Virou a queridinha da Netflix? É porque ela é boa mesmo
Que One Piece tem sido a queridinha da Netflix ultimamente, é inegável. Além de ter adquirido o anime e vários de seus filmes para o seu catálogo, a plataforma vermelhinha, distribuiu o live action de sucesso One Piece: A Série (2023 -) em agosto de 2023 e anunciou The One Piece, o remake do anime que será produzido pela própria Netflix em parceria com o Wit Studio em dezembro do mesmo ano. E ainda não satisfeita, em janeiro desse ano passou a transmitir – com apenas uma semana de atraso – os episódios semanais da obra.
No entanto, não parou por aí! No dia 21 de janeiro de 2024 foi lançado Monstros: A Maldição do Dragão (Monsutâzu Ippaku Sanjô Hiryû Jigoku, 2024), um ONA (original net animation) dirigido por Sunghoo Park, diretor da primeira temporada do anime de sucesso Jujutsu Kaisen (2020 – ). A produção, baseada no mangá one-shot Monsters de Eiichiro Oda, foi anunciada em julho do ano passado e logo fez alarde entre os fãs do mangaká. Isso se deu principalmente porque Monsters faz parte de uma coletânea de cinco one-shots chamada Wanted! e o título deriva da one-shot de mesmo nome, primeiro trabalho publicado por Oda e que daria origem ao mangá de sucesso One Piece.
O que esperar da obra
A história de Monstros: A Maldição do Dragão é bem simples e direta. Acompanhamos o espadachim errante Shimotsuki Ryūma e sua chegada em uma cidade. Tão breve ele conhece a jovem garçonete Flare, o samurai logo se vê a frente de um grande desafio: enfrentar um dragão que ameaça a existência daquela cidade e de seus habitantes.
As visíveis inspirações no Velho Oeste norte-americano, as (curtas) batalhas e alguns elementos estéticos-narrativos — como a paleta de cores voltada para tons quentes, o uso de desacelerações, a escolha de deixar cenas decisivas em preto e branco e a excelente trilha sonora — contribuem para a apreciação do ONA como uma história perdida, uma lenda contada de boca em boca que agora alcançou o espectador. A produção aparenta se propor como um épico e tem êxito — até certo ponto, visto a pouco profunda trama que traz — nessa missão.
Para quem desconhece ou nunca sequer teve contato com One Piece, Monstros não exige nenhum conhecimento prévio do universo de Eiichiro Oda. Pelo contrário, traz aqui uma história curta que apresenta, mesmo que de maneira bem rasa, o que esperar do mundo criado pelo mangaká. No entanto, muito diferente do tom por vezes bastante galhofa de One Piece, que trata temas pesados e sombrios com mais leveza e bom humor, o ONA opta por um tom mais sério — não deixando de lado as gracinhas típicas das narrativas de Oda, mas preferindo uma sobriedade vista em alguns outros animes da atualidade como Chainsaw Man (2022 – atualmente) ou o próprio Jujutsu Kaisen.
Uma rápida diversão
Com apenas 25 minutos de duração, Monstros: A Maldição do Dragão não é uma grande história repleta de nuances e profundidade — e nem pretende ser. Contudo, é uma diversão rápida, visualmente agradável e narrativamente cativante, algo leve para se assistir durante uma refeição. Uma prazerosa viagem para uma época perdida ao novo público e um presente “canônico” para os amantes de One Piece. E tem cena pós-créditos, viu?
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Escritore, estudante de Cinema e Audiovisual, Diretore de Arte, Roteirista e integrante do coletivo independente Vesic Pis. Para o desespero da sociedade, não-binárie e, pior, terrivelmente canceriane. Apreciadore de punk rock e música eletrônica duvidosa, dedica seu tempo a tentar terminar as leituras iniciadas, assistir filmes e séries com muito gore, ouvir podcasts sobre crimes reais e política e cuidar de um papagaio possivelmente homofóbico.