Sonic 2 – O inimigo ainda é o mesmo… mas tem outro também

Já era esperado que o simples e divertido Sonic: O Filme (Sonic the Hedgehog, 2020) tivesse uma continuação, até porque tivemos uma cena pós-créditos que deixou os fãs de uma das maiores franquias de videogames da história no mínimo com aquela ansiedade nostálgica. Bom, eu, mesmo não me considerando exatamente um fã, fiquei animado, já que alguns dos jogos do ouriço azul passaram pela minha infância em algum momento, e desde aquela época já achava a raposinha de duas caudas Tails a coisa mais fofa do mundo. O fato é que o primeiro filme teve uma recepção mediana, mesmo após as polêmicas envolvendo o design do protagonista durante a pré-produção, e ainda que não tenha exatamente agradado o público hoje velho adulto que jogava os joguinhos, ganhou a simpatia de toda uma nova geração que, ou chegou a jogar os jogos mais recentes do personagem, ou simplesmente amou a ideia de um ouriço azul extraterrestre que tem super velocidade e faz amizade com um policial rodoviário de uma pequena cidade.

Novamente dirigido por Jeff Fowler, Sonic 2: O Filme (Sonic the Hedgehog 2, 2022) parece não admitir qualquer erro de seu predecessor, apostando em uma narrativa que é exatamente um prolongamento do primeiro filme, sem qualquer inovação a não ser a introdução de um novo sidekick para Sonic, Tails, e um novo “vilão”, Knuckles, como se o diretor e os roteiristas Pat Casey, Josh Miller (os mesmos do primeiro) e John Wittington não quisessem mexer em time que está… bom, que não está perdendo. O que não deixa de ser uma boa aposta, afinal de contas. Sonic agora tenta se aventurar como um novo “super-herói”, escapando da nova casa junto ao casal Tom (James Marsden) e Maddie (Tika Sumpter) para impedir roubos de banco e perseguir bandidos em Seattle, deixando com isso um rastro de confusão e quase-mortes. Desta forma, algo que já havia me causado incômodo no filme anterior volta a assombrar a sequência com ainda mais força: o jovem ouriço acaba se tornando como um filho adotivo para o casal, tendo que levar bronca vez ou outra e aprontando quando Tom e Maddie não estão em casa. Não consigo entender a escolha de fazer da amizade do protagonista um adulto chato ao invés de uma criança ou adolescente que o esconderia e aprenderia junto com ele. Talvez não cair num clichê? Não sei. Mas que essa relação paternal é um tanto quanto estranha, isso eu acho.

Mas é claro que a verdadeira atração do filme anterior retornaria ainda mais hilário e caricato. Com sua expressividade super exagerada, o olhar de completo insano e as tiradas sagazes, o Dr. “Egg” Robotnik de Jim Carrey rouba novamente a cena e mesmo com os novos personagens tentando uma ou outra ação mais chamativa no filme, é impossível não rirmos só com a mera presença de Carrey em cena, nem que seja comendo pipoca enquanto Sonic e Knuckles se digladiam. Entretanto preciso ressaltar uma personagem que aparece no primeiro filme como uma mera piada, que neste segundo retorna como um alívio cômico mais estabelecido e até com alguma ação na trama: se trata de Rachel (a engraçadíssima Natasha Rothwell), irmã de Maddie, que protagoniza alguns dos momentos mais hilários do filme (um filme que tem ninguém menos que Jim Carrey dando o gás). Porém é nesse mesmo plot do casamento de Rachel que os maiores impropérios do longa acontecem, revelando uma preguiça dos roteiristas em pensar em saídas melhores para suas conclusões.

Em sua segunda aventura na terra do cinema Sonic continua bobinho e inocente, o que pode ser um bom caminho e funcionar se for com cautela, pois simplicidade, por mais que possa parecer, não deve ser sinônimo de má qualidade e caminhos fáceis. Ainda que já consiga aceitar melhor os efeitos especiais meia-boca, quase como se fossem uma estética proposital desde o primeiro, ou que não mexa de maneira nenhuma com minha expectativa, assim como o primeiro, Sonic 2 diverte bastante e não se propõe a nada mais que isso. E tá tudo bem.


VEJA TAMBÉM

Sonic: O Filme – Simples e divertido

Pokémon: Detetive Pikachu – A curiosidade não matou o rato