Goosebumps: 1° Temporada – Entretenimento envolvente com alguns sustos

O mundo anda muito chato. Às vezes para escapar da nossa dura realidade, a gente só quer algo escapista para passar o tempo. Entretenimento que segue essa linha normalmente são os mais divertidos, principalmente se você não está esperando nada e acaba sendo envolvido numa trama que traz boas surpresas e a melhor satisfação possível.

Estas qualidades podem ser atribuídas à série de terror sobrenatural Goosebumps (2023 -), adaptação da série de livros de R. L. Stine, que estreou no Disney+ e Hulu ano passado e teve uma boa repercussão ao a contar a história de cinco jovens do high school (ensino médio dos EUA) que embarcam numa jornada sombria e estranha ao investigar um assassinato que aconteceu três décadas atrás de um jovem chamado Harold Biddle (Bem Cockell), além de descobrir os segredos guardados de seus próprios pais no processo.

A série criada por Rob Letterman e Nicholas Stoller não segue o mesmo caminho da série antologia adaptada de 1995, que tinha episódios com começo, meio e fim, sempre com um conto baseado nos livros de Stine, ao invés disto, esta nova versão opta por ser uma trama mais serializada pegando várias referências da sua versão literária para construir uma narrativa envolvente cercada de mistérios.

O primeiro episódio da temporada, Say Cheese and Die!, começa em 1993 com a morte de Harold Biddle, mas só ganha um gás mesmo trinta anos depois, quando o professor Bratt (Justin Long) vai morar na casa do defunto e os amigos Isaiah (Zack Morris), Margot (Isa Briones), James (Miles McKenna), Isabella (Ana Yi Puig) e Lucas (Will Price), acabam por consequência se envolvendo numa teia de bizarrices no mesmo local dando ignição a história.

O maior trunfo de Goosebumps é se apoiar no seu lado mais estranho e principalmente capturar o lado mais bizarro do texto de Stine, com um desenvolvimento bem conduzido de uma narrativa que desperta curiosidade pela forma como é contada, mesmo se apoiando em clichês adolescentes para atrair um público mais jovem.

E funciona, mais por conta do roteiro que é bem estruturado, não só na forma como explora a personalidade de cada adolescente atribuindo um episódio a cada um, enriquecendo a mitologia do seriado com episódios caoticamente divertidos como The Haunted Mask (1×02) e o inteligente The Cuckoo Clock of Doom (1×03), que mostra a veia criativa da série em sua plenitude.

O legal é embarcar numa trama que parece ser complexa, mas tem muito a oferecer ao manter o mistério como válvula que move a primeira parte da temporada, que torna o seriado impossível de largar, culminando no maluco episódio Got Eat Worms (1×04), que aponta o retorno de um velho conhecido para quem assistiu ao filme Goosebumps: Monstros e Arrepios (Goosebumps, 2015), ou até mesmo quem é fã dos livros.

Outro ponto que faz a série tão boa, é a forma como usa a trama do passado para alimentar os mistérios do presente, ao explorar a vida destes adolescentes, conhecemos mais sobre seus pais e todo o mistério envolvendo Harold Biddle trinta anos atrás. Tudo é revelado de uma forma que alimenta a reta final da temporada de uma forma espetacular.

Os episódios Reader Beware (1×05), Give Yourself Goosebumps (1×07) e You Can’t Scare Me (1×08) são episódios que sintetizam bem a forma como a série é um entretenimento bem conduzido cheio de reviravoltas e riscos, sempre apresentando novidades e privilegiando seu maior atributo, o elenco.

A escolha de atores desconhecidos e veteranos não muito famosos como Justin Long e Rachael Harris, foi um acerto a partir do momento que todos parecem ter muita sintonia em cena, principalmente os cinco jovens que lideram a trama, com atuações na medida que ajudam o público a criar uma empatia de imediato se envolvendo em seus dramas adolescentes e sua jornada para desvendar o mistério que se encontram.

Em termos de produção Goosebumps também manda bem, com efeitos visuais decentes, além de ótimos efeitos práticos ao conseguir produzir dois dos melhores episódios da temporada com Night of the Living Dummy (1×06) e Night of the Living Dummy: Part 2 (1×09), este último que poderia ser facilmente o final de temporada de tão bom e viciante, ao misturar de forma genial suspense, ação e ótimas reviravoltas.

É neste ponto que a série acaba falhando e não terminar com apenas nove episódios, pois o último episódio, Welcome to Horroland (1×10), soa bastante anticlimático, principalmente por perder um pouco da força, do suspense, do susto e do senso de novidade que deu sustentação a todo resto da temporada, não chega a comprometer, mas soa desnecessário, mas ao menos termina a história do grupo de amigos de forma coerente.

No final das contas, Goosebumps é um ótimo seriado, daqueles que você não espera muito e acaba surpreendendo pela qualidade da trama, pela forma como mistura bem terror e suspense, até mesmo como a aventura é usada para criar uma mitologia rica e bizarra que faz jus a páginas de R. L. Stine. Os showrunners, Letterman e Stoller, criaram uma montanha russa de emoções que quase erra o passo no seu último episódio, mas o saldo positivo da temporada garantiu não só sobrevida da série que virou uma antologia, mas deu abertura para mais tramas neste universo pudessem contadas futuramente. Vale cada segundo.


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