Super Mario Bros. – Um filme infantil pensado para os adultos

Não é novidade pra ninguém que desde o começo dos anos 2000, os anos 1980 viraram foco do universo pop/nerd. Os revivals feitos pra agradar o público que foi criança na última década dos millenials começaram a pipocar aos montes ali na virada do século e, bem, essa é uma onda que até agora não passou – e parece que nunca se esgota.

Mesmo quando você pensa que tudo que poderia ser (re)feito usando essa década como referência já foi utilizado e grandes produtoras, como a Disney, resolvem trazer à vida em forma de live actions as animações de sua era de prata (os anos 1990), sempre haverá alguém tentando lembrar ao público como os anos 80 foram ricos, culturalmente falando.

Afinal, foi ali o nascimento (ou a popularização) de muitas das tecnologias que usamos até hoje: telefones celulares, microcomputadores e, é claro, os video games. E esse é o verdadeiro ponto de partida pra nossa conversa.

Mario, o encanador italiano, bigodudo e baixinho, representante da empresa Nintendo é, certamente, o mais popular mascote de uma empresa de games da história dos video games. Seu único concorrente, minimamente à altura, é o Sonic, feito justamente para competir com o encanador. Mas é intrigante como o ouriço azul se tornou personagem recorrente nas mídias, possuindo muitos produtos com sua imagem, como séries animadas e até filmes para o cinema – dois, para ser mais exato: Sonic: O Filme (Sonic The Hedgehog, 2020) e Sonic 2: O Filme (Sonic The Hedgehog 2, 2022).

Enquanto isso, Mario continuava relegado aos jogos de video game, que nunca pararam de ser lançados, admitamos – o último título com seu nome na capa saiu em 2022. A primeira tentativa de trazer os irmãos Mario para os cinemas foi, pra dizer o mínimo, frustrante. Você tem muita sorte se, diferente de mim, não passou pela decepção de assistir ao filme Super Mario Bros. (1993). Mas, esse ano, parece que as coisas definitivamente mudaram.

Super Mario Bros. – O Filme (The Super Mario Bros. Movie, 2023) estreou em abril e deu uma aula sobre como se deve adaptar uma mídia feita a partir de um jogo que sempre foi voltado para o público infantil, mas, que conseguiu encantar através das décadas toda gama de faixa etária. E é exatamente isso que essa animação faz: encanta!

Assim como o jogo, Super Mario Bos. – O Filme, tem uma temática infantil – ou , talvez, infantilidade seja reclamar que essa seja a premissa do roteiro, como eu vi algumas pessoas fazendo internet afora. Ora pois, ele realmente se pretende para o público jovem, bem jovem, assim como eram, e ainda são, seus jogos eletrônicos. Mas, apesar de ser isso, ele não é, nem de longe, apenas isso.

O filme dos irmãos Mario tem uma gama gigante de personagens carismáticos (atenção especial para a estrelinha azul que aparece no trailer), cenas de ação incrivelmente bem pensadas, um humor afiadíssimo e um apelo estonteante e extremamente eficaz pela nostalgia. Com certeza um filme que você vai querer ver mais de uma vez e, em cada vez que assistir, vai perceber um personagem, um cenário, ou mesmo um objeto de cenário, que não havia percebido na vez anterior.

Isso sem falar nos efeitos especiais que fazem um carinho enorme nas nossas retinas. A propósito, eu assisti à versão em 2D, mas aposto com muita confiança que a versão em 3D vale demais a pena, porque os quadros que saltam pra fora da tela, ou que flutuam “à parte” do resto do enquadramento, são tão nítidos, que quase nem precisamos da tecnologia pra perceber que aquilo “está em 3D”.

Eu já falei a rilha sonora? A última cena de ação do filme, quando os irmãos chegam ao máximo de seu poder, vai fazer seus olhos marearem! Eu voltei a ser o Gambit de 12 anos, quando jogou Mario Kart pela primeira vez, no Super Nintendo ligado na TV de tubo, como se vivesse tudo novamente, mas, como se fosse a primeira vez.

Super Mario Bros. pode até ser um filme que agrada, e muito, as novas gerações. Mas se você, assim como eu, viveu a era de ouro dos consoles de 8 e 16 bits, esse filme vai falar diretamente com seu coração – gente, até Mario Paint é referenciado! Outra coisa, não vá embora até as luzes acenderem: são 2 cenas pós créditos, curtinhas, mas apaixonantes do mesmo jeito.

Por fim, não espere nada mirabolante do roteiro. Mas esteja pronto pra saltar da cadeira quando descobrir que a Princesa Peach não é princesa à toa e que, dentro dos moldes mais progressistas, ela pode ser tudo, menos uma “donzela em perigo” (e ela tem bastante destaque), ou enquanto assiste a luta emocionante entre Mario e Donkey Kong e, principalmente, quando estiver vendo a fuga alucinante pela estrada feita de arco-íris (a Rainbow Road). Sério, é de arrepiar o coração!

O ingresso vale muito e você pode levar a família inteira. Outra coisa: nota 10 para as vozes brasileiras! Não senti nenhuma falta de ver com as vozes originais. E pra não dizer que não reclamei de nada, tenho uma única tristeza: senti falta do fantasminha cínico, que faz cara de santo quando você olha pra ele, mas que te ataca feito um cachorro raivoso quando você dá as costas, único personagem cuja presença me fez falta em meio a vastidão de referências. Talvez num próximo filme, né? Quem sabe…


VEJA TAMBÉM

Sonic 2 – O inimigo ainda é o mesmo… mas tem outro também

Pokémon: Detetive Pikachu – A curiosidade não matou o rato