Resident Evil 2 – Um remake perfeito ou quase isso

1998 foi um ano memorável para a comunidade gamer. Grandes títulos foram lançados: The Legend of Zelda: Ocarina of Time, Pokemon Yellow, Metal Gear Solid e, é claro, Resident Evil 2. RE2 chega para dar continuidade e expandir os conceitos apresentados no primeiro jogo, embora sua jogabilidade não mude do primeiro para o segundo, a decisão de mudar os protagonistas, aumentar o arsenal e desenvolver o enredo são mais que acertadas.

 

Contudo o texto de hoje não é sobre esse clássico do PlayStation 1. Em janeiro de 2019 chega ao mundo dos jogos o remake do tão aclamado RE2. Muito desse jogo se deu por conta do sucesso que foi RE7 (lançado em 2017) e do apelo sentimental dos fãs, além de uma experiência já comprovada com o remake do primeiro jogo em 2002 para GameCube, mas que recebeu remasterização para os consoles mais atuais. A Capcom, desenvolvedora do jogo, tinha uma missão muito difícil na mãos, desenvolver e entregar um jogo remake que ninguém pediu e fazer com que a fanbase do jogo original amasse mesmo assim.
Além da óbvia diferença no motor gráfico, Resident Evil 2 chega com um enorme peso da nostalgia. Embora a direção e a produção tenham mudado da versão de 1998 para 2019, o clima e a constante sensação de um ambiente familiar permanece durante todas as campanhas. É quase intuitivo a jogatina e a memória afetiva com o jogo às vezes prega peças no jogador. Sim, embora o jogo seja um remake algumas coisas foram reformuladas e novos puzzles e partes do mapa podem ser acessadas. É uma expansão do universo do jogo que é muito bem-vinda, aliás, vem em boa hora junto com um motor gráfico que permite uma contemplação maior do ambiente.

 

Outra grande mudança é a jogabilidade, parece ser uma evolução natural do que foi apresentada nos RE anteriores (RE 4, 5, 6 e 7), mas dessa vez com um polimento que permite ao jogador ter total controle dos movimentos e da câmera, bem como a possibilidade de mirar e andar ao mesmo tempo. A dificuldade do jogo é variável, embora em uma primeira jogada você ainda esteja desenvolvendo aquela memória afetiva, os sustos, os puzzles e os chefes não apresentam uma grande dificuldade, muita das mortes causadas são em decorrência do susto ou da surpresa ao invés da dificuldade do jogo.

 

A trilha sonora e os efeitos de áudio foram totalmente refeitos (embora exista a opção de jogar com o áudio original de 1998), essa reformulação dá uma imersão maior ao jogador, especialmente se for jogado com um headset ou um bom fone de ouvido. É talvez a melhor trilha sonora para um jogo de terror da nova geração.

 

Claro que nem tudo é perfeito, existem problemas, mas nada que vá prejudicar a experiência, o que tem maior destaque é o fato das campanhas principais e secundárias não terem tantas diferenças assim, tirando alguns puzzles ou uma cinemática diferente, elas se tornam bem parecidas. Outro exemplo que vale a pena ressaltar é a interação entre os dois protagonistas Leon e Claire, tanto no primeiro jogo quanto neste remake a interação entre os dois é pouco desenvolvida. Acredito que se existisse uma interação maior entre eles e o cenário o jogo poderia ser mais enriquecido, é quase inacreditável que os dois estejam no mesmo ambiente e não consigam se encontrar mais que uma vez.

 

Resident Evil 2 remake é um jogo que ninguém pediu, mas que todos gostaram, embora tenha seus problemas, o game acerta em apelar para um tom nostálgico da sua fanbase, reformulando e atualizando sua jogabilidade, enredo e personagens. É a chance dos novos jogadores entenderem e reverenciarem um dos maiores jogos já feitos de uma das maiores franquias do mundo gamer.