It’s Halloween, bitches!
O famoso Dia das Bruxas pode ter nascido como uma data muito tipicamente norte-americana, mas a cada vez maior globalização cultural fez com que essa celebração fosse adotada por diferentes países, mesmo que não oficialmente. E no Brasil, claro, não seria diferente. De festas temáticas a programação especial dos cinemas e streamings, muita gente aproveita a data como pode. E uma das melhores formas, obviamente, é ver filmes e séries de terror. Por isso, e tentando sair um pouco das recomendações mais conhecidas, elaborei essa pequena lista de cinco séries pouco conhecidas – ou lembradas – que merecem ser maratonadas, não somente nessa época do ano, mas o ano todo.
Channel Zero
(SYFY, 2016 – 2018)
Começo com uma série antológica criada por uma das mentes mais interessantes e criativas do terror/suspense atual, Nick Antosca, que além de Channel Zero, criou e foi showrunner de programas como The Act (2019), Vingança Sabor Cereja (2021) e Candy (2022), além de ser romancista. Em Channel Zero ele se apropria de creepypastas (histórias bizarras que surgiram desde os primórdios da internet e que funcionam como lendas urbanas da rede) e as usa como ponto de partida para cada uma das quatro temporadas de seis episódios, que por serem antológicas, funcionam independentemente umas das outras. É um formato que já havia sido popularizado alguns anos antes por Ryan Murphy e seu American Horror Story (2011 -), mas que aqui ganha uma visão diferente, já que o estilo de Nick é muito mais sóbrio – lembrando o cinema de terror dos anos 1970 – e mais avesso às explicações lógicas e às resoluções otimistas que Ryan Murphy. Como toda antologia, tem um certo desequilíbrio em alguns elementos (principalmente nas escolhas de elenco e atuações), mas, de toda forma, isso não tira o brilho de um dos trabalhos mais bacanas do terror televisivo recente. Não vou entrar em detalhes da história de cada temporada, porque vale muito a pena ir descobrindo aos poucos, só digo: mergulhe nesse mundo de cabeça.
Onde assistir: –
Slasher
(Shudder, 2016 -)
Outra série antológica, Slasher,é exatamente o que título diz: um serial killer matando gente a torto e a direita, sendo que cada temporada foca em um grupo de pessoas e em um (ou mais de um) assassino(s) diferentes. Criada e comandada por Aaron Martin, é uma série canadense que ganhou bastante projeção entre fãs de terror ao entrar no catálogo da Netflix, mas ainda permanece obscura para o público em geral, mesmo contando com cinco temporadas (ainda sem confirmação de uma sexta). Como fã – e estudioso desse subgênero – Slasher é um deleite para mim: a cada episódio os assassinatos se mostram cada vez mais criativos e violentos, e o elenco é escolhido perfeitamente para servirem de alvos. É um desfile de gente tão ou mais cruel e má que o próprio assassino, e assim, salvo raras exceções, é difícil torcer por alguém, o que torna tudo mais divertido. Enfim, é um perfeito guilty pleasure, que não exige muito de quem assiste – a não ser um estômago forte – e feito especialmente para maratonas, já que são poucos episódios (8 por temporada) e os ganchos ao final de cada um deixam sempre a vontade de querer ver mais.
Onde assistir: Netflix (3 das 5 temporadas)
O Grito – Origens
(Ju-on: Origins, Netflix, 2020)
Como o próprio título diz, O Grito: Origens se propõe a contar como surgiu a “maldição” que transformou Kayako em um espírito vingativo em O Grito (o original de 2002, não a refilmagem norte-americana). A história segue dois personagens, Odajina (Yoshiyoshi Arakawa), um escritor que investiga fenômenos paranormais, e Kiyomi (Yuina Kuroshima), uma jovem que afirma ter passado por experiências sobrenaturais em uma casa familiar para os fãs da franquia. Apesar dos poucos episódios – seis, no total – e deles serem de curta duração – no máximo meia hora – é uma série difícil de acompanhar, pois além de não ser contada de forma cronológica (e os saltos no tempo não são claros de início), é bastante violenta com suas personagens femininas, que sofrem todo tipo de abuso físico, inclusive sexual, o que exige um alerta de gatilho para quem for assisti-la. De todo modo, é um ótimo trabalho dentro do que se propõe, que é ser um terror mais sério, pesado, e com aquele “quê” de desesperança que os realizadores japoneses sabem criar tão bem. Até o momento não há uma segunda temporada confirmada.
Onde assistir: Netflix
Chapelwaite
(Epix, 2021 -)
Baseada no conto Jerusalem’s Lot de Stephen King, que por sua vez é uma espécie de prequel do livro Salem, Chapelwaite conta a história de Charles Boone (Adrien Brody), um capitão de navio que, após a morte da esposa, retorna com os filhos para a pequena cidade de Preacher’s Corners, a fim de assumir a herança deixada por seu último parente vivo, um primo chamado Stephen, que lhe legou um casarão chamado Chapelwaite e uma serraria à beira da falência. Além do desgosto de retornar a um lugar que não lhe traz boas lembranças, Charles ainda tem que lidar com a hostilidade dos habitantes do lugar, que culpam sua família por uma espécie de epidemia – que eles veem como maldição – que está se alastrando pelo local. Como o conto original não daria material para sustentar 10 episódios de quase uma hora, os criadores e showrunners Jason e Peter Filardi aprofundam as relações entre os personagens e dão um backstory maior para o protagonista. Isso faz com que a série pareça um pouco lenta de início, porém, o domínio do suspense é ótimo e Adrien Brody tem carisma e talento suficientes para manter o interesse do espectador. O final amarra bem a trama, mas deixa aberta a possibilidade de se continuar a história em uma segunda temporada, já confirmada.
Onde assistir: HBO Max
Profecia do Inferno
(Jiok, Netflix, 2021 -)
Uma das apostas da Netflix no muito popular mundo de séries sul-coreanas, Profecia do Inferno traz um terror típico do audiovisual desse país, que prima pelo imprevisível, pela violência gráfica, por dilemas morais e não teme chegar em consequências extremas (quem já viu ao menos a trilogia da vingança de Park Chan-Wook vai saber do que estou falando). Na história, pessoas aleatórias estão sendo visitadas por uma entidade que diz o dia e a hora de sua morte, afirmando também que elas são pecadoras e irão morrer por isso. No momento marcado, elas são caçadas e mortas de uma forma extremamente violenta por “demônios”, independente de onde estejam e do que façam para fugir. Isso gera uma série de consequências sociais, desde a criação de uma igreja voltada a cumprir os avisos de morte até a formação de grupos de milícia que também caçam “pecadores”. Dividindo o foco entre alguns personagens, como um investigador da polícia (Yang Ik-june), uma advogada (Kim Hyun-joo) e o líder da seita (Yoo Ah-in), a série mantém a tensão, o suspense e o interesse por todos os seus seis episódios, que seguem caminhos inesperados e deixam a expectativa altíssima para a já confirmada segunda temporada.
Onde assistir: Netflix
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Cineasta e roteirista, formado em Letras e graduando em Cinema, respira literatura, filmes e séries desde que se entende por gente. É viciado em sci-fi e terror, e ama Stephen King, Spielberg e Wes Craven. Tem mais livros em casa, e séries e filmes no computador de que seria humanamente possível ler e assistir, mas não vai desistir de tentar. Não consegue lembrar o que comeu ontem, mas sabe decorado os vencedores do Oscar de melhor atriz do últimos trinta anos (entre outras informações culturais inúteis).