.
Chegando ao local do ataque, Michonne anuncia que não deve continuar acompanhando o grupo até Hilltop, deixando Siddiq (Avi Nash) na liderança. Com isto percebemos que aconteceram alguns atritos entre a espadachim e Maggie durante estes anos que se passaram e que, por isso, uma não deve encontrar a outra, e que Michonne não sabe da saída de Maggie da cidade, o que só é revelado para ela mais ao fim do episódio.
Durante a noite um incidente envolvendo um valioso violino guardado por Luke (Dan Fogler) e destruído pela afiada lâmina de Michonne leva a uma interessante discussão que ainda não havia sido tocada nestas nove temporadas. Qual o papel da arte e da cultura, nesta nova civilização que está se formando? Há alguma relevância disto frente às várias agruras que a humanidade ainda precisa enfrentar neste novo mundo? Claro que este assunto só seria possível na série neste momento, em que após anos apenas sobrevivendo e fugindo do caos, a humanidade (ou pelo menos a humanidade que nós acompanhamos) têm uma relativa folga para reiniciar um estágio mínimo de civilização. Mas é também uma lição importante para Michonne o que ela escuta de Luke, em um momento em que ela afasta Alexandria cada vez mais de Hilltop e do Reino, de que a união e a identidade foi o que providenciou uma sobrevida à humanidade em tempos difíceis.
Por último é interessante perceber que ao mesmo tempo em que caminhantes “falantes” aparecem na trama da série temos personagens que conseguem (e precisam) se comunicar sem fazer nenhum barulho, através da linguagem de sinais, algo que sabemos não ter sido introduzido de forma gratuita. Fica claro que esta habilidade, bem como a capacidade de sentir a aproximação de um grande bando através da vibração do solo mostrada por Connie (Lauren Ridloff), será uma arma importantíssima contra esta nova ameaça que ainda será melhor apresentada na segunda metade da temporada. Por sua vez, pudemos criar uma maior empatia pelos novos membros, em especial pela mais arisca deles Magna (Nadia Hilker) e conhecemos melhor Yumiko (Eleanor Matsuura), que passou o episódio anterior quase todo desacordada, e felizmente parece ser uma pessoa ótima.
Semana que vem teremos o último episódio da metade desta temporada e, conhecendo a série, mais dúvidas e mistérios virão, e percebemos que estes anos todos de elipse que não acompanhamos após a “morte” de Rick nos trarão algumas perguntas mais.
Cineasta e Historiador. Membro da ACECCINE (Associação Cearense de Críticos de Cinema). É viciado em listas, roer as unhas e em assistir mais filmes e séries do que parece ser possível. Tem mais projetos do que tem tempo para concretizá-los. Não curte filmes de dança, mas ama Dirty Dancing. Apaixonado por faroestes, filmes de gângster e distopias.