Shaman King: Flowers – Uma sequência eletrizante

Shaman King é um mangá que foi serializado de 1998 a 2004 pela Weekly Shonen Jump, publicação japonesa que edita e editou quadrinhos de sucesso como One Piece, Naruto e Dragon Ball. A trama segue Yoh Asakura, um jovem com poderes sobrenaturais que participa de uma competição chamada Torneio Xamã para realizar seu grande sonho: viver uma vida tranquila. Porém, para conquistar seu objetivo, ele precisará derrotar Hao Asakura, seu irmão gêmeo absurdamente poderoso que planeja se tornar o deus do mundo e exterminar a humanidade. Esse é o ponto de partida de uma história cheia de conceitos espirituais e religiosos, que aborda com bastante destreza (ainda que de forma fantasiosa) diversas culturas e suas experiências transcendentais. Em 2001, a série ganhou uma adaptação animada que, apesar de trazer muito bem a essência da obra, do meio para o final acabou se distanciando bastante do material de origem. Vinte anos depois, em 2021, foi lançada uma nova versão do anime, dessa vez com a proposta de seguir fielmente a história da publicação impressa. 

Shaman King: Flowers é o nome da sequência da franquia, tendo o mangá publicado de 2012 a 2014. Em 2024, a nova série foi adaptada também para formato de animação. Partindo do final da trama de acordo com o mangá e o anime de 2021, Flowers segue a vida de Hana Asakura, filho de Yoh, que se vê imerso em uma guerra santa entre o deus Hao e YVS, o rei xamã da geração anterior. Shaman King: Flowers (2024) conta com apenas 13 episódios, pois ela é, na verdade, uma introdução para Shaman King: The Super Star, mangá publicado em 2018 e ainda em produção, com adaptação em anime prometida, mas não confirmada. 

No geral, tendo a encarar no mínimo com desconfiança as sequências de animes que fizeram um grande sucesso entre o público, principalmente aqueles derivados de grandes publicações. Há mesmo mais história a ser contada? Em muitos casos, não. Porém, o final da trama de Shaman King já deixa um pequeno gancho de incerteza, pois o desfecho passou bem longe do que poderíamos esperar: Yoh, nosso protagonista, perde o torneio, e o até então vilão Hao alcança seu sonho de se tornar o Rei Xamã e, consequentemente, deus. Hao não muda seus ideais, mas durante toda a narrativa vai sendo construído como personagem que, apesar de cruel e frio, tem em si algo de humanidade. Na última batalha, mesmo sendo capaz de derrotar toda a aliança formada contra ele, acaba sendo tocado pelos sentimentos de Yoh e seus companheiros e decide adiar, temporariamente, o fim da humanidade.

Outro grande receio que tenho com continuações é o apelo puro à nostalgia, sem um conteúdo novo ou substancial. Flowers, de início, me pareceu ser mais uma dessas produções que tentam se sustentar apenas assim. Os personagens principais são, quase todos, filhos dos protagonistas do anime anterior, e têm designs muito semelhantes. Além disso, os primeiros episódios imitam muito, tanto em estrutura  como em cenário, o início da história anterior. A presença constante de personagens importantes de Shaman King, agora como secundários em Flowers, reforça ainda mais essa impressão. Porém, tive um grande alívio ao perceber que essa primeira camada foi feita para reforçar (muito) o elemento nostálgico, mas essa nova história tem muito mais a oferecer.

A partir do terceiro ou quarto episódio, vemos a trama ganhando uma personalidade própria, com um conflito muito interessante como ponto de partida. A medida que vamos sendo introduzidos aos personagens, podemos perceber também o crescimento e amadurecimento daqueles que estavam presentes desde o primeiro anime. Como já conhecemos o universo e suas regras, agora podemos partir direto para a ação, com muitas batalhas desde o início, novos poderes e mistérios sendo introduzidos de maneira frenética. A história toma, então, um ritmo bastante acelerado, com bons ganchos ao final de cada episódio e uma sequência fluída entre os acontecimentos.

Como um todo, Shaman King: Flowers é uma aventura instigante e divertida, que expande o universo que já havia sido construído e não repete apenas as mesmas fórmulas. A temporada também cumpre muito bem a proposta de criar expectativa para a sequência, que ainda segue em produção no mangá e, espero, em breve será também adaptada.


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